Anselm Kiefer, 1945, Donaueschingen, Alemanha.
Pintor e escultor, durante os anos 70, estudou com Joseph Beuys. Seus trabalhos utilizam materiais como palha, cinza, argila, chumbo e selador para madeira. Os poemas de Paul Celan tiveram muito importância no desenvolvimento de temas para os trabalhos de Kiefer sobre a história alemã e o horror do Holocausto, assim como os conceitos teológicos da cabala.
Temas relacionados ao nazismo são particularmente vistos em seu trabalho; por exemplo, a obra “Margarethe” (óleo e palha sobre tela) foi inspirada pelo famoso poema “Todesfuge” (“Fuga da morte”), de Paul Celan.
Em exposição imersiva numa das galerias mais influentes do mundo, a britânica White Cube, o artista cânone alemão desenha um espaço asfixiante que faz o espectador refletir sobre temas já recorrentes em seus trabalhos como a morte e a guerra. O título faz referência ao lugar da mitologia nórdica que representa o paraíso dos mortos, como também monumento neo-clássico, construído por Ludwig I Rei da Baviera em 1842 para homenagear figuras heróicas da história alemã.
A exposição ocupa todo o prédio da galeria no sul de Londres, que mais parece um museu do que um espaço comercial. Ao entrar no prédio somos alertados a não tocar nas paredes e em nenhum dos trabalhos por conterem materiais tóxicos e representarem um perigo para a saúde do expectador. Kiefer cobriu as paredes com metais pesados com um acabamento escorrido, brilhante e esvaecido como se estivesse ali, apodrecendo, há tempos.
Os trabalhos são todos em grande formato, ocupando as medidas monumentais da galeria como se fosse um museu para gigantes. Tudo te faz sentir pequeno, vulnerável, sem poder. Ao caminhar pelo espaço somos colocados na posição de ratos do subterrâneo que usam qualquer frestas para descobrir novos lugares onde há a possibilidade de sobreviver.
A peça mais inusitada é potente é a cama alada sobreposta por uma rocha. Kiefer brinca com o possível e o impossível com imagens de um inconsciente coberto de dor e luta entre o que a história escreve e o sentimento vivido pelas gerações que sofrem as dores da morte em grande escala.
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