Nascida em 1º de setembro de 1886, em Capivari, interior de São Paulo, Tarsila do Amaral foi filha de José Estanislau do Amaral Filho e de Lídia Dias de Aguiar. Seu pai herdou a fortuna e diversas fazendas, onde Tarsila e seus sete irmãos passaram a infância.
Desde criança, fazia uso de produtos importados franceses. Sua primeira mestra, a belga Marie van Varemberg d’Egmont, ensinou-lhe a ler, escrever, bordar e falar francês.
Sua mãe passava horas ao piano e contando histórias dos romances que lia às crianças. Seu pai recitava versos em francês, retirados dos numerosos volumes de sua biblioteca.
Tarsila do Amaral estudou em São Paulo, em colégio de freiras do bairro de Santana e no Colégio Sion. Completou os estudos em Barcelona, na Espanha, no Colégio Sacré-Coeur.
Tarsila estudou escultura com William Zadig (1884-1952) e com Mantovani, em 1916, em São Paulo. No ano seguinte teve aulas de pintura e desenho com Pedro Alexandrino (1856-1942), onde conhece Anita Malfatti (1889-1964). Ambas tiveram aulas com o pintor Georg Elpons (1865-1939).
Em 1920 viajou para Paris e estudou na Académie Julian e com Émile Renard (1850-1930). Em 1923, novamente em Paris, frequentou o ateliê de André Lhote (1885-1962), Albert Gleizes (1881-1953) e Fernand Léger (1881-1955).
Entrou em contato como o poeta Blaise Cendrars (1887-1961), que a apresentou a Constantin Brancusi (1876-1957), Vollard, Jean Cocteau (1889-1963), Erik Satie, entre outros.
No ano seguinte, já no Brasil, com Oswald de Andrade, Olívia Guedes Penteado, Mário de Andrade e outros, acompanhou o poeta Blaise Cendrars em viagem às cidades históricas de Minas Gerais. Realizou uma série de trabalhos baseados em esboços feitos durante a viagem.
Nesse período, iniciou a chamada fase pau-brasil, em que mergulha na temática nacional. Em 1925 ilustrou livro de poemas Pau-Brasil, de Oswald de Andrade, publicado em Paris.
Em 1928, pintou Abaporu, tela que inspirou o movimento antropofágico, desencadeado por Oswald de Andrade e Raul Bopp (1898-1984).
Foi pintada em óleo sobre tela, em janeiro de 1928, como presente de aniversário ao escritor Oswald de Andrade, seu marido na época. O nome da obra foi conferido por ele e pelo poeta Raul Bopp, que indagou a Oswald ao ver o quadro: “Vamos fazer um movimento em torno desse quadro?
Os dois escritores escolheram um nome para a obra, que veio a ser Abaporu, que vem dos termos em tupi aba (homem), pora (gente) e ú (comer), significando “homem que come gente”
Também é uma referência para a criação da Antropofagia modernista brasileira, ou Movimento Antropofágico, que se propunha a deglutir a cultura estrangeira e adaptá-la ao Brasil.
É um quadro que tem a digital da pintora e reúne traços comuns que já haviam sido testados em A negra e Abaporu. Há quem considere o quadro de fato uma fusão das duas pinturas. Chama a atenção as formas inchadas e com perspectivas alteradas utilizadas, assim como a predominância do verde explorado em plantas tipicamente brasileiras, ao fundo da paisagem.
Em 1929, a artista expôs 35 quadros no Palace Hotel, no Rio de Janeiro. Foi a primeira exposição de Tarsila do Amaral no Brasil. Em 1933, após viagem à União Soviética, iniciou uma fase voltada para temas sociais, com as obras Operários e 2ª Classe.
É um quadro que representa o imenso número e a variedade racial das pessoas vindas de todas as partes do Brasil para trabalhar nas fábricas, que começavam a surgir no país, principalmente nas metrópoles, como em São Paulo na década de 1930, impulsionando o capitalismo e a imigração.
Na sua composição Segunda Classe, a artista mostra o êxodo rural que se segue, quando as famílias deixam o interior em busca de emprego na cidade grande. Elas vêm de várias regiões do interior do país, trazendo o sonho de emprego, mas também a tristeza dos parentes e amigos deixados para trás, e a incerteza de que possam vir a ter uma vida melhor.
Em 1936 colaborou como cronista de arte no Diário de São Paulo. A convite da Comissão do IV Centenário de São Paulo fez, em 1954, o painel Procissão do Santíssimo e, em 1956, entrega O Batizado de Macunaíma, sobre a obra de Mário de Andrade, para a Livraria Martins Editora.
Em 1922, Tarsila do Amaral juntou-se a Anita Malfatti, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade e Mário de Andrade, formando o “Grupo dos Cinco”, que lançou a Semana de Arte Moderna.
O grupo era descrito por Tarsila como “Bando de doidos em disparada por toda parte no Cadillac verde de Oswald”. Ainda, segundo ela, o principal motivo da compra de um Cadillac por Oswald foi a presença de um cinzeiro dentro do carro, item raro em outros modelos.
Tarsila, não participou da semana de arte moderna, pois nesta data ela estava em Paris.
Antes do grupo dos cinco, Mário de Andrade, Menotti, Oswald a Anita faziam parte da revista Klaxon. A revista tinha o propósito de divulgar as ideias modernistas.
O principal propósito da revista foi servir de divulgação para o movimento modernista, e nela colaboraram nomes como Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Sérgio Buarque de Holanda, Tarsila do Amaral e Graça Aranha, entre outros artistas e escritores.
A primeira exposição individual de Tarsila do Amaral aconteceu em 1926, em Paris. A artista exibiu 17 telas na galeria Percier, a maior parte delas da sua fase “pau-brasil”, inspiradas por uma viagem feita ao interior de Minas Gerais.
O casaco vermelho de gola alta, que Tarsila veste na pintura, foi desenhado pelo estilista Jean Patou e usado no jantar, em homenagem à Santos Drummond, oferecido pelo embaixador brasileiro em Paris, em 1923. Atualmente a tela encontra-se no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
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