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Reflexões no museu mais triste da capital americana: Holocaust Memorial Museum

Na capital americana, Washington D.C., existe um local que é capaz de levar até mesmo a mais insensível das pessoas às lágrimas e à reflexão. Trata-se do Holocaust Memorial Museum, o museu dedicado à memória de um dos piores eventos da história da humanidade: a perseguição e execução de cerca de 6 milhões de judeus e outras minorias étnicas e religiosas durante a Segunda Guerra Mundial.

Eu pessoalmente, que já rodei um bocado de museus por esse mundo, acho que aqui está a curadoria mais impecável de todas. Cada linha, cada artefato em exibição é feito para chocar, sem medo de parecer apelativo ou ostensivo. Tudo é baseado em fatos, amplamente documentados e para quem se interessa pelo tema, esse é o lugar de referência para qualquer pesquisa, com milhares de documentos, fotos e reportagens à disposição.

Nem as crianças escapam, e no andar principal, somos todos guiados para dentro dos diários de Daniel, uma exibição permanente voltada ao público infantil. A casa do menino “Daniel” e seu cotidiano são recriados cenograficamente e é possível ver a mudança na vida da família a medida que o Nazismo vai ganhando forças na Alemanha. Da infância feliz, com cookies na cozinha e brincadeiras com os pais, a vida de Daniel é levada à tragédia do Holocausto, com a partida de sua família para os guetos e campos de concentração, onde somente ele escapou com vida.

A exibição permanente também é dividia pelos três andares do edifício. Ao chegar o visitante pega o elevador e retira um “passaporte” individual que conta a história de vida de milhares de vítimas do nazismo. O elevador nos conduz ao último andar em que são mostrados filmes, artefatos, documentos jornalísticos e pesquisas sobre a ascensão do nazismo na Alemanha e posteriormente na Europa. A trajetória continua no andar seguinte, que registra o auge da Segunda Guerra e a chamada “Solução Final” desenhada pelos nazistas, que consistia na transferência para os guetos e para os campos de concentração e morte.

Uma gigantesca maquete reproduz a condução e execução dos prisioneiros nas câmaras de gás do campo de Auschwitz. São poucos os visitantes que conseguem segurar as lágrimas…

A saída se dá por um corredor com uma terrível instalação de sapatos empilhados das vítimas encontrados nos campos. Finalmente chegamos ao andar principal, que mostra as consequências da guerra ao redor do mundo e a reconstrução da vida de milhares de judeus que conseguiram emigrar para os EUA.

Quando pensamos que acabou, nos vemos em um centro documental que mostra vídeos e situações atuais nos campos de refugiados sírios e curdos nas bordas da Europa, bem como as populações em guerra na África. Muito triste saber que o tema principal do museu ainda é uma realidade nos dias atuais.

Um museu que usa o passado para alertar-nos em relação ao futuro e também nos faz encarar o lado mais sombrio dos seres humanos: intolerância e racismo.

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Gabriela Albuquerque

Com formação em Letras e Crítica e Curadoria de Artes, Gabriela é daquelas pessoas que caminha pelo mundo prestando atenção em linhas, formas, cores e sons. Atualmente mora na capital dos EUA , Washington DC, de onde irá compartilhar impressões e descobertas dentro desse universo incrível que só a arte proporciona.

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