Bienal

Fundação Bienal de São Paulo anuncia participação do Brasil na 61ª Bienal de Veneza 2026

Intitulada Comigo ninguém pode, exposição tem curadoria de Diane Lima e participação das artistas Rosana Paulino e Adriana Varejão, que ocupam o Pavilhão do Brasil a partir de maio de 2026

Por Equipe Editorial - outubro 9, 2025
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A Bienal de Veneza 2026 contará com a curadoria de Diane Lima no Pavilhão do Brasil, em um projeto apresentado pela Fundação Bienal de São Paulo. A mostra, intitulada “Comigo ninguém pode”, reúne as artistas Rosana Paulino e Adriana Varejão, explorando as ambiguidades da planta que dá nome à exposição como metáfora de proteção, toxicidade e resiliência. A proposta evidencia os diálogos entre as trajetórias das duas artistas, nas quais as feridas coloniais e os processos de reinscrição histórica se transformam em movimentos de metamorfose, imaginação e libertação poética.

“Ser escolhida para conceber o Pavilhão do Brasil na Bienal de Veneza é uma honra e uma grande responsabilidade”, afirma Diane Lima. “Juntas, Paulino e Varejão representam historicamente o que há de mais revolucionário quando se fala da presença das mulheres no campo da arte nacional. Suas poéticas em consonância e fricção fazem coro com as lutas dos movimentos sociais e da democracia, sem nunca perder a capacidade sensível de nos arrebatar e surpreender com alta qualidade técnica. Junto às ideias de proteção e toxicidade, Comigo ninguém pode, como um ditado popular, também refere-se ao processo de transferência do conhecimento sobre a natureza para o âmbito da vida, refletindo portanto um processo de manifestação coletiva que acontece naturalmente quando ‘comigo’ se torna um ‘nós’, se torna muitos e uma nação inteira, que usa a sua sabedoria como forma de defesa e soberania”, conclui.

“Meu trabalho e o de Rosana Paulino se cruzam na potência das feridas coloniais, matéria que estrutura o DNA de nossas obras e atravessa nossas pesquisas de modo visceral”, afirma Adriana Varejão. “Espero desenvolver com Rosana um diálogo inédito que também se conecte à arquitetura do pavilhão, ampliando as possibilidades de nossas trajetórias artísticas”, complementa. Para Rosana Paulino, “estar no Pavilhão do Brasil em Veneza, ao lado de Adriana Varejão, é a oportunidade de investigar feridas coloniais a partir de perspectivas femininas distintas que se encontram num diálogo inédito. Esse encontro propõe uma revisão da história da arte ao questionar o cânone e recuperar memórias silenciadas, abrindo caminho para novas possibilidades de futuro”.

A seleção do projeto curatorial e artístico do Pavilhão do Brasil adota, desde 2023, um sistema de avaliação composto por uma comissão de representantes das três instâncias realizadoras – Ministério da Cultura, Ministério das Relações Exteriores e Fundação Bienal de São Paulo –, que analisa projetos de curadores convidados, tornando o processo mais aberto e participativo.

“A curadoria de Diane Lima, com a presença de Rosana Paulino e Adriana Varejão, reafirma a potência e a complexidade da produção brasileira no cenário internacional”, diz Andrea Pinheiro, presidente da Fundação Bienal de São Paulo. “Este anúncio coincide com o investimento na recuperação do nosso pavilhão e renova o compromisso institucional de apresentar em Veneza um projeto à altura do debate global que o Brasil tem a contribuir”, conclui.

O anúncio se alinha ao tema oficial da 61ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia, intitulada In Minor Keys. A edição de 2026 vem na esteira da perda inesperada da curadora nomeada Koyo Kouoh e será conduzida pelo coletivo formado por Gabe Beckhurst Feijoo, Marie Helene Pereira, Rasha Salti, Siddhartha Mitter e Rory Tsapayi, profissionais selecionados por Kouoh para acompanhá-la nesse percurso curatorial e que, agora, dão continuidade ao seu legado.

Recuperação do Pavilhão do Brasil na Bienal de Veneza

O anúncio do projeto encabeçado por Lima — que também integrou o coletivo curatorial da 35ª Bienal de São Paulo, ao lado de Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel — acompanha ainda uma nova fase do Pavilhão do Brasil em Veneza. Em 2024, a Fundação Bienal de São Paulo iniciou o projeto de recuperação do edifício, propriedade do Ministério das Relações Exteriores, em articulação com o Ministério da Cultura. A iniciativa, que em 2026 chega à sua conclusão, contempla etapas de restauro arquitetônico, atualização de infraestrutura, acessibilidade e adequações técnicas para exposições de grande porte, assegurando melhores condições de conservação de obras e de recepção do público.

