Denise Figueiredo Adams nasceu em Porto Alegre, em 1967. A artista é representada pela Galeria Virgílio.
Artista visual, fotógrafa e arte educadora, Denise utiliza principalmente a fotografia e o vídeo como suporte. Sua pesquisa está relacionada ao reconhecimento e construção dos territórios da imagem: sua construção, como pensá-la e seu sentido de estar no mundo.
Tornou-se fotógrafa aos poucos, quando estava terminando o colégio e entrando na faculdade de Jornalismo. Durante esse percurso, fez alguns trabalhos remunerados e diversos ensaios com amigos.
Trabalhou no Laboratório Imágicas e depois em redações de jornais e revistas como Estadão, Folha, Revista Época.
A artista viveu um momento de transformação radical na fotografia. Do começo de sua formação até hoje, o suporte é completamente outro, isso fez com que a própria relação se transformasse, exigindo uma postura mais consciente e crítica no produzir imagens.
Seus trabalhos fotográficos sempre se propuseram a pensar sobre questões que a interessavam no mundo. Sua proximidade com o jornalismo e tudo o que implica essa rotina, foi fundamental na maneira de enxergar o mundo e pensar a imagem.
Nas palavras da artista:
“Nas artes, eu acredito que sigo numa insistência pessoal no encontro de sentidos. É um trabalho diário e com muitos embates. Quando esse encontro se dá, é o maior acontecimento que eu poderia ter”.
Denise Adams apresenta 30 imagens de lugares como Marrocos, Atacama, Portugal e Brumadinho, fotografados entre 2010 e 2018. No salão, em conjunto, será instalado um tapete-obra com a intenção de proporcionar vivências meditativas e conversas a partir de uma programação especial.
“Como permanecer diante do colapso? Como sustentar a crise, a desconstrução e o desfazimento dos acontecimentos?”
A exposição que abre dia 7 de novembro na Galeria Virgílio tenta se aproximar da ideia da duração que rege a existência de todas as coisas. Projeto que teve seu início numa pesquisa de mestrado, parte do registro da poeira em três circunstâncias distintas: um apartamento fechado por 10 anos, cidades atingidas por graves crimes ambientais e o deserto.
As “três naturezas da poeira” tentam dar conta do ciclo de nascimento, vida e morte inseridos nos processos da vida, seja num aspecto íntimo, social ou metafísico, que transcende nosso pequeno entendimento diante da imensidão da existência.
Mais do que mostrar imagens de um ponto de vista individual, de expor as “pequenas auto-certezas” o que se pretende aqui é criar uma ambiência onde se oferece a possibilidade de descortinar imagens de uma espécie de ruína contemporânea. O que vemos diante de nós e o que está em nós disso que vemos?
O cinza, cor que permeia a exposição e que segundo o pintor Paul Klee está relacionada ao movimento que vai do caos à ordem, está presente na escala tonal (uma referência ao sistema de zonas de Ansel Adams) nos cinzas do preto e branco de algumas imagens; na maioria dos céus que se apresentam e também está presente no tapete de feltro, que, como obra, só traz esse sentido se for utilizado como lugar de experiências, seja de silêncio, de conversas e do que pode ser afetado.
A poeira, da cor cinza, mas que pode também ser da cor da lama de Mariana e Brumadinho e da areia do deserto, nos apresenta o mundo. Se ela está lá, presente, exige a urgência do olhar lúcido e reivindica decisões. Para que isso aconteça, é preciso que nos afastemos para melhor observar. Afastar-se em silêncio para cuidadosamente olhar.
É aí, nesse lugar de mudança de perspectiva, nessa brecha onde tudo parece suspenso e ocupado por vacúolos silenciosos, que se pretende deter. Para isso acontecer, é preciso silenciar. Porém, não se trata do silêncio acústico e sim de uma transformação da mente. Desejar ir ao seu encontro é um ato subversivo, causa revoluções.
Mestre no Programa de Pós-Graduação em Estudos Contemporâneos das Artes (PPGCA-UFF) na Linha de Pesquisa Estudos dos Processos Artísticos (EPA) orientada por Luiz Guilherme Vergara. Possui formação em Cinema na Faculdade Armando Álvares Penteado (FAAP) de São Paulo.
Trabalhou como fotógrafa nos jornais Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e Revista Época (1998 a 2002). Integrou a equipe do Educativo da Fundação Bienal como palestrante e fotógrafa (2010 a 2012). Ministra cursos de fotografia no Sesc e outras instituições no Brasil.
Seus trabalhos em vídeo e fotografia foram apresentados em diversas exposições, entre elas, Casa França Brasil (RJ), Centro Cultural São Paulo, 32º Salão MARP, Galeria Thomas Cohn (SP) e no IV Salão MAM Bahia.
Horário de visitação da Galeria Virgílio | b_arco
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