Arte

A ciência por trás da arte: por que a arte brinca com nossas emoções?

Por Paulo Varella - agosto 30, 2024
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Este artigo explora como diferentes áreas do cérebro são ativadas quando apreciamos a arte, destacando a relação entre as experiências sensoriais e emocionais. Ele oferece uma visão sobre a neurociência envolvida na apreciação estética.

Tenho certeza de que não sou o único a concordar que as maiores obras de arte são aquelas que evocam emoção.

Seja rindo de uma peça, me arrepiando com uma música ou ficando arrepiado olhando uma obra de arte, comecei a me perguntar por que essas imagens, atores e melodias deixam um impacto emocional tão grande em nossos cérebros.

Com um pouco de pesquisa, descobri que entender nossas emoções tem sido um fator-chave para a sobrevivência. Por exemplo, se nos sentimos ameaçados, fugimos para escapar do perigo, enquanto uma barriga cheia e abrigo nos garantem que estamos seguros e felizes.

A ciência cognitiva propõe que a arte move o espectador ao evocar pistas emocionais que nós, como humanos, aprendemos a entender ao longo do milênio. A arte explora e explica nossos sentimentos.

Estudos mostram até mesmo que, ao usar uma ressonância magnética, a região do cérebro que experimenta emoções é ativada ao mostrar uma obra de arte agradável. Até mesmo pinturas abstratas com o uso de cores, simbolismo e pinceladas são distinguíveis o suficiente para nos fazer sentir algo.

Teoria da emoção na arte: o poder afetivo da expressão artística

A arte como a linguagem das emoções

No cerne da Teoria da Emoção está a ideia de que a arte é fundamentalmente um meio de comunicação, mas em vez de transmitir fatos ou informações, ela comunica sentimentos. O artista incorpora suas experiências emocionais em suas criações, que são então “decodificadas” pelo espectador por meio de suas próprias respostas emocionais. Esse processo pode forjar uma conexão profunda e invisível entre o criador e o público, muitas vezes transcendendo palavras e interações diretas.

As raízes históricas da Teoria da Emoção

A noção de que a arte está intimamente ligada à emoção não é nova. Filósofos como Benedetto Croce e R.G. Collingwood deram ênfase significativa a essa relação.

Croce acreditava que a arte é a expressão intuitiva das emoções humanas, enquanto Collingwood via a arte como a expressão externa da vida emocional do artista. Seus pensamentos estabeleceram as bases para entender por que a arte pode ter um impacto tão profundo em nós, emocionalmente falando.

Entendendo a perspectiva do artista

Do ponto de vista do artista, criar arte é frequentemente uma experiência catártica. É uma maneira de processar e externalizar seus estados emocionais internos.

Quando um artista sente alegria, tristeza, raiva ou amor, essas emoções podem ser canalizadas para seu trabalho — por meio de pinceladas, melodias ou ritmo de palavras. Como público, podemos não saber as circunstâncias específicas que deram origem a essas emoções, mas podemos sentir sua intensidade e sinceridade na peça finalizada.

Expressionismo e além

O movimento expressionista na arte ilustra vividamente a Teoria da Emoção. Os artistas expressionistas buscavam retratar não a realidade do mundo externo, mas sim as emoções e respostas subjetivas que objetos e eventos evocam dentro de uma pessoa.

No entanto, a expressão emocional na arte não se limita a nenhum movimento único — é um fio que percorre todas as formas de esforço artístico, da música clássica às instalações contemporâneas.

A jornada emocional do público

Como espectadores ou ouvintes, trazemos nossas próprias histórias emocionais para nossos encontros com a arte. Esse contexto pessoal pode moldar nossas interpretações e reações emocionais. Uma música pode lembrá-lo de um ente querido, ou uma pintura pode evocar uma sensação de nostalgia por um lugar onde você nunca esteve. Essas conexões pessoais são o que tornam a arte tão universalmente poderosa, mas individualmente única em seu impacto.

Contágio emocional na arte

Um aspecto fascinante da Teoria da Emoção é o conceito de contágio emocional — pelo qual as emoções transmitidas por uma obra de arte podem “infectar” o espectador.

Esse fenômeno pode ocorrer mesmo quando a emoção expressa não está diretamente relacionada à experiência pessoal do espectador. É um testamento à linguagem universal das emoções que a arte fala tão efetivamente.

Arte, emoção e empatia

O envolvimento com a arte também pode promover a empatia. Ao mergulhar no mundo emocional de outro — seja o artista ou um personagem de uma história — expandimos nossa própria capacidade de compreensão e compaixão. A arte nos encoraja a nos colocar no lugar dos outros e ver o mundo de perspectivas diferentes das nossas.

O potencial terapêutico da arte

Dada sua potência emocional, a arte pode ser usada terapeuticamente. A arteterapia é um campo que aproveita os aspectos expressivos e emotivos da criação artística para ajudar os indivíduos a explorar e administrar seus sentimentos. É uma prova do poder da arte não apenas para refletir emoções, mas também para ajudar a curá-las.

Desafios à Teoria da Emoção

Embora a Teoria da Emoção ofereça uma lente convincente para ver a arte, ela não está isenta de críticas. Alguns argumentam que reduzir a arte à mera expressão emocional simplifica demais a rica complexidade da criação e experiência artística. Outros apontam que a arte também pode servir a funções intelectuais, morais ou sociais que não são primariamente emocionais por natureza.

Uma compreensão multifacetada da arte

De fato, a arte é multifacetada e pode ser apreciada em muitos níveis — emocional, intelectual, estético e muito mais. É importante reconhecer que, embora a emoção possa ser um aspecto central de muitas experiências artísticas, ela não é o único propósito ou função de toda a arte.

Conclusão

A Teoria da Emoção da arte ressalta a ideia de que a arte é um esforço profundamente humano, intrinsecamente ligado às nossas vidas emocionais. Seja como criador ou espectador, nosso envolvimento com a arte é frequentemente uma dança de sentimentos — uma interação complexa entre as emoções incorporadas na obra e aquelas que ela evoca em nós.

fonte: https://philosophy.institute/

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Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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