Bienal de Veneza
Pavilhão do Brasil © ReportArch Andrea Ferro Photography – Fundação Bienal de São Paulo
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Pavilhão do Brasil © ReportArch Andrea Ferro Photography – Fundação Bienal de São Paulo
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Pavilhão do Brasil © ReportArch Andrea Ferro Photography – Fundação Bienal de São Paulo

Sobre Diane Lima

Diane Lima (Mundo Novo-BA, Brasil, 1986) é curadora, pesquisadora e uma das principais vozes do feminismo negro na arte da América Latina. Foi parte do coletivo curatorial de coreografias do impossível, a 35ª Bienal de São Paulo (2023), e assina a curadoria de exposições como Paulo Nazareth: Luzia, no Museo Tamayo (Cidade do México, 2024) e O rio é uma serpente, a 3ª Trienal de Artes Frestas (2020/2021). Também organizou o programa Diálogos Ausentes no Itaú Cultural (2016–2017), que desempenhou um papel histórico na virada anticolonial da arte contemporânea brasileira. Entre os reconhecimentos recentes estão sua nomeação como vice-presidente do Conselho Consultivo Científico da documenta e do Museum Fridericianum gGmbH (2025, Alemanha) e a premiação pela Ford Foundation Global Fellowship (2021). Diane é autora e editora da antologia Negros na Piscina: Arte Contemporânea, Curadoria e Educação (2024), que documenta os últimos dez anos de debates sobre racialidade e arte no Brasil.

Sobre Adriana Varejão

Adriana Varejão (Rio de Janeiro, Brasil, 1964) desenvolve, desde os anos 1980, uma obra marcada por reflexões críticas sobre o colonialismo e a formação plural da cultura brasileira. Realizou exposições panorâmicas em instituições como Centro de Arte Moderna Gulbenkian, em Lisboa; Pinacoteca de São Paulo; Haus der Kunst (Munique); Museo Tamayo (Cidade do México); ICA (Boston); Malba (Buenos Aires); Hara Museum (Tóquio); e Fondation Cartier (Paris). Também participou das bienais de São Paulo, Sydney, Havana, Liverpool e Istambul. Ao longo de sua trajetória, recebeu importantes reconhecimentos como a Ordem do Mérito Cultural, do Ministério da Cultura do Brasil, e a condecoração Chevalier des Arts et des Lettres, do governo francês. Suas obras integram coleções de museus como Tate Modern (Londres), Metropolitan Museum of Art e Guggenheim (Nova York), Dallas Museum of Art, Stedelijk Museum (Amsterdã), Fundação Serralves (Porto), Museo Reina Sofía (Madri) e MASP (São Paulo). No Instituto Inhotim, em Brumadinho-MG, possui um pavilhão permanente dedicado à sua obra.

Sobre Rosana Paulino

Rosana Paulino (São Paulo, Brasil, 1967) vive e trabalha em São Paulo. Doutora em artes visuais e bacharel em gravura pela Escola de Comunicações e Artes da USP, é também especialista em gravura pelo London Print Studio. Reconhecida como uma das artistas mais relevantes de sua geração, recebeu prêmios de grande prestígio, como o Konex Mercosur: Artes Visuais (Argentina, 2022) e o MUNCH Award (Noruega, 2024). Sua obra integra os acervos de importantes instituições, entre elas: MAM SP, Pinacoteca de São Paulo, MASP e Museu Afro Brasil Emanoel Araujo (todos em São Paulo), Malba (Buenos Aires), MoMA, Nova York, University of New Mexico Art Museum (Albuquerque), Harvard Art Museums (Cambridge), Tate Modern (Londres) e Centre Pompidou (Paris).

Sobre a Fundação Bienal de São Paulo

Fundada em 1962, a Fundação Bienal de São Paulo é uma instituição privada sem fins lucrativos e vinculações político-partidárias ou religiosas, cujas ações visam democratizar o acesso à cultura e estimular o interesse pela criação artística. A Fundação realiza a cada dois anos a Bienal de São Paulo, a maior exposição do hemisfério Sul, e suas mostras itinerantes por diversas cidades do Brasil e do exterior. A instituição é também guardiã de dois patrimônios artísticos e culturais da América Latina: um arquivo histórico de arte moderna e contemporânea referência na América Latina (Arquivo Histórico Wanda Svevo), e o Pavilhão Ciccillo Matarazzo, sede da Fundação, projetado por Oscar Niemeyer e tombado pelo Patrimônio Histórico. Também é responsabilidade da Fundação Bienal de São Paulo a tarefa de idealizar e produzir as representações brasileiras nas Bienais de Veneza de arte e arquitetura, prerrogativa que lhe foi conferida há décadas pelo Governo Federal em reconhecimento à excelência de suas contribuições à cultura do Brasil. A Fundação Bienal de São Paulo agradece seu parceiro estratégico Itaú e seus patrocinadores máster Bloomberg, Bradesco, Petrobras, Vale, Citi e Vivo.

Serviço

Pavilhão do Brasil na 61ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia
Comissária: Andrea Pinheiro, Presidente da Fundação Bienal de São Paulo
Curadoria: Diane Lima
Participantes: Adriana Varejão e Rosana Paulino
Local: Pavilhão do Brasil
Endereço: Giardini Napoleonici di Castello, Padiglione Brasile, 30122, Veneza, Itália
Data: 9 de maio a 22 de novembro de 2026 Pré-abertura: 6 a 8 de maio de 2026

Leia também: 6 obras para prestar atenção na 36ª Bienal de São Paulo

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