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IMPULSTANZ 2016 questiona as artes visuais e a dança

Em um mês intenso de festival mais inúmeros workshops e apresentações de dança, este ano organizado por Tino Sehgal, com o mote de discutir as relações entre as artes visuais e a dança, apresentaram-se e participaram artistas de todos os lugares do mundo.

A ideia de Tino Sehgal era propor um espaço de encontro para se questionar o cada vez mais popular encontro entre artes visuais e dança. “Hoje em dia, diferente do passado, artistas da dança sonham em se apresentar em museus e com exposições de seus trabalhos” diz Maria Hassabi, coreógrafa que mora em Nova Iorque que conduziu um dos projetos de pesquisa do festival ao lado do galeria belga Jan Mot.

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De fato, nos utimos anos vemos os museus mais importantes do mundo colaborando e co-produzindo trabalhos de dança e performance mais do que nunca. Num mundo da arte que está cada vez mais preocupado com os likes e os shares, curtidas e compartilhamentos, as performances aumentam o dinamismo e por consequência o publico das instituições.

O festival tomou conta da cidade entre julho e agosto esteve questionando os modos de produção que se encaixam nessa transição caixa preta/cubo branco. Seus principais espetáculos são duas produções europeias que questionam o privilégio branco, o capitalismo e o público em intensas performances que colocam os seus valores a prova a todo o tempo.

Em “BODY+FREEDOM” Holzinger / Lange / Machaz / Riebeek / Scheiwiller propõe um sinistro programa de auditório onde sexualidade, corpo e liberdade são levados aos seus estados mais cooptados pelo capitalismo. Pornografia, punimento, transfiguração, poder, exposição. O grupo age como se pudessem fazer o que quisessem com quem quisessem a qualquer custo a todo momento. Desde o começo é informado que a participação do público é indispensável, mesmo que seja se retirar do espetáculo. A todo momento o grupo te coloca frente a frente com situações que te fazem repensar ao que você se submete e como se submete num mundo que está corrompido pelos valores de poucos que, ainda, impedem outros modos de vida.

Mårten Spångberg, coreógrafo estrela do mundo da dança, apresenta o espetáculo “La substance, but in English” cuja estréia foi realizada no MoMA em Nova Iorque. Um paredão de ouro e prata e lenços Chanel, Louis Vuitton, etc… faz o pano de fundo para um performance regada aos hits mais recentes e cativantes da cultura pop americana recente. Os performers realizam experimentos copiados dos vídeos mais toscos do youtube e em câmera lenta se movimentam e realizam passos de dança contemporânea de vez em quando. O espetáculo também conta com uma parede em branco para que o público possa desenhar e pichar durante as 4 horas de duração. Aqui você pode ir e vir, cantar e dançar e ver tudo o que você faz em casa dentro do seu quarto quando está bodiado ou amando a vida. É maravilhoso, tudo passa e você tem o poder de escolher tudo o que quer fazer e quando quer fazer e o que quer fazer. O mais interessante é que o coreógrafo coloca essas questões colidirem, falharem, produzirem efeitos inesperados. Spangberg mostra que produto, circulação e liberdade postos lado a lado causam uma espécie de poder que mais se assemelha com a impotência. O poder no mundo de “La Substance, but in English” é uma qualidade que te impede medir as consequências e te faz produto, me lembro da famosa frase que vive solta pela internet: se
você não está pagando, você é o produto e não o consumidor.

 

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Marcel Darienzo

Marcel Darienzo é paulista e trabalha nas artes visuais, performance, teatro e dança. Atualmente mora em Londres, Reino Unido, onde é candidato a Mestre pela Goldsmiths, University of London

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