As mulheres que atuam no mercado de artes brasileiro enfrenta imensos desafios relacionados aos preconceitos de gênero e raça. Os diversos campos do mercado, como curadoria, pesquisa, colecionismo, crítica e galerista ainda apresentam um volume de profissionais homens muito superior ao das mulheres.
Apesar dos passos lentos, o mercado nacional passou a ser ocupado por um número crescente de mulheres envolvidas em projetos de grande relevância cultural e artística.
A seguir, conheça 15 profissionais que fazem a diferença na arte nacional e suas atuações.
Empresária mineira, atua como pesquisadora e colecionadora, principalmente do barroco brasileiro. Está à frente de projetos museológicos, publicações e programas culturais diversificados, cujo foco é a valorização e o respeito ao patrimônio cultural brasileiro.
Ex-secretária de Estado de Cultura de Minas Gerais, Angela Gutierrez participa de Conselhos de organismos nacionais e internacionais – no Brasil, entre outros, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). É membro do Conselho de Administração do Grupo Empresarial Andrade Gutierrez e integra, ainda, o Conselho da Fundação Dom Cabral.
Luisa Strina está à frente da galeria de arte contemporânea mais antiga de São Paulo, a Galeria Luisa Strina, inaugurada em 1974. Antes de abrir a sua galeria, trabalhou como marchand para seus amigos e artistas Wesley Duke Lee, Fajardo, Baravelli, José Resende e Babinski.
A Galeria Luisa Strina se tornou uma das galerias mais famosas do Brasil não somente pelo seu tempo de existência mas também por seu vasto catálogo de artistas importantíssimos. No mesmo ano de seu lançamento, ela trouxe pela primeira vez ao Brasil obras dos artistas pop americanos James Rosenquist, Roy Lichstenstein, Andy Warhol e Jim Dine.
Trabalhando tanto com artistas nacionais quanto internacionais, a galeria lançou nomes como os de Leonilson, Cildo Meireles, Tunga, Antônio Dias e Edgard de Souza.
Em 1992, a Galeria Luisa Strina foi a primeira galeria latino-americana convidada a participar da famosa Feira de Arte de Basel, e foi esse e os demais expoentes que levaram a galerista Luisa Strina a estar entre as 100 pessoas mais importantes do mundo da arte pela revista britânica Artreview.
Renata Tupinambá, da etnia Tupinambá da costa sudeste do Brasil, é jornalista, roteirista e curadora. Trabalhou em diversos projetos de divulgação de culturas e histórias indígenas com ênfase em áudio, rádio e cinema, e é fundadora da Originárias Produções.
Em novembro de 2022 o MASP anunciou três novos curadores adjuntos de arte indígena do museu, entre eles, Renata Tupinambá. A seleção teve consultoria de um grupo formado por alguns dos principais atuantes da cultura indígena no Brasil. O MASP irá apresentar, em 2023, o programa “Histórias Indígenas”, com programação que traz um olhar voltado às diferentes histórias indígenas ao redor do mundo.
Nara Roesler é a fundadora da Galeria Nara Roesler, aberta em 1989. O espaço fomenta a inovação curatorial, sempre mantendo os mais altos padrões de qualidade em suas produções artísticas. Ela desenvolveu um programa de exposições seleto e rigoroso, em estreita colaboração com seus artistas, além de apoiá-los para além do espaço da galeria, trabalhando em parceria com instituições e curadores em exposições externas.
Sua galeria duplicou o espaço expositivo em São Paulo (2012) e inaugurou novos espaços no Rio (2014), e em Nova York (2015), dando continuidade à missão de proporcionar a melhor plataforma possível para que seus artistas.
Brenda Valansi era veterinária em Nova York e acabou se encantando pela atmosfera de museus, exposições e espaços culturais durante uma viagem a Londres. Na volta ao Brasil, foi estudar na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, mergulhou no curso de História da Arte da PUC e se tornou artista plástica.
A ausência de uma feira de arte numa cidade conhecida como polo cultural e criativo a fez tomar a iniciativa de criar a ArtRio, em 2010. Em 2012, já em seu segundo ano, o evento chegou a reunir 120 galerias, sendo metade delas internacionais.
Atualmente, a ArtRio é um dos maiores eventos de arte da América Latina e estendeu sua versão para São Paulo, a ArtSampa pela primeira vez em 2022, com grande adesão de público.
Diane Lima é curadora independente, crítica e pesquisadora. Mestra em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, seu trabalho consiste em experimentar práticas curatoriais contemporâneas em perspectiva decolonial. Tem experiência em equipes curatoriais de importantes instituições nacionais como SESC, Itaú Cultural e CCSP, além de projetos internacionais.
Em 2022, Daiane Lima foi anunciada como uma das integrantes da equipe curatorial da 35ª Bienal de São Paulo, que apresenta um formato diferente de curadoria, formado por um grupo com estrutura horizontal sem a figura de um curador-chefe.
