Arte no Mundo

Intervenção de Banksy traz bote de imigrantes navegando sobre a plateia de Glastonbury, em Londres

Banksy aproveitou a audiência do megafestival pop Glastonbury para fazer um novo protesto contra o tratamento aos imigrantes que arriscam a vida cruzando ilegalmente o canal da Mancha, lançando sobre a plateia um instável bote inflável transportando bonecos que “navegou” conduzido pelas mãos do público.

Na hora do protesto, a banda Idles tocava a canção Danny Nedelko, de 2018 que abre com a letra: “Meu irmão de sangue é um imigrante, um lindo imigrante”.

Intervenção de Banksy traz bote de imigrantes navegando sobre a plateia de Glastonbury, em Londres, durante a apresentação da banda Idles

Seguindo seu estilo, Banksy não falou sobre sua nova obra viva, mas no domingo postou um vídeo no Instagram, sua forma de assumir a autoria de murais, intervenções em mobiliário urbano e performances. Ele tem 12,6 milhões de seguidores na rede social.

A manifestação aconteceu na sexta-feira, menos de uma semana antes das eleições gerais no Reino Unido, em que a imigração é um dos temas mais quentes. O movimento instável do bote inflável com os bonecos vestidos como imigrantes ilegais a bordo lembra a quantidade de pessoas que morrem na travessia entre a França e a Inglaterra, atravessando o canal em pequenos barcos.

Os integrantes da banda disseram que não sabiam da intervenção de Banksy previamente, e muitas pessoas que estavam na plateia disseram acreditar que fazia parte da apresentação. O barco voltou a aparecer no sábado durante o show de Little Simz.

Intervanção de Banksy incomodou o governo

A controvérsia em relação à política imigratória e ao tratamento dado aos imigrantes ilegais tomou conta dos comentários nas redes sociais onde o vídeo apareceu, com usuários favoráveis a uma acolhida humanizada e outros defendendo que eles não sejam aceitos no país.

O novo ato de Banksy veio em má hora para o Partido Conservador. Segundo as pesquisas, o primeiro-ministro Rishi Sunak deverá perder as eleições e entregar o governo aos Trabalhistas depois de 12 anos no comando do país.

O Secretário do Interior, James Cleverly, reclamou no Twitter / X sugerindo que não se deveria brincar com o tema – embora não tenha parecido uma brincadeira, já que Banksy frequentemente usa a arte para se manifestar sobre questões sociais e políticas.

Ele disse:
“As travessias em pequenos barcos são mortais e custaram a vida de muitas pessoas. O público de um festival brincando com migrantes e celebrando as ações dos contrabandistas de pessoas enquanto se divertem é horrível. Quaisquer que sejam suas opiniões políticas, isso não é algo que devamos banalizar.”

Em entrevista à Times Radio, o vice-primeiro-ministro Oliver Dowden também disse que a situação dos migrantes não deveria ser motivo de brincadeira em Glastonbury.

Bansky já protestou em Glastonbury antes

Longe de banalizar, a nova obra de Banksy, que começou a fazer murais em Bristol, mesma cidade da banda Iddle, e nunca revelou sua identidade, chamou ainda mais atenção para um dos principais temas da campanha eleitoral.

Não é a primeira vez que o artista aproveita a visibilidade do Festival de Glastonbury, que este ano teve como principal estrela o Coldplay, para abordar temas polêmicos.

Em 2019, o artista projetou um colete à prova de facadas estampado com a bandeira do Reino Unido usado por Stormzy.

Em 2014, ele assumiu a autoria de uma performance em que uma van de transporte de gado circulou com brinquedos de pelúcia dentro.

Este ano a questão da imigração fez parte da programação oficial de Glastonbury, e por isso a performance de Banksy pode até ter sido combinada com os organizadores.

Os inscritos em um dos palcos, que ganhou o nome de Terminal 1 em alusão ao aeroporto de Heathrow, tinham que responder a uma pergunta do teste de cidadania do governo do Reino Unido para possíveis migrantes, criticado por incluir perguntas que nem os britânicos conseguem responder.

As bandas e os funcionários eram todos imigrantes ou originários de famílias que escolheram o Reino Unido para viver.

Com informações de UOL

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Equipe Editorial

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