Chegando o final do ano o mundo da arte londrino recebeu três exposições que agitaram a cena e criaram um novo cenário para uma das cidades mais importantes no mundo arte contemporânea.
A primeira individual da artista americana de Chicago Donna Huanca “SKAR CYMBALS” no prédio da Zabludowicz Collection no norte de Londres foi uma grande revelação. A artista criou estruturas onde corpos humanos foram pintados e orquestrados para habitar o espaço da galeria que já foi igreja. Huanca posiciona os corpos em labirintos, vitrines e numa cabine de som que cria uma atmosfera apocalíptica. Não há como distinguir o que é pintura, o que é instalação e o que é performance. As mídias se misturam para fazer os corpos nus perderem seu caráter ordinário e virarem objetos de fixação. Todos os performers se anulam em feições apáticas e pela estrutura de “show biz abandonado”. Na segunda sala da galeria a artista mostra pinturas poderosas que chamam atenção pelos gestos de pigmentos quase puros em cima de fotografias feitas dos performers que ali estão.
Philippe Parreno monta instalação em constante transformação na Turbine Hall. “Anywhen” foi criada em colaboração com um algoritmo químico que dá as cartas para a experiência dos visitantes do museu. É possível vê-los trabalhando numa sala que imita uma espécie de laboratório artístico no fundo do museu, mas até chegar lá a sensação é de estar imerso num cenário que tem vida própria. As luzes do museu parecem responder a uma inteligência que foge à ordem natural de qualquer arquitetura. A instalação de Parreno é de extrema importância por também colocar a tecnologia e a ciência em lugar de debate intenso. Num mundo onde estas já foram absorvidas pelo corpo e se tornam extensões cada vez mais largas é extremamente necessário problematizar o físico/virtual/digital/químico/biológico.
A exposição que mais atraiu o publico londrino no ano de 2016 foi The infinite mix. Uma coletiva de trabalhos em vídeo que se vangloria por colocar a mídia em status de popular. Os visitantes passaram a ver o vídeo e seu conteúdo de forma diferente, a ótima recepção nunca foi vista antes na cena londrina. Filas e filas se faziam para poder experienciar as 10 salas do prédio da Hayward Gallery em Covent Garden. Artistas de peso participaram com trabalhos que questionavam as diferenças raciais, culturais, físicas que nos rodeiam no mundo contemporâneo cosmopolita. Os destaques ficam pelos trabalhos da artista Rachel Rose com “Everything and more (Tudo e mais)” que discute o universo a partir de imagens poéticas do micro mundo biológico, Cameron Jamie com o trabalho “Massage the history” que mostra jovens negros sensualizando com mobiliários e Ugo Rondinone que mostra uma instalação imersiva onde vemos um poeta declamando versos sobre a situação egocêntrica do mundo de hoje.
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