artes tradicionais

Arte folclórica e arte popular, qual é a diferença?

A arte folclórica, é representada pela arte visual que é principalmente funcional e na maioria das vezes feita a mão (ou com poucas influências mecânicas) para o uso do fabricante ou de um grupo limitado, contendo algum tipo de conservação, como a continuidade de uma tradição.

Ela é a expressão criativa da luta humana em direção à civilização em um ambiente específico, através da produção de objetos e construções úteis.

Essa matéria foca no senso comum (algo que é visto partir de um movimento de repetição cultural, que pode estar certo ou não) do termo arte folclórica, ou seja, as artes visuais. Damos atenção a arte folclórica no sentido mais amplo, porém também existe a dança folclórica, a música folclórica, o folclore, e a literatura folclórica.


Há diferença no significado dos termos arte folclórica e arte popular?

No geral, a arte folclórica se refere à arte do povo, diferente do produto de elite ou dos artistas que fazem parte das principais correntes da arte em sociedades altamente desenvolvidas.

Como um possível campo de estudo histórico-artístico, a arte folclórica é estudada separadamente de outros tipos de artes dos povos, como o “primitivo” (povos pré-históricos e da sociedade/cultura que não desenvolveu o uso da escrita).

Potes Barra, por Francisco Costa.

Historicamente, os termos folclore (palavra de origem americana,”folklore” significa sabedoria popular. O termo “folk” refere-se a povo e “lore” a sabedoria ou conhecimento.) e popular têm sido usadas com o mesmo propósito no campo da arte, sendo o primeiro específico em inglês e alemão (Volkskunst), e o segundo francês (populaire) e no italiano (popolare).

No Brasil, ambos os termos são utilizados, porém, pode haver ambiguidade quando nos referimos a esse tipo de arte como “arte popular”.

O termo arte popular é amplamente usado para designar itens comerciais, produzidos em massa para atender ao gosto do público geral, um processo totalmente diferente do trabalho do artista popular (aquele que não tem nenhuma formação acadêmica voltada para arte, apenas conhecimento sobre a cultura de seu povo/sociedade em que vive e um dom em trabalhos manuais), conforme definido acima.

Essa arte popular é feita para atender o gosto do “povo” (visto como o público geral), e não produzida pelo povo.
Essa arte popular é feita pelo povo com o intuito retratar a cultura em que vivem.

À medida que a indústria, o comércio e o transporte começam a oferecer a todas as pessoas acesso livre às mais recentes ideias e produtos, uma verdadeira arte feita por artistas populares começa a desaparecer. As tradições e a herança dos produtos produzidos em casa são subestimadas pelos mesmos motivos que as tornam originais.

Os trabalhos feitos a partir dessas artes folclóricas que são originalmente produzidas por artistas populares, são amplamente patrocinados por organizações, grupos de artesanato, governos ou empresas comerciais, o que faz a sua verdadeira essência desaparecer.


Como que surgiu essa categoria de arte?

As pessoas que criaram a arte folclórica estavam diretamente preocupadas em produzir para que suas necessidades cotidianas fossem supridas. Como resultado, essa arte também pode ser descrita como funcional ou utilitária, apesar de que em algumas situações o artista cria figuras ou escultas, como as miniaturas generalizadas, simplesmente por prazer. É verdade, porém, que muito esforço artístico foi concentrado no atendimento às necessidades diárias.

Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo visita os municípios de Penedo e Jequiá da Praia, em Alagoas.
Cesta de vime sendo criada por artista popular.

Nos locais em que as ocupações dos povos eram muitas vezes sazonais ou dependentes do clima e onde as eles tinham que proporcionar seus próprios divertimentos, a criação de objetos úteis também se tornou uma atividade de lazer, na qual a criatividade era exuberante.

Um ônibus espacial podia ser transformado com talha ou um baú com desenhos pintados, e até a volta do espartilho era uma forma de arte. Por esse motivo, a arte folclórica é bem mais estudada (assim como a arte “primitiva”), todo o produto artesanal incluído e atenção dedicada é tão cultural quanto o seu significado estético.


