CaroPRESO procura-se!
Artigo sobre o artista Claudio Caropreso
“quem viu morreu, disse a curadora”; “das schweigen von Marcel Duchamp”: _ “Procura-se uma expressão”! Silêncio, meu caro, procura-se. Mas a aula de desenho não é mais a mesma. Basquiat atravessou o caminho de Kirchner, e com ele rodaram os signos do consumo, os altos e os baixos, pela ladeira da memória, os restos das mortalhas e dos trecos embalados aludindo por ironia às latinhas de sopa Campbell, ao Brillo, ao pop da periferia, da rua em que a tabuleta vende a costela e o tablóide, a carne das modelos gostosinhas.
Procura-se em vão uma clareza quanto aos significados que se esgueiram entre as imagens pressupondo que a comunicação seja fácil, que o convívio seja possível, que a sociedade tenha sentido.
Esquivo, Caropreso liberta-se das convenções que cercam a prática artística assim chamada contemporânea, porque denuncia a vagueza de suas referências, estripando a matriz perdida deixando depois a definição de nesgas de cor ou de rasuras sobre o branco.
O negro, envolvente como chave, lança mãos e faces, e partes de corpos rasgados como papéis recolhidos por catadores. Alegoria do executor, do cortador, o jagunço já não anuncia o cangaço, mas o refrigerante-cola que é bomba! “Sorria”, diz o anúncio melancólico, pois as mentes foram turbinadas pelas drogas industriais, e os corpos tubainados chacoalham o volátil desejo de fuga desse mundo povoado de seres heteróclitos.
Sendo a linguagem a do cartaz, sem nada anunciar ou vender, usada na gravura de Caropreso, a faixa une as várias partes como em um caixote de madeira de feira de verduras mal acochambrado, daquele tipo que os colegas da Ponte usavam para gravar, no caso deles, o mundo desencantado aos olhos do cara sujeito sensível. Neste caso, a madeira é talhada compositivamente de modo calculado, acolhendo toscamente porque convenientemente as imagens circulantes em nosso cotidiano. Não há necessidade de se procurar Caropreso, em parte alguma! Porque a sua gravura declara pertencermos todos ao mesmo deserto.
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Luís Armando Bagolin