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Chácara Lane é reaberta com o Gabinete do Desenho

 

Secretaria de Cultura do Município de São Paulo inaugura dia 1o de dezembro o novo espaço museológico voltado à exibição de mostras temporárias e da Coleção de Arte da Cidade. Coletivas organizadas por Agnaldo Farias ocupam as salas da casa centenária, discutindo a história do acervo e o alargamento do conceito do desenho. 

A Secretaria de Cultura do Município de São Paulo inaugura no dia 1o de dezembro de 2012, sábado, às 11 horas, as instalações do Gabinete do Desenho, na Chácara Lane, à Rua da Consolação, 1024. Voltado à exibição de recortes da Coleção de Arte da Cidade, o novo equipamento museológico é dirigido por Vera Toledo Piza, e promove mostras temporárias e de longa duração, além de atividades educacionais relacionadas à sua programação.

O Gabinete do Desenho, nova instituição cultural a integrar o Museu da Cidade de São Paulo, nasce do encontro de duas demandas: a ocupação da Chácara Lane, imóvel recém-restaurado sob a coordenação da Divisão de Preservação do Departamento do Patrimônio Histórico e a necessidade de um espaço adequado e específico para a discussão e extroversão da Coleção de Arte da Cidade, em especial as obras que têm como linguagem o desenho.

A partir destas duas oportunidades, a Secretaria Municipal de Cultura convidou o curador Agnaldo Farias para conceber e desenvolver as diretrizes desta nova instituição e também para realizar a curadoria das mostras inaugurais.

A primeira exposição Da Seção de Arte ao Prêmio Aquisição: a gênese do Gabinete do Desenho, de longa duração e que acontecerá no térreo, exporá obras realizadas sobre papel pertencentes ao acervo da Coleção de Arte da Cidade. Além de discutir os vários aspectos do desenho e das obras expostas, também pretende ressaltar o ineditismo da formação do primeiro acervo público de arte moderna no Brasil, realizado por Sergio Milliet no âmbito municipal, e o seu percurso até a contemporaneidade. Participam da coletiva os artistas: Almandrade, Anatol Wladyslaw, Anna Bella Geiger ,Antônio Bandeira, Antônio Manuel, Carlos Scliar, Carmela Gross, Darel Valença, Emiliano Di Cavalcanti, Fernand Léger, Jac Leirner, Joan Miró, Lasar Segall, Marcelo Grassmann, Maria Bonomi, Nelson Leirner, Nuno Ramos, Oswaldo Goeldi, Paulo Bruscky, Paulo Monteiro, Pedro Américo, Pierre-Auguste Renoir, Regina Silveira, Renina Katz, Roberto Kepler, Rosana Paulino, Rugendas, Tarsila do Amaral.

A segunda exposição desenho esquema esboço bosquejo projeto debuxo ou o desenho como forma de pensamento, temporária e que acontecerá no andar superior, será de obras pertencentes a outras instituições, artistas, galerias e coleções. Pretende apresentar o desenho além do território conhecido das artes visuais, como fim em si mesmo ou como processo de criação de outras expressões, contemplando suas diversas naturezas e finalidades. Participam da coletiva os artistas Adrianne Gallinari, Angelo Venosa, Arnaldo Antunes, Carla Caffé, Daniel Senise, Edith Derdyk, Fábio Moon, Gabriel Bá, Glauber Rocha, Irmãos Campana, Lívio Tragtenberg, Vera Hamburger e Ton Marar.

Coleção de Arte da Cidade

A Coleção de Arte da Cidade, embora não com este nome, tem sua origem na Seção de Arte da Biblioteca Mário de Andrade em 1945 na gestão de Sergio Milliet, um dos principais articuladores do modernismo no Brasil, que promoveu a aquisição de obras que constituem hoje uma expressiva coleção de arte em papel: desenhos, aquarelas e gravuras em técnicas variadas, de artistas nacionais e estrangeiros, dentre os quais um pochoir de Fernand Léger, uma gravura de Renoir, desenhos de Rugendas, e de brasileiros, tais como desenhos de Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Di Cavalcanti. Este trabalho seminal de Sergio Milliet teve a colaboração de Maria Eugênia Franco na Biblioteca e, posteriormente, na direção do Departamento de Documentação e Informação Artística – IDART – onde coordenou a catalogação do acervo pertencente ao município na década de 1970. Transferido para o Centro Cultural São Paulo nos anos 1980, esse acervo recebe doações importantes de arte postal, dentre elas parte da obras de arte postal presentes na Bienal de 1983, organizada Walter Zanini. Outros projetos culturais desenvolvidos pelo CCSP como o Programa de Exposições e o Prêmio Aquisição renovaram a coleção com a aquisição e integração ao acervo de obras de artistas contemporâneos.

Atualmente, a coleção conta com cerca de 2.800 obras de arte em diversas técnicas e seis coleções de Arte Postal, com 3.500 peças no total e encontra-se abrigada no Centro Cultural São Paulo. Aproximadamente 70% das obras catalogadas são sobre papel, a maioria desenhos e gravuras. São trabalhos de artistas brasileiros importantes, entre eles os desenhos originais de Tarsila do Amaral para o livro Pau Brasil, de Oswald de Andrade, além de obras de Anita Malfatti, Emiliano Di Cavalcanti, Oswaldo Goeldi, Cândido Portinari, José Pancetti, Alfredo Volpi e muitos outros. Também há obras de artistas internacionais, entre as quais podemos destacar as de Johann Rugendas, Joan Miró, Pierre-Auguste Renoir e Marc Chagall. Cerca de 20% da coleção é formada de pinturas de artistas como Frans Post, Pedro Alexandrino, Almeida Júnior, Francisco Rebollo, Aldo Bonadei, Flávio de Carvalho, Aldemir Martins, Paulo Pasta, Célia Euvaldo e Tomie Ohtake. Os 10% restantes são compostos por esculturas e outras obras em suportes diversos, tais como fotografia, vídeo, dvd, mobiliário, tapeçaria, etc. Dessas obras destacam-se doações de artistas contemporâneos como Nuno Ramos, Leda Catunda, Alex Flemming, Sandra Cinto, Regina Silveira, Carmela Gross e Rubens Mano entre outros.

Chácara Lane

A região onde ora se inaugura o Gabinete do Desenho passou por diversas transformações nos últimos dois séculos. No antigo caminho para Sorocaba se instalou o Cemitério da Consolação (1854) e na década seguinte o Colégio Americano, futuro Instituto Mackenzie, se transfere para a quadra da Rua Maria Antônia com rua Itambé. A partir da década de 1880 surgiram os loteamentos que desenharam a conformação atual de seu entorno. Em 1890, Lauton Amnesley adquire uma área proveniente do desmembramento da propriedade de Dona Maria Antonia da Silva Ramos onde foi construída a residência do reverendo George Whitehill Chamberlain. Este terreno com a moradia foi vendido ao doutor Lauriston Job Lane em 1906, dando origem à Chácara Lane, assim conhecida a propriedade onde morou o médico presbiteriano até sua morte em 1942. O atual lote é um dos últimos remanescentes das típicas chácaras paulistanas – restam ainda a Chácara do Penteado, atual FAU USP, em Higienópolis; e a Chácara Prates, em Campos Elísios – e foi adquirido pela Prefeitura Municipal em 1944. Desde então, teve diferentes utilizações: serviu de ambulatório à Cruz Vermelha até 1953, ano em que foi convertido em sede do Arquivo Municipal Washington Luís e, mais recentemente, de 1995 a 2008, abrigou a Biblioteca Circulante da Biblioteca Mario de Andrade. Em 2004, a Chácara Lane e seu envoltório são tombados pelo Conpresp e a partir de 2012, com a inauguração do Gabinete, passa a exibir exposições de longa e curta duração do acervo da do Patrimônio Histórico da Cidade de São Paulo.

 

Evento: mostras coletivas – Da Seção de Arte ao Prêmio Aquisição: a gênese do Gabinete do Desenho e desenho esquema esboço bosquejo projeto debuxo ou o desenho como forma de pensamento

Curadoria: Agnaldo Farias

Abertura: 1 de dezembro, sábado, às 11 horas

Períodos expositivos:

Expo desenho… de 2 de dezembro de 2012 a 21 de abril de 2013

Expo Da Seção… de 2 de dezembro de 2012 a 24 de novembro de 2013

Local: Gabinete do Desenho

Endereço: Rua da Consolação, 1.024 – CEP 01302­000 – São Paulo – SP

Telefone: (11) 3129 3574

Horários de visitação: de terça a domingo, das 9 às 18 horas

www.gabinetedodesenho.sp.gov.br

Entrada gratuita e livre para todos os públicos

Não possui estacionamento

Ambiente acessível

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