Artigos Acadêmicos

O espírito Rococó na Escultura


O estilo Rococó forma um documento visual intimista e despreocupado do modo de vida e da concepção de mundo das elites europeias, concebido muitas vezes como parte integrante de uma concepção global de decoração de interiores. Profusão, sensualidade e divertimento davam o tom fundamental no estilo artístico.

Quanto à escultura é em sua disposição dentro da arquitetura que se manifesta o espírito Rococó. As linhas curvas e contracurvas do barroco permanecem, mas são mais delicadas e fluídas. Os temas aplicados são mitológicos, campestres e alegóricos.

Os grupos esculturais, as figuras solitárias ou os bustos, se destacam pela leveza e graciosidade dos gestos, atitudes e posições, a maioria, executados em menores proporções, em madeira, mármore e bronze.

Entre os escultores italianos encontram-se: Francesco António BUSTELLI (1723-1763) e Pietro Ceccardo STAGGI (1754-ca.1814).

Entre os alemães destacam-se: Ignaz GÜNTHER[1] (1725-1775) e Johann Joachim KÄENDLER (1706-1775)

Jean-Louis LEMOYNE[2] (1666-1755); JEAN-BAPTISTE II Lemoyne, o jovem (1704-1778); Louis-François ROUBILIAC[3] (1702-1762); Guillaume COUSTOU, o Jovem (1716-1777); Nicolas-Sébastien ADAM (1705-1778); Jean-Baptiste PIGALLE (1714-1785); Étienne-Maurice FALCONET (1716-1791); Louis-Simon BOIZOT (1743–1809), Jean-Antoine HOUDON (1741-1828) e Claude Michel, conhecido por CLODION (1738-1840) estão entre os nomes dos escultores franceses do século XVIII.


Graciosidade e leveza

Na estatuária de pequeno porte, e objetos ornamentais destinados à decoração de interiores, são usados o bronze, o mármore, o ouro, a prata e a porcelana, esta última o verdadeiro material do Rococó, extremamente popular.

Embora a técnica da porcelana fosse milenar no Oriente, o Ocidente só a conheceu a partir de Florença, no século XVI, com a chegada de exemplares de peças orientais. Mas a importação era caríssima.

No início do século XVIII, a serviço de Augusto III (1696-1763)[4], artesões alemães, na região de Meissen, próxima a Dresden, pesquisaram e descobriram o caulim, considerado o ouro branco. Com esse material aperfeiçoaram a porcelana de pasta dura. 

A Staatliche Porzellan-Manufaktur Meissen ou Fábrica de Porcelana Meissen[5], logo tornou-se conhecida, criando uma das primeiras marcas registradas, em 1722, com a figura de duas espadas cruzadas, para se defender de cópias.

A fábrica alemã dominou o estilo de porcelana branca, seguida pela criação de outras, como a Fábrica de Porcelana Augarten[6], em Viena, na Áustria, a segunda mais antiga na Europa e a de Nymphenburg[7] em Munique, na Alemanha.

No entanto, em meados do século, inspirada pela delicadeza das peças alemãs e vienenses, Madame de Pompadour[8] encomendou a pesquisa e a produção de porcelana em um pequeno atelier junto à torre do castelo real de Vincennes, na França.

Em 1751, com a colaboração dos artistas Étienne-Mauríce FALCONET (1716-1791), Joseph-Siffred DUPLESSIS (1725-1802), Jean-Jacques BACHELIER (1724-1806) e François BOUCHER (1703-1770), responsáveis pelo desenho e produção, a escultura foi deliberadamente deixada em biscuit – sem esmalte – a fim de diferenciá-la da fabricação de Meissen.

Com a evolução da produção artística, a pequena oficina foi transferida para a região de Sèvres. Em 1760, Luís XV[9] comprou e melhorou as instalações, transformando-a na Manufacture nationale de Sèvres, permitindo que a fabricação tivesse uma influência maior na Europa, colocando-a sob o controle total da Coroa e de Madame de Pompadour. Em 1768, pesquisadores[10] descobriram perto de Limoges o primeiro depósito francês de caulim, elemento indispensável para a fabricação de porcelana real, chamada porcelana dura, comercializada e adotada definitivamente a partir de 1772.


Étienne-Maurice FALCONET (1716-1791)

Entre os artistas mais patrocinados por Madame de Pompadour, Étienne-Maurice Falconet ficou conhecido por suas pequenas peças com temas de gênero ou inspiração mitológica, avidamente colecionadas pela Corte francesa em torno de Luís XV.

As apresentações de teatro e balé, em voga no período e, as pinturas de François BOUCHER (1703-1770) serviram de inspiração para Falconet, na produção de esculturas em situações de convívio palaciano, alegre e amoroso; em que as figuras são delicadas, requintadas, galantes e sensuais.