A arte folclórica não foi originalmente criada para museus. Certamente, algumas foram projetadas para serem expostas, como documentos, retratos de família e lápides, já outras eram feitas exclusivamente para exibições ocasionais, como a “toalha de mesa” ou certos tesouros domésticos que foram preservados por gerações.

Retalheiras produzindo toalhas de mesa

Em geral, a duração do trabalho artístico era indiferente, desde que a função fosse cumprida, e já era esperado que grande parte da arte fosse consumida ou descartada após uma aparição comemorativa.

Existe uma porcentagem de arte folclórica intencionalmente efêmera, a taça do casamento quebrada após a cerimônia, objetos de papel queimados em funerais, pães de festivais, figuras de carnaval, grafite, bonecos de neve, uma pinhata destruída durante uma festa mexicana, desenhos simbólicos temporários que foram desenhados em dias de festa na Índia, por exemplo, e formatos de pétalas de flores para procissões religiosas na Itália.

As coleções de arte folclórica, pelo menos em parte, das necessidades de sobrevivência devem ser complementadas por documentação fotográfica e escrita, a fim de atingir uma visão representativa de toda a arte.


A arte folclórica espalhada pelo mundo

Brasil

Homem montado em boi.

Esculturas feitas de barro cozido.

O caráter da arte folclórica no Brasil pode ser atribuído, em parte, à modificação de uma cultura indígena pelo contato com uma cultura completamente divergente. Os colonos na costa leste da América do Norte se mudaram para uma população nativa americana em que as artes eram relativamente limitadas e desorientadas. A arte folclórica mais conhecida dessa área era, portanto, essencialmente o produto dos colonos brancos.

Isso ocorreu em parte porque o programa missionário, que incluía o ensino símbolos católicos à população nativa e o uso de artesãos nativos na construção de igrejas e na produção de objetos religiosos, aceitava uma mistura de técnicas e estilos nativos.

Exemplos disso são santinhos, cangaceiros, esculturas do Padre Cícero, baianas, bonecas, animais, pinturas, mas a grnade maioria se volta para os temas religiosos. A arte sacra é retratada frequentemente por eles, mas há também as expressões regionais e as que homenageiam as tradições da terra.

Alguns artistas populares do Brasil são Mestre Vitalino, Zé Caboclo de Caruaru, Heitor dos Prazeres do Rio de Janeiro, Severino de Iracunhaem, Manezinho Araújo de Pernambuco, Cizin do Ceará, Maria Auxiliadora da Silva de São Paulo.


China

Lanternas de papel muito usadas no Ano Novo chinês.

A arte folclórica chinesa deve ter sido tão extensa quanto qualquer outra no mundo, como evidenciado pelas descrições dos viajantes ocidentais, as lembranças que eles coletaram e por vários estudos culturais e artesanais.

O problema de agrupar e analisar o material como uma categoria popular é que pode ser considerado desagradável. Toda região chinesa tem seus próprios estilos, e toda a produção artística é enorme.

A arte associada a casamentos, funerais e festivais é extravagante, mesmo entre os menos favorecidos. No país onde o papel foi inventado na antiguidade, a fabricação de papel é uma habilidade comum, e a arte de cortar papel é aprendida desde a infância. O papel é usado para os letreiros de lojas que dão um caráter especial às ruas chinesas e para muitos modelos complicados e objetos de festivais.


Indonesia

Bonecos-sombra indonésios.

Em seu efeito na cultura popular, a expansão do budismo no leste da Ásia tem alguns paralelos com a expansão do cristianismo no ocidente.

Na Indonésia, por exemplo, onde o budismo penetrou na área em que as tradições locais eram fortes o suficiente para sobreviver e se misturar com os novos conceitos, há muita arte no templo de caráter popular.

Entre as abundantes artes folclóricas efêmeras de Bali estão as ofertas vegetais e os objetos simbólicos lindamente estilizados, tecidos em folha de palmeira. Bonecos-sombra indonésios e tecidos estampados são mundialmente famosos.


Em cada parte do mundo a arte folclórica (ou arte popular) tem suas particularidades de acordo com a sua trajetória histórico-artística. Deixe nos comentários quais são os demais países que te interessam saber sobre essa categoria de arte, você conhece alguma arte folclórica de algum desses países e gostaria de compartilhar com a gente?


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