Frida Kahlo nasceu em 1907, no dia 6 de julho na casa de seus pais. Sua vida foi marcada por tragédias e transformada em arte de uma maneira extraordinária. Logo no início de sua jornada, aos 6 anos, contraiu poliomelite, o que a deixou com uma lesão no pé direito. Devido à isso, passou a usar calças compridas e saias cada vez mais exóticas, sua marca registrada.
No ano de 1922, Frida começou a frequentar aulas de desenho e modelagem, na qual permanece por 3 anos. Com 18 anos, ela aprendeu uma técnica de gravura com Fernando Fernandes.
A pintura, ao contrário de muitos artistas, não fez parte de sua vida desde cedo, o interesse veio de forma mais tardia, mesmo tendo em casa uma presença muito forte, já que o pai adorava pintar.
Ainda com 18 anos (1925), Frida passou por um dos momentos mais difíceis de sua existência. O bonde no qual viajava chocou-se com um trem, e o pára-choque de um dos veículos perfurou-lhe as costas e saiu por sua vagina.
Por isso, ela sofreu uma grave hemorragia e acabou muitos meses no hospital entre a vida e a morte, precisou de várias operações cirúrgicas para reconstruir o corpo perfurado.
Tal acidente a fez usar muitos coletes ortopédicos, e foi nesse momento trágico que ela encontrou uma saída na arte. Ainda imobilizada na cama, começou a pintar com a caixa de tintas de seu pai, e um cavalete adaptado à cama. Pintou algumas de suas mais famosas obras, como “A coluna partida”.
Esta é uma das obras mais emocionantes da artista. Um auto retrato da época em que estava se recuperando do acidente com o bonde. No auto-retrato, Frida está com a cabeça erguida em sinal de determinação e coragem diante do sofrimento da tragédia. Sua expressão facial é de melancolia, e dos olhos caem lágrimas.
O corpo coberto por espinhos simboliza o martírio comparado ao de São Sebastião. Seu corpo está rasgado ao meio, suportado por uma coluna jônica, e também ela está partida em vários sítios, simbolizando sua coluna fraturada. o capitel da coluna eleva seu queixo, revelando um rosto capaz de suportar toda sua dor física.
O colete de aço aperta seu peito e sua coluna, estendendo-se até a longa saia branca, sinal de que ela acredita na própria recuperação. A paisagem do deserto ao fundo significa o prolongamento de seu sofrimento.
Em 1928, três anos após o acidente, Frida estava prestes a mudar o capítulo de sua vida, quando entrou para o Partido Comunista Mexicano. Lá, conheceu o Muralista Diego Rivera, com quem se casaria um ano mais tarde.
O casamento fora cheio de altos e baixos, tanto Kahlo quanto Rivera possuíam muitas amantes. Frida Kahlo era bissexual e Diego só aceitava as amantes femininas dela. Já ele, vivia com muitas mulheres, o que trouxe muita dor para Frida, que o amava profundamente.
Certa vez, Frida encontrou sua irmã mais nova na cama com seu marido Diego Rivera, e descobriu que eles tinham um caso a muitos anos, além de 6 filhos. Enfurecida, separou-se de Diego e nunca mais perdoou a irmã.
Cortou seus cabelos longos na frente do espelho e teve alguns relacionamentos com outros homens e mulheres, mas volta para o ex marido tempos depois.
Os dois acabaram tendo um segundo casamento mais tumultuado que o primeiro, decidiram morar em casas separadas, lado a lado, ligadas por uma ponte. Ambos continuaram seus casos extra-conjugais, e Frida passou a viver uma vida triste, entre brigas com amantes de Rivera, tentativas de suicídio e impossibilidade de dar um filho ao marido.
Frida engravidou muitas vezes, mas ocorria aborto espontâneo devido ao acidente que ela viveu na adolescência, que deixou sequelas para o resto de sua vida. Apesar da trajetória de doenças e acidente, Frida declarou uma vez que a traição de Diego foi a pior de todas as dores que lhe aconteceram.
Em 13 de julho de 1964, a artista foi encontrada morta. Seu atestado de óbito constatou embolia pulmonar, devido a uma forte pneumonia, mas a possibilidade de overdose de remédios também não fora descartada, sendo acidental ou não.
A hipótese de suicídio é sustentada pela última frase que escreveu em seu diário: “Espero que minha partida seja feliz, e espero nunca mais regressar”. Também há quem diga que ela poderia ter sido envenenada por alguma amante de seu marido.
Essa árvore genealógica dos sonhos foi pintada em zinco, e não em tela, uma escolha que destaca ainda mais o fascínio do artista e a coleção de retábulos mexicanos dos séculos XVIII e XIX. Kahlo concluiu este trabalho para acentuar sua herança judaica européia e sua origem mexicana.
Seu lado paterno, judeu alemão, ocupa o lado direito da composição simbolizada pelo mar (reconhecendo a viagem de seu pai para chegar ao México), enquanto seu lado materno de descendência mexicana é representado à esquerda por um mapa que descreve fracamente a topografia do México.
Embora as pinturas de Kahlo sejam autobiográficas, ela costumava usá-las para comunicar mensagens políticas ou transgressivas: essa pintura foi concluída logo após Adolf Hitler aprovar as leis de Nuremberg que proibiam o casamento inter-racial.
Aqui, Kahlo afirma simultaneamente sua herança mista para confrontar a ideologia nazista, usando um formato (a tabela genealógica) empregado pelo partido nazista para determinar a pureza racial. Além da política, a fita vermelha usada para conectar os membros da família ecoa o cordão umbilical que liga o bebê Kahlo à mãe, um motivo que se repete em toda a obra de Kahlo.
Esse auto-retrato duplo é uma das composições mais reconhecidas de Kahlo e simboliza a dor emocional da artista durante seu divórcio de Rivera. À esquerda, a artista é mostrada em trajes europeus modernos, vestindo o traje de seu casamento com Rivera.
Durante o casamento, dado o forte nacionalismo de Rivera, Kahlo se interessou cada vez mais pelo indigenismo e começou a explorar o traje tradicional mexicano, que ela usa no retrato à direita. É a Kahlo mexicana que guarda um medalhão com uma imagem de Rivera.
O céu tempestuoso ao fundo e o coração sangrando da artista – um símbolo fundamental do catolicismo e também um símbolo de sacrifício ritual asteca – acentuam a tribulação pessoal e a dor física de Kahlo.
Elementos simbólicos frequentemente usados possuem múltiplas camadas de significado nas imagens de Kahlo, o tema recorrente do sangue representa sofrimento físico e metafísico, apontando também para a atitude ambivalente do artista em relação às noções aceitas de feminilidade e fertilidade.
Embora ambas as mulheres tenham o coração exposto, a mulher vestida de branco na Europa também parece ter seu coração dissecado e a artéria que sai desse coração está cortada e sangrando. A artéria que sai do coração de seu eu fantasiado de Tehuana permanece intacta, porque está ligada à fotografia em miniatura de Diego quando criança.
Enquanto o coração de Kahlo no vestido mexicano permanece firme, o Kahlo europeu, desconectado de seu amado Diego, sangra profusamente em seu vestido. Além de ser uma das obras mais famosas da artista, essa também é sua maior tela.
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