O escultor trabalhou por anos na chefia da Fábrica de Porcelana de Sèvres, até o convite de Catarina, a Grande[11], para trabalhar na Rússia. Ali produziu a estátua equestre[12] de Pedro, o Grande, para São Petersburgo, uma de suas mais brilhantes obras. De volta à França, assumiu o cargo de diretor na Académie Royale de Peinture et de Sculpture em 1788.

Étienne-Maurice FALCONET (1716-1791) Pigmalião e Galatea, 1763. Mármore, 59.5×40×29. The Walters Art Museum, Mount Vernon, Baltimore, Maryland, EUA.

O grupo escultural, exibido no Salão de Paris[13], em 1763, apresenta uma jovem de pé, totalmente nua, sobre uma pedra que acaba de ser escavada. Do lado esquerdo, por trás dela, sobre a pedra em forma de nuvem apoia-se um putto[14], que lhe beija a mão direita. A jovem se inclina levemente para o escultor ajoelhado à sua frente, que em êxtase, levanta a cabeça em direção à bela mulher, entrelaçando as mãos, encantado, agradecido por seu despertar.  Aos seus pés do lado esquerdo encontram-se as ferramentas de trabalho, o martelo, os formões e o cinzel.

Falconet produziu mais de um exemplar em mármore do grupo escultural Pigmalião e Galatea, entre eles, por exemplo, a escultura que se encontra no acervo no Musée du Louvre, em Paris, na França, em diferente tamanho[15].

Mais tarde, as pequenas esculturas serviram de modelo para uma série de cópias em porcelana, espalhadas em diferentes acervos[16].

O tema foi revisitado por diferentes artistas em distintas técnicas e períodos artísticos, sobretudo no Rococó. O Museu de Hermitage, em São Petersburgo, na Rússia, apresenta uma escultura semelhante[17], em mármore, do artista italiano Pietro Ceccardo STAGGI (1754-ca.1814) executada entre 1790 e 1792, com dois metros de altura aproximadamente. Essa escultura, no entanto, apresenta a adição de mais um putto, atrás do lado direito.

Étienne-Maurice FALCONET (1716-1791) Pigmalião e Galatea, 1763. Mármore, 59.5×40×29. The Walters Art Museum, Mount Vernon, Baltimore, Maryland, EUA.

O assunto de Pigmalião e Galatea foi retirado do poema em que o escultor dá vida a estátua criada por ele. 

Pigmalião trabalhava com esculturas, na Ilha de Chipre, consagrada a deusa Vênus[18]. Ali, sossegado, como era de seu feitio, vivia para seu ofício. Solteiro, ainda não tinha encontrado nenhuma mulher para se casar, inclusive considerava o fato de que jamais se casaria, pois estranhava a agitação constante das jovens, até mesmo o comportamento vulgar de algumas delas, em contraste com o silêncio de suas criaturas de pedra.

Assim, envolvido em esculpir um enorme bloco de mármore que a embarcação descarregou no cais do porto, Pigmalião passava os dias na solidão e na expectativa de uma nova e elegante obra de arte, na forma de mulher, sem dúvida.

A pedra tinha a cor que lembrava o tom de marfim e a cada toque do formão, ao passar as mãos calejadas sobre a dura textura livre de rachaduras ou fissuras seu espirito se animava, pois, era quase desnecessário muito polimento na forma final.

Esculpiu, então, talentosamente e com admirável arte,
uma estátua de níveo marfim e emprestou-lhe uma beleza
com que mulher alguma pode nascer. E enamorou-se da sua obra.
O rosto é de autêntica donzela, que se poderia julgar
que vive e, se o respeito não se constituísse em óbice,
que quer mover-se, a tal ponto a arte se esconde na sua arte.
(OVÍDIO, X, 247-252, 2017, p. 545)

Aos olhos de Pigmalião, a figura feminina tem um encanto e formosura que desconhece nas mulheres, além disso uma donzela, pura como a pedra polida. As mãos correm sobre a superfície polida, parece tão macia. Quase esquece que é de pedra. Os dedos se levantam em direção à boca perfeita e sua boca não resiste, precisa beijar-lhe toda noite antes de se deitar.

Os dias passam com o escultor cada vez mais apaixonado. Passa a comprar presentes para a amada: colares, vestidos, brincos, tudo nela fica bem. Não se sente mais só.

No dia em que se celebra em toda a ilha a festa em honra à Vênus, diante do altar que exala incenso, acanhado, o escultor ajoelhado implora à deusa do amor, que lhe dê como esposa uma jovem igual à de mármore, ou melhor, que a deusa possa dar alma à bela escultura, que já tem nome: Galatea.