Com mais de trinta anos dedicados à arte contemporânea brasileira, Silvia Cintra é proprietária da Galeria que leva seu nome. O espaço firmou-se como uma das principais galerias do país e seguramente como uma referência no Rio de Janeiro, representando nomes como Amilcar de Castro, Miguel Rio Branco, Nelson Leirner, Carlito Carvalhosa, Iole de Freitas, Ana Maria Tavares, Daniel Senise, Sebastião Salgado, Cristina Canale, entre outros.
Em 2010, uniu-se com a galeria Box 4, dirigida por sua filha Juliana. Com isso, incorporou ao seu espaço jovens talentos como Cinthia Marcelle, Laercio Redondo, Marcius Galan e Rodrigo Matheus e aumentou ainda mais sua participação em feiras e exposições no exterior.
Fernanda Feitosa lançou a SP-Arte em 2005. Na época a SP-Arte contava com a presença de 40 galerias.
Em 2002, o evento realizou sua 18ª edição e contou com a participação de mais de 130 expositores comemorando o sucesso em vendas. A feira também ganhou extensões, como a SP–Arte Weekend, que movimentou a cidade nos dois finais de semana que antecederam a feira, além da SP-Arte: Rotas Brasileiras, com a participação de 70 expositores.
Atualmente, a SP-Arte é a maior feira de arte da América Latina.
Kássia Borges Karajá, do povo Karajá da região central do Brasil, é artista, pesquisadora, curadora e professora na Universidade Federal de Uberlândia. É doutora pela Universidade Federal do Amazonas.
Em novembro de 2022 Kássia Karajá foi anunciada pelo MASP como nova curadora adjunta de arte indígena do museu, ao lado de Renata Tupinambá. A seleção teve consultoria de um grupo formado por alguns dos principais atuantes da cultura indígena no Brasil. O MASP irá apresentar, em 2023, o programa “Histórias Indígenas”, com programação que traz um olhar voltado às diferentes histórias indígenas ao redor do mundo.
Jaqueline atua no mercado há alguns anos, e começou sua carreira em um escritório de arte secundário.
Em 2011 tornou-se a gestora da Galeria Jaqueline Martins, um espaço de pesquisa, documentação, fomento e exibição da produção artística contemporânea. A diretriz principal da galeria é o estímulo às práticas artísticas caracterizadas pelo conceitualismo, pela ênfase nos processos, e pela postura crítica, muitas vezes subversiva.
A pernambucana Ana Maria Maia atuou por três anos na Pinacoteca de São Paulo até assumir, em 2022, o cargo de curadora-chefe da Pinacoteca, substituindo Valéria Piccoli.
Ana Maria é pesquisadora, curadora e professora de arte contemporânea. Faz doutorado em Teoria e Crítica de Arte na USP. Foi curadora adjunta do 33º Panorama de Arte Brasileira do MAM/SP e curadora do Rumos Artes Visuais do Itaú Cultural (2011-2). Também integrou equipes curatoriais de instituições como Instituto Tomie Ohtake e Bienal de São Paulo.
Após dirigir três importantes galerias, Anita Schwartz inaugurou em 1998 a galeria de arte contemporânea que leva seu nome, na cidade do Rio de Janeiro. Em sua galeria, Anita abre as portas para artistas nacionais e internacionais, incentivando intercâmbios e interseções, promovendo experiências estéticas e intensificando diálogos entre diferentes culturas.
Jornalista especializada em História da Arte, Arquitetura e Gestão de Museus, Elisangela Valadares atua no mercado das artes desde 1998, quando assumiu a direção da Galeria Toulouse, no Rio de Janeiro. Foram 12 anos à frente de todos os projetos, incluindo feiras internacionais.
Em 2010, participou da fundação da maior feira de arte da América Latina até então, a ArtRio. Depois criou seu próprio espaço de curadoria, encontros, performances e exposições. Em 2019, transpôs essa ideia para Portugal, criando a Casa70 Lisboa: espaço que promove a exposição de obras, workshops, laboratórios, visitas guiadas, exibições de filmes e até lançamentos de coleções de moda e de produtos de design.
A galerista Luciana Brito é dona da Luciana Brito Galeria. Formada em artes plásticas pela FAAP, ela já trabalhou no departamento educativo do Museu de Arte Contemporânea da USP e da Fundação Bienal de São Paulo.
Dentre as diversas ações que ela já participou, Luciana foi curadora e coordenadora de exposições, além de produtora de livros de mostras como, Regina Silveira no MASP, Ana Maria Tavares no Museu Brasileiro da Escultura e no Museu de Arte da Pampulha, entre outros.
Em 2022, Grada Kilomba foi anunciada como uma das integrantes da equipe curatorial da 35ª Bienal de São Paulo, que apresenta um formato diferente de curadoria, formado por um grupo com estrutura horizontal sem a figura de um curador-chefe.
Nascida em Lisboa, a escritora, psicóloga, teórica e artista Grada Kilomba ficou conhecida mundialmente com “Plantation Memories”, uma coleção de experiências cotidianas de racismo, em forma de contos psicanalíticos.
Grada, que vive em Berlim, aborda em seu trabalho a relação entre colonialismo, racismo e a presença dessas questões na sociedade contemporânea.
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