Lucia Castanho: o corpo, o feminino e o silêncio
Veja como a artista representa emoções intangíveis através de foto-performances e objetos.
Lucia Castanho é artista plástica. Graduada em Artes Plásticas pela Faculdade Santa Marcelina (1983), ela seguiu fazendo mestrado em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, onde também continuou o doutorado entorno do mesmo tema. Em 2019, concluiu o pós-doutorado na Faculdade de Belas Artes do Porto – Portugal.
No mesmo ano, enquanto estava na Faculdade de Belas Artes do Porto, ela esteve pesquisando o vidro como material plástico na criação de objetos. Os objeto-colares que cria são usados por ela em foto-performances e são referências para desenhos e pinturas.
Atualmente, a artista usa a figura de Ofélia, personagem de Shakespeare, para discutir as questões do corpo, do feminino e o silêncio. Ela também trabalha com foto-performance, pintura, desenho e objeto.
Referências poéticas de Lucia Castanho
Meu trabalho trata de questões do corpo e o espaço que ele habita, algumas vezes cerceado pelo silêncio e em outros momentos crio lugares que pareçam acolhedores, espaços de passagem.
Existe também uma eterna busca por construir objetos e produzir ruídos visuais inaudíveis. Posso dizer que esse corpo flutua entre duas águas: debaixo existe a intimidade dos cadernos de desenho e na superfície as fotografias, colares e pinturas.
Obras em Destaque
Em 2009 iniciei uma pesquisa para doutorado e nela a imagem da Ofélia de Millais foi usada como referência para foto performances e durante esse período produzi vestidos e acessórios para fotografar e também cadernos de desenho que remetiam a um diálogo com o personagem.
A figura literária suicida que enlouquece, delineou um outro discurso, ou uma outra forma de discurso, que é o silêncio. A imagem de uma figura feminina flutuando na água, entre as flores, proporcionaram de forma simbólica a imagem de um colar mas não de uma peça de design e sim um colar para silenciar.
Estes objetos escultóricos, que funcionam como colares, fazem parte de uma série iniciada por mim em janeiro de 2017, em residência artística em Barcelona.
Em 2019 prossegui nessa investigação e dei início ao Pós doutorado na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, introduzindo o vidro como um novo material que potencia a ideia de fragilidade e capta o silêncio.
O colar como objeto sofre transformações dentro de cada ambiente. A cor, o material, a forma, o lugar, tudo desencadeia em novas imagens. Todo lugar tem sua poesia e durante o processo criativo nós artistas vamos coletando imagens e utilizando em nosso trabalho.
Como disse acima esta série de colares, que não são ornamentos, tem como função poética calar e assim produzir ruídos visuais. Ele cala como forma e fala como imagem. Os objeto-colares que crio são usados por mim em foto-performances e são referências para desenhos e pinturas.
Durante estes meses da quarentena produzi muitas fotografias, autorretratos em que o medo e o sufocamento denunciavam a restrição do corpo e o silêncio. Também retomei pinturas com o tema piscina, nelas a água propõe uma relação do corpo com o espaço, em busca de passagens.
Currículo da artista
Formação
2019 | Pós-doutorado na Faculdade de Belas Artes do Porto – Portugal
2013 | Doutorado em Educação, Arte e História da Cultura
Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo
2005 | Mestre em Educação, Arte e História da Cultura – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo
1983 | Faculdade Santa Marcelina -Graduação em Artes Plásticas, São Paulo
Formação complementar
2018 | Residência Artística em Macina di San Cresci – Greve in Chianti, Itália
2017 | Residência Artística em Jiwar – Barcelona, Espanha
2012 | Bolsa para pesquisa de doutorado: Ofélia: Percurso Íntimo de uma Imagem Idealizada – Londres, Inglaterra
Citação em publicações acadêmicas
Cristiane Busato Smith – The Shakespearean International Yearbook: 16: Special Section, Shakespeare on site – What ceremony else? Images of Ophelia in Brazil: the politicsof subversion of the female artist, 2016
Marcos Rizolli – Lucia Castanho e o mito do coração como lugar dos sentimentos. Revista :Estúdio. Estúdio vol.7 no.13 Lisboa mar. 2016. Acesso em:
Produção Artística Recente
2019 | Trilogia Vítrea – Museu do Vidro – Marinha Grande, Portugal
2019 | Tranparências Poéticas – Museu da Faculdade de Belas Artes do Porto, Portugal
2019 | “Diversidade Escondida” – Estufa Fria de Lisboa, Portugal
2018 | Poéticas do Feminino – coletiva no SESC – Sorocaba
2017 – 18| ETER – coletiva em Portugal/Espanha/Brasil
2016 | Olhares e perspectivas: a pintura no acervo do MACS
2014 | Elements Camp – Porto, Portugal
2013 | Exposição Ofélia – MACS Sorocaba
2012 | Percursos Contemporâneos – MACS Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