Dado que a dourada Vênus assistia em pessoa às festividades
em sua honra, percebeu o que pretendiam aqueles votos
e, como presságio de divindade amiga, por três vezes se acendeu
a chama e elevou às alturas a língua de fogo. Ao voltar, Pigmalião
dirigiu-se à estátua de sua amada […]
(OVÍDIO, X, 277-281, 2017, p. 547)
Étienne-Maurice FALCONET (1716-1791) Pigmalião e Galatea, 1763. Mármore, 59.5×40×29. The Walters Art Museum, Mount Vernon, Baltimore, Maryland, EUA.

O escultor, atônico, imaginou um movimento. Tocou a superfície da pedra e achou que ela cedia ao seu toque.  Pousou o olhar sobre a face da mulher esculpida e para sua surpresa ela moveu e pousou seus olhos de encontro ao seu. Incrédulo, Pigmalião ousou tocar os lábios, que marfim tomaram vida em tom rosa e, se abriram para receber seus lábios quentes de amor. O artista ajoelhou maravilhado. Cupido a serviço da deusa do amor tinha lhe visitado e com um beijo na mão da mulher esculpida soprou-lhe o dom da vida.


Referências

HESÍODO. Teogonia. Tradução Christian Werner. São Paulo: Hedra, 2013. 103 p.

HOMERO. Ilíada. Tradução e introdução de Carlos Alberto Nunes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015. 536p.

JANSON H. W. História da Arte. Tradução J.A. Ferreira de Almeida; Maria Manuela Rocheta Santos. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1992. 823 p.

MUSÉE DU LOUVRE, Paris, França. Disponível em: http://cartelfr.louvre.fr/cartelfr/visite?srv=car_not_frame&idNotice=541&langue=fr Acesso em: Acesso em: 05 jun. 2020.

NYMPHENBURG PORCELAIN MANUFACTORY, Munique, Alemanha. Disponível em: https://www.nymphenburg.com/en/home Acesso em: 05 jun. 2020.

OVIDIO. Metamorfoses. Tradução Domingos Lucas Dias. São Paulo: Editora 34, 2017. 909 p.

SÈVRES – MANUFACTURE ET MUSÉES NATIONAUX, Sèvres, França. Disponível em: https://www.sevresciteceramique.fr/ Acesso em: 05 jun. 2020.

STAATLICHE PORZELLAN-MANUFAKTUR MEISSEN, Meißen, Alemanha. Disponível em:  https://www.meissen.com/de/ Acesso em: 05 jun. 2020.

THE BRITISH MUSEUM, Londres, UK. Disponível em: https://research.britishmuseum.org/research/collection_online/collection_object_details.aspx?objectId=72536&partId=1&searchText=Falconet&images=true&page=1 Acesso em: 05 jun. 2020.

THE STATE HERMITAGE MUSEUM, São Petersburgo, Rússia. Disponível em: https://hermitagemuseum.org/wps/portal/hermitage/digital-collection/06.%20sculpture/48950 Acesso em: 05 jun. 2020.

THE STATE HERMITAGE MUSEUM, São Petersburgo, Rússia. Disponível em: https://hermitagemuseum.org/wps/portal/hermitage/digital-collection/10.%20porcelain Acesso em: 05 jun. 2020.

THE WALTERS ART MUSEUM, Mount Vernon, Baltimore, Maryland, EUA. Disponível em: https://art.thewalters.org/detail/17579/pygmalion-and-galatea/Acesso em: 25 mar. 2020.

WIENER PORZELLANMANUFAKTUR AUGARTEN, Viena, Áustria. Disponível em: https://www.augarten.com/de/ Acesso em: 05 jun. 2020.


[1] O escultor alemão Ignaz GÜNTHER (1725-1775) encontra-se entre os maiores representantes do estilo Rococó em seu país. Sua carreira foi centrada em Munique, onde se instalou em 1754. A maior parte de sua escultura foi esculpida em madeira e depois policromada por outros. Estilisticamente, suas figuras são caracterizadas por gestos elegantes e proporções alongadas.

[2] Aluno do grande escultor do Barroco francês, Antoine COYSEVOX (1640-1720), Jean-Louis LEMOYNE (1666-1755) trabalhou para os dois reis franceses dos séculos XVII e XVIII, Luís XIV e Luís XV, atuando nos estilos do Barroco final e do Rococó. 

[3] De origem francesa, Louis-François ROUBILIAC (1702-1762) adotou a Inglaterra para a execução de inúmeras esculturas de celebridades históricas que serviram de modelo para outros artistas dos séculos XVIII e XIX.

[4] Rei da Polônia, Augusto III foi Grão-duque da Lituânia e Duque da Alta Saxônia.

[5] O escultor da corte alemã, Johann Joachim KÄENDLER (1706-1775) trabalhou na Staatliche Porzellan-Manufaktur Meissen por mais de quatro décadas, e suas peças, originais, trabalhadas à mão são consideradas as mais delicadas obras de arte.

[6] Fundada em 1718 em Viena, na Áustria, aWiener Porzellananufaktur Augarten é a segunda fábrica mais antiga a trabalhar com porcelana. Os desenhos da porcelana foram reproduzidos desde o início da fundação em colaboração com grandes artistas.

[7] Localizada próximo ao Palácio Nymphenburg em Munique, na Alemanha, a Nymphenburg Porcelain Manufactory foi fundada por volta de 1747 pelo duque de Baviera, Maximiliano III José da Baviera (1727-1777) príncipe eleitor do Sacro Império Romano Germânico, mas somente a partir de 1754 a fábrica teve êxito. O italiano Francesco António BUSTELLI (1723-1763), que já trabalhava com pequenas peças em madeira executou ali uma infinidade de peças no estilo Rococó a partir de 1754.

[8] Com encanto e inteligência, Jeanne Antoinette Poison (1721-1764), conhecida como Madame de Pompadour, amante do rei Luís XV, ganhou imenso poder na corte francesa e foi responsável por patrocinar, junto à corte francesa, os artistas do estilo Rococó.

[9] Luís XV (1715-1774) bisneto de Luís XIV (1638-1715) assumiu o trono da França a partir de 1723.

[10] Por volta de 1768 a argila de caulim, fundamental para a produção de porcelana dura, foi descoberta numa localidade próxima à Limoges e desenvolvida, entre outros, por Pierre-Joseph Macquer (1718-1784) um dos maiores nomes da Química no século XVIII. 

[11] Catarina II (1729-1796) conhecida por – A Grande – foi Imperatriz da Rússia de 1762 a 1796.

[12] A Estátua equestre de Pedro, o Grande, foi inaugurada em 1782. FALCONET representou o Imperador montado a galope em seu cavalo, sobre uma rocha de granito.  A obra continua nos dias atuais no mesmo local, às margens do Rio Neva, em São Petersburgo, na Rússia.

[13] O Salão de Paris foi fundado em 1667 para exibir as pinturas dos membros da Académie Royale de Peinture et de Sculpture. Na época a exposição ocorria no Salão de Apolo, do atual Museu do Louvre.

[14] Crianças aladas ou não, geralmente nuas, representados nas artes visuais são chamados pelos italianos de putti ou putto no singular. A criança nua também pode ser interpretada como Eros, o companheiro da deusa do amor.

[15] Étienne-Maurice FALCONET (1716-1791) Pigmalião e Galatea, 1763. Mármore, 83x48x38. Sala Richelieu. Musée du Louvre, Paris, França. Disponível em: http://cartelfr.louvre.fr/cartelfr/visite?srv=car_not_frame&idNotice=541&langue=fr Acesso em: 05 jun. 2020.

[16] Cópias sobre os originais de Étienne-Maurice Falconet aparecem nos acervos dos museus: The British Museum, em Londres (datada de 1764-1773 sobre modelo de 1763) e The State Hermitage Museum, em São Petersburgo, naRússia (datada de 1766-1773, sobre modelo de 1763). Ambas com cerca de 36 cm de altura.

[17] STAGGI, Pietro Ceccardo (1754-ca.1814) Pygmalion and Galatea, 1790-92. Escultura em Mármore, 235 cm. The State Hermitage Museum, St Petersburg, Rússia. Disponível em: https://hermitagemuseum.org/wps/portal/hermitage/digital-collection/06.%20sculpture/48950 Acesso em: 05 jun. 2020.

[18] Chamada de Afrodite pelos gregos e Vênus pelos romanos, a deusa do amor está sempre ao lado do pequeno Eros, seu filho e companheiro nas artes do desejo, também chamado de Cupido. Existem duas versões sobre a origem de Afrodite. A primeira foi descrita por Homero (ca. IX-VIII a.C.) em que a deusa do amor e da beleza é filha de Zeus e da ninfa Dione. Em Teogonia de Hesíodo (ca. VIII-VII a.C.) ela é Filha de Urano (da primeira geração) gerada pelo sêmen do pai em contato com a espuma do mar. 

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Fatima Sans Martini

Mestre em Artes Visuais com Abordagens Teóricas, Históricas e Culturais pela UNESP. Pós-graduação em História da Arte pela FAAP-SP. Formada em Artes Plásticas. Experiência profissional: Projetista em Design de Interiores. Experiência acadêmica: nas disciplinas de Projetos, Desenho, História do Mobiliário e História da Arte nos cursos de Arquitetura e Design de Interiores. Professor das disciplinas de Estética e História da Arte Mundial e Brasileira no Curso de Artes da Unimes, Universidade Metropolitana de Santos, SP

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