Louis Wain (1860 – 1939) foi um artista britânico de grande sucesso, conhecido principalmente por suas peculiares ilustrações de gatos. Seus desenhos tornaram-se tão populares no início do século 20 que muitas casas ostentavam seus posters.
O artista se especializou em desenhar cenas campestres e de animais e era frequentemente convidado a ilustrar páginas de jornais científicos e de notícias populares, além de calendários, álbuns e cartões-postais.
Aos 24 anos, ele vendeu seu primeiro desenho para a Illustrated London News – um divertido infográfico sobre a domesticação felina.
Dois anos depois, em 1886, Wain foi contratado para ilustrar um livro infantil que contava a história de uma escola de boas maneiras para gatinhos. Ao longo de sua curta carreira, ele ilustrou cerca de 100 livros infantis.
Porém, por trás de seus gatos fofos (e muitas vezes estranhos), encontra-se uma história de vida complexa.
Louis Wain nasceu em 1860 em Londres, como o mais velho de seis filhos e o único homem. Uma de suas irmãs foi declarada louca e foi internada aos 36 anos. As irmãs restantes viveram com a mãe por toda a vida. Aos 20 anos, após o falecimento do pai, Wain teve que começar a sustentar financeiramente as irmãs e a mãe.
Ele estudou na West London School of Art e acabou sendo professor da escola por um curto período, até tornar-se um artista freelancer.
Em 1883, aos 23 anos, Wain casou-se com Emily Richardson e pouco depois do casamento, Emily foi diagnosticada com câncer de mama. O casal havia adotado um gato de rua, chamado Peter, para dar suporte emocional à Emily e a convivência com o gato Peter fez Wain começar seus esboços felinos, o que também colaborava com o estado de espírito de sua esposa doente.
Seus desenhos apresentavam personagens dinâmicos que andavam eretos, tinham inúmeras expressões faciais e usavam roupas da moda. As ilustrações também traziam caricaturas ou sátiras de comportamentos humanos.
Wain ilustrou a edição de Natal do Illustrated London News com uma festa de Natal felina. O desenho apresentava dezenas de gatos comemorando o Natal nas mais variadas situações. Essa ilustração elevou a popularidade do artista.
Alguns meses após o lançamento dos gatinhos de Natal de Wain, sua esposa Emily faleceu e o comportamento de Louis Wain foi se tornando cada vez mais complexo e violento. Pouco tempo depois ele foi internado em um hospital psiquiátrico.
Existem diferentes teorias sobre a doença mental de Louis Wain. Alguns pesquisadores acreditam que ele desenvolveu a depressão e a esquizofrenia em razão do falecimento da esposa e de outras perdas de sua vida, como sua irmã, seu pai e seu gato Peter. Também deve ser notado que Wain não era a única pessoa em sua família afligida por um transtorno mental.
Outros pesquisadores acreditam que seus desenhos – assim como sua personalidade – sempre foram excêntricos, o que somente evoluiu com o tempo.
Fato é que à medida que sua obra evoluiu, uma mudança em suas ilustrações pôde ser percebida.
Mesmo com a carreira comercial de ilustrador interrompida, Louis continuou desenhando enquanto internado no hospital psiquiátrico. Ele manteve o assunto de sua obra – os gatos – porém com maior uso de cores vivas e padrões abstratos, muitas vezes não figurativos.
Historiadores da arte e psiquiatras muitas vezes mostram as mudanças no estilo de Wain como um exemplo clássico de deterioração cognitiva, conectando o movimento em direção à abstração com o desenvolvimento da esquizofrenia do artista. A teoria foi levantada por um colecionador de arte e psicólogo britânico que criou uma colagem reproduzindo oito obras do artista, a fim de exemplificar um caso de deterioração da psique.
No entanto, o diagnóstico de esquizofrenia tem sido contestado por vários especialistas. O psiquiatra Michael Fitzgerald, publicou, em 2001, um artigo que analisava a mente de Wain por meio de suas pinturas. “Louis Wain não tinha esquizofrenia, mas sim síndrome de Asperger. Wain não mostrou qualquer deterioração na sua aptidão como pintor até ao fim da sua vida.”
Algo definitivamente mudou no mundo dos gatos felizes. Os gatinhos engraçados e anteriormente inofensivos tornaram-se criaturas mais abstratas, fractais e psicodélicas.
Apesar de muito popular, Wain sofreu financeiramente ao longo da vida, pois não era muito habilidoso em negociar seu trabalho, além de sempre ter doado a maior parte do dinheiro que ganhava para a mãe e as irmãs.
Ele passou os últimos anos de sua vida no Hospital Napsbury em Hertfordshire, onde, para sua sorte, pôde descansar em um jardim cheio de gatos, e morreu aos 78 anos.
O trabalho posterior de Wain foi identificado como um importante precursor da arte psicodélica dos anos 1960. Os fãs de psicodelia da época “maravilharam-se de como Wain poderia produzir essas imagens sem usar nenhum tipo de substância”.
“Ele inventou um estilo de gato, uma sociedade de gatos, todo um mundo de gatos.” Afirmou H.G. Wells em um programa de rádio em 1925.
Excêntrica, brilhante e também muito solitária, a vida de Louis Wain é tema de estudo até os dias de hoje.
A história da vida de Wain foi retratada em um longa-metragem biográfico “The Electrical Life of Louis Wain”, em 2021,dirigido por Will Sharpe e estrelado por Benedict Cumberbatch no papel principal. A obra está disponível no Prime Video.
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Primeira vez que vejo alho sobre esse maravilhoso pintor! certamente está entre meus top 5 artistas favoritos... consegui senti em cada traço de su arte um sentimento diferente, sem falar que ele ama gatos assim como eu kkkkkk, obrigado Louis por me inspirar, e saiba que você não morreu, pois estou aqui para repassar seu nome para meus futuros filhos.
Muito interessante!A mudança nos desenhos no decorrer do tempo está muito perceptível...Tem alguns até sinistros..