José de Souza Oliveira Filho (Macaparana, PE 1952). Pintor, desenhista e escultor. Autodidata, inicia sua carreira como pintor figurativo.
Em 1972, muda-se para o Rio de Janeiro e em 1973 para São Paulo, onde se instala definitivamente. Durante cerca de 10 anos expõe nas duas cidades trabalhos que tematizam o ex-voto, uma abreviação latina de ex-voto suscepto (“o voto realizado”).
O termo designa pinturas, estatuetas e variados objetos doados às divindades como forma de agradecimento por um pedido atendido. Trata-se de uma manifestação artístico-religiosa que se liga diretamente à arte religiosa e à arte popular, despertando o interesse de historiadores da arte e da cultura, de arqueólogos e antropólogos.
Em 1983, o contato com Willys de Castro (1926-1988), expoente do neoconcretismo e decisivo para a mudança de seu trabalho.
Participa da 21ª Bienal Internacional de São Paulo em 1991. Suas exposições, individuais e coletivas, já estiveram em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Brasília, México, Japão, Nova York e Londres. Em 2009 realiza exposição individual de esculturas, pinturas e desenhos na Galeria Cayon, em Madri, e participa da coletiva Materia Gris, na mesma galeria.
No início de sua trajetória artística, nos anos 1970, Macaparana realiza pinturas voltadas para a aridez de sua região natal – o sertão pernambucano.
Posteriormente, ganha força em sua pintura o tema do ex-voto. Este objeto de devoção, porém, não é tomado como metáfora da religiosidade nordestina, nem mesmo como manifestação do comportamento arcaico brasileiro, como aponta o crítico Olívio Tavares de Araújo, mas sim como um volume de madeira cujas texturas encantam o artista.
Gradativamente, o tema do ex-voto é abandonado e Macaparana passa a reproduzir na tela somente as texturas da madeira, num processo crescente de geometrização. Ao mesmo tempo, surge seu interesse em construir volumes usando sobras desse material.
Em relação a essas obras, o crítico Frederico Morais avalia que o artista logra retirar da pobreza do material toda sua força poética e construtiva, trabalhando com tapumes, restos de construção e móveis deteriorados. Ao juntar esses fragmentos ou lascas de madeira em uma nova ordem, ele mantém as cores e texturas originais, o que sobra de velhas camadas de tinta, as irregularidades e estragos, como se quisesse captar uma dimensão temporal nesses resíduos de uma arqueologia urbana.
O encontro com a obra de Willys de Castro (1926-1988) representa uma inflexão na obra do artista pernambucano. Inicia-se assim uma nova fase em sua carreira, de franco diálogo com o neoconcretismo, na qual predominam os segmentos de retas e as formas mais elementares, tais como, o triângulo, o retângulo e o quadrado. Mantendo-se no campo da geometria, Macaparana amplia o leque de materiais utilizados ao trabalhar com poliestireno, acrílico e aço, a partir dos anos 2000.
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Como o trabalho de um artista é influenciado ou mesmo inspirado por seus pares mais próximos, com quem mantém relações profissionais e de amizade? Foi este questionamento que motivou Afinidades, exposição individual do artista Macaparana, em cartaz entre 15 de dezembro e 17 de fevereiro, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro.
Com curadoria de Franck-James Marlot, a mostra, que passou pelo Museu Lasar Segall em junho deste ano, reúne trabalhos do pernambucano reconhecido por uma obra que une o rigor geométrico e a informalidade da abstração, e apresenta ainda um recorte de sua coleção pessoal.
“A exposição propõe uma quebra na carreira do artista: um momento particular quando somos convidados a questionar certas transmissões. Não só o que um artista transmite a outro artista, mas também o que o artista transmite ao mundo”, pontua Marlot.
O público poderá conferir uma seleção de 15 obras inéditas de Macaparana. São pinturas, desenhos, colagens e recortes sobre cartão que, combinados uns aos outros, formam um conjunto coeso e uniforme, ao mesmo tempo que diverso. Reflexo de influências várias.
O artista apresenta ainda preciosidades de seu acervo particular, onde figuram trabalhos de nomes como Josef Albers, Jean Arp, Max Bill, Hércules Barsotti e Willys de Castro, além de cerâmicas pré-colombianas.
Ao reunir esse conjunto, a exposição propõe ao observador um convite para a reflexão sobre a noção de transferência artística e também para a criação de narrativas a partir das semelhanças – ou não – entre os trabalhos do pernambucano com os daqueles que o cercaram e, naturalmente, o inspiraram.
“Não se trata exatamente de uma homenagem calculada, racional. Esses trabalhos não surgiram como releituras de obras que tenho em casa, presentes de artistas com quem convivi”, afirma Macaparana. “Quando você vive todos os dias tão próximo a uma obra de arte que ama tanto, é quase inevitável que ela apareça em sua própria produção. Influência e afinidades sempre foram uma coisa natural e bela entre artistas”, completa.
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