Arte no Mundo

A Obra de Jeff Koons ofende a comunidade artística de Paris

Por Paulo Varella - janeiro 27, 2018
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No começo desta semana, duas dúzias de profissionais do mundo artístico francês assinaram uma carta aberta pedindo que Paris rejeite o “Bouquet of Tulips” de Jeff Koons, uma escultura monumental planejada como memorial aos ataques terroristas de 2015 no Bataclan em Paris.

Jeff Koons foi fortemente criticado por seus planos para instalar o trabalho em frente ao Palais de Tokyo, do outro lado da cidade com relação ao Bataclan.

Segundo estes profissionais, “a produção atual de Jeff Koons está mais próxima do entretenimento e da especulação do que para o que a maioria dos franceses chamaria de arte”, escreveu Stéphane Corréard, diretor do salão Galeristes. “Instalar uma escultura assim em frente ao museu [Palais de Tokyo] não faria sentido. Seria como colocar uma estátua do Ronald McDonald em frente a um restaurante gastronômico!”

“Quando acontecem tiroteios horríveis como o que houve no Bataclan, o costume é colocar flores no chão, humildemente, em um gesto de tristeza e respeito. Neste caso, é uma contrução triunfante sem sentido, numa estética da Disneylândia”, escreveu a artista Tania Mouraud. “Eu acho que o melhor lugar para isso seria na frente do Trump Tower em Nova York”.

Koons disse que ele criou especificamente este trabalho “como um símbolo de lembrança, otimismo e cura, como uma forma de superar os terríveis acontecimentos ocorridos em Paris”. O buquê de tulipas “faz referência à mão da estátua da liberdade que segura a tocha. Eu queria fazer um gesto de amizade entre os povos dos Estados Unidos e da França.” Koons não quis comentar além disto.

Alguns observadores acham o estilo kitsch do trabalho um desrespeito, enquanto outros discutem o plano de Koons de colocar o trabalho em frente ao Palácio de Tóquio. Ele também está chamando o trabalho de “presente”, mas custará aos contribuintes franceses 3,5 milhões de euros (R$ 14 milhões).

“Eu hesitei em assinar a petição, porque não gostava da ideia de petição contra um projeto e ainda menos contra um artista. Mas se eu finalmente assinei, não foi contra Koons como artista “, disse Nicolas Bourriaud, diretor de Montpellier Contemporain. “É porque, nesses tempos de privatização da esfera pública, penso que a arte pública deve ser a emanação da ação coletiva e não imposta por qualquer entidade privada”.

Outros gostam da ideia de se criar um memorial, mas acham que existem alternativas melhores. “A melhor peça seria uma peça de Richard Serra, chamada Clara Clara, que pertence à França e está armazenada há 10 anos”, disse o artista Christian Boltanski.

Richard Serra’s Clara Clara (1983),instalado em Tuileries, Place de la Concorde, Paris. Creative Commons

O público também pode ter suas próprias idéias, diz Alexandre Gady, presidente de uma sociedade francesa de proteção patrimonial. “Os espaços públicos não são lugares privados para o Sr. X ou a Sra. Y”. “Os parisienses devem ser consultados pelo menos”. Gady preferiria que o monumento fosse erguido no local dos ataques.

“Eu acho que deveria ter sido feita uma competição para artistas que queriam propor algo e então ter um júri com curadores e famílias de vítimas que decidiriam qual peça que representa o melhor memorial para eles”, concordou a proprietária de galeria Gabrielle Maubrie. “Nos próximos anos, as pessoas nunca saberão que é um memorial para as vítimas do Bataclan”.

Jeff Koons, Bouquet of Tulips (2016). © Jeff Koons. Courtesia da Noirmontartproduction.

“Eu penso que seria importante consultar as famílias das vítimas. Eles querem um memorial? Que tipo e onde deve ser instalado?”, Disse Corréard sobre uma possível obra de arte substituta. “A probabilidade de as pessoas relacionem com o atentado um buquê gigante de tulipas flexíveis infláveis em uma mão mórbida hiperrealista na frente de dois museus do outro lado da cidade é perto de zero”.

Como a escultura já está em construção e parcialmente paga, Corréard prefere encontrar um lugar alternativo para o trabalho. Um lugar que não se aproprie do prestígio das principais instituições culturais apenas para satisfazer a vontade do artista ou dos patrocinadores.”

O designer industrial Matali Crasset se perguntou: “Qual seria a sua reação se um artista francês homenageando as vítimas dos ataques de 11 de setembro oferecesse a idéia de uma obra de arte cujo custo deve ser financiado por deduções fiscais e que será colocado em frente ao Museu Whitney ou o New Museum? “

fonte: artnet

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Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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