Claudio Alvarez nasceu em Rosário, Argentina, em 1955. Vive e trabalha em Curitiba desde 1977. O artista é representado pela Galeria Lume.
Pesquisador do movimento e da percepção, Claudio Alvarez propõe desafios ao olhar, construídos como mecanismos em que aquilo que vemos entra em contradição com aquilo que sabemos. Ilusões de ótica, jogos de espelho e iluminação, objetos móveis e formas dinâmicas são elementos que formam seu amplo repertório de jogos visuais. Alvarez desenvolve construções que ativam uma percepção que alia análise e fascínio, raciocínio e ilusão — dois modos fundamentais da relação humana com o mundo.
Em suas obras, estruturas geométricas são relativizadas, colocadas em movimento através de situações de equilíbrio oscilante e dinâmico. A ilusão de ótica, presente em outras, provoca questionamentos sobre nossa própria percepção, o mundo real e o mundo das aparências.
Unindo fluidez, ilusão e materialidade, as obras de Alvarez estabelecem uma racionalidade em que a sensação também é pensamento.
Em resposta à perguntas como o que caracteriza seu trabalho? O que te inspira? Quais são seus objetivos? Claudio nos responde detalhadamente:
Sobre meu processo criativo, acredito que em alguns aspectos, pode-se compará-lo a de um pesquisador na área científica. Na medida em que a investigação avança, novas descobertas se somam ao repertório. O trabalho que venho desenvolvendo ao longo da minha carreira, iniciada no final dos anos setenta, já vivendo no Brasil, consiste na aplicação deste repertório.
Quando reflito sobre minha produção artística, percebo que poderia dividi-la em várias linhas de pesquisa que se entrecruzam ou se fundem na elaboração de diversas obras. Penso que poderia separá-las em alguns conjuntos:
1) aquele que explora as possibilidades da forma em sua relação espacial e temporal, incluindo neste grupo meus trabalhos estritamente cinéticos, do início da minha carreira, assim como a série, “Já”, de 2012 e Geometrias Instáveis, composta por estruturas conectadas entre si por fios que se deformam pelo movimento.
2) Outro, que tem a luz e o movimento como elementos constitutivos principais, como, por exemplo, nas obras apresentadas no livro e exposição “Aparências”, em 2010.
3) Por último, o conjunto de trabalhos que explora o deslocamento entre o real e o virtual provocando assim, uma reflexão sobre o que realmente vemos. Nestes trabalhos são utilizados recursos ópticos tais como lentes e espelhos para criar espaços virtuais. É a consciência de nossa própria percepção que entra em jogo na construção de muitos dos meus trabalhos e é também através da percepção que se dá a interação com o observador. Ele também descobre algo similar ao que originou a obra.
“Gosto de pensar que meus trabalhos possuam a virtude de estimular a sensibilidade e a reflexão em tempos tão sombrios e que possam, de alguma forma, despertar no observador uma forma renovada de ver o mundo”
A exposição “Como vai você, geração 80?” realizada no Parque Laje, em 1984, no Rio de Janeiro, marca o início de sua atuação no cenário artístico brasileiro e de uma série de exposições individuais e coletivas, nacionais, e posteriormente, internacionais.
Nos anos mais recentes, participou da TRIO Bienal, 2015, Rio de Janeiro e da Bienal Internacional de Curitiba, 2015. Na galeria Lume, em São Paulo, realizou as exposições “Verso Transitivo”, em 2015 e “Sobretempos”, em 2017.
Participou das edições da SP Arte, de 2011 a 2019; da ARCO Madrid, nas edições de 2012, 2013, como artista destacado, e na edição de 2014; da Crossroads, Londres, e da ArtLima, em 2016.
Em exposição, inaugurada em novembro de 2017, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, a obra “Vento do Éter” (1994), pertencente ao acervo do museu, integra a exposição “Luz=Matéria”, com curadoria de Agnaldo Farias. Sua obra “Inflável I” (1989), pertencente ao acervo do Museu de Arte Contemporânea do Paraná, faz parte da exposição “Tempos Sensíveis”, inaugurada em outubro de 2018, no MON, também com a curadoria de Agnaldo Farias.
Sua obra foi premiada em diversos Salões de Arte e faz parte de acervos públicos e privados.
Para exemplificar como funciona o trabalho do artista, suas técnicas e objetivos, separamos uma de suas obras e fizemos uma breve análise destacando os principais pontos.
A obra acima, segundo o próprio artista, se refere tanto ao objeto, na qualidade de instrumento, como ao observador, aquele que se propõe a observar, sem necessariamente ser visto ou escolher aquilo que irá observar.
O espectador, nesta obra, é parte dela assim como aquilo que é observado. Com o Espreitador, o artista faz uma espécie de síntese da narrativa poética que permeia a construção de seus trabalhos.
A existência do virtual como algo que existe em potência é recorrente em muitas de suas obras e aqui, através deste instrumento composto por um tubo e um espelho ao nos aproximarmos do objeto, o deslocamento inesperado do olhar provoca certa estranheza nos obrigando a conferir o que estamos vendo.
Conhecer o ambiente de trabalho de um artista é bastante importante, para não dizer fundamental, para aprofundar o conhecimento sobre a sua obra.
Fabricio Vaz Nunes, Mestre em História da Arte pelo IFCH-UNICAMP e professor de História da Arte da Escola de Música e Belas Artes do Paraná – EMBAP, fez uma análise sobre esse local de produção em que Claudio está inserido e reforçou alguns conceitos do seu trabalho artístico:
O ateliê de Claudio Alvarez é uma peculiar linha de montagem, em que se vêem várias mesas de trabalho e estantes de metal sobre as quais repousa uma infinidade de objetos curiosos. Equipamentos de soldagem e pintura, junto com variadas ferramentas industriais, se misturam a ferramentas inventadas pelo próprio artista.
Aqui e acolá, pequenos mecanismos feitos para diversão ou entretenimento, aparentemente pelo simples prazer lúdico da criação e construção de objetos estranhos, cômicos ou de misteriosa utilidade. Talvez estes últimos sejam os mais significativos para refletir sobre a produção artística de Claudio Alvarez.
Seu trabalho ultrapassa a concepção “nuclear” da escultura: ele recoloca a contemplação, tradicionalmente distanciada e puramente visual da obra escultórica, em termos de uso e fruição de um determinado mecanismo.
Ao lado daquilo que sua obra faz pensar, a dimensão lúdica e direta do trabalho de Alvarez talvez seja a sua maior qualidade. Ao mesmo tempo em que ensejam reflexões, na verdade bastante complexas, sobre o mundo, a percepção, a verdade ou a irrealidade daquilo que vemos e percebemos, suas obras são também imediatamente acessíveis a pessoas de qualquer grau de formação intelectual.
Fugindo das tendências obscuras e intelectualistas da arte contemporânea, Claudio Alvarez faz uma obra absolutamente democrática e sedutora, divertida e instigante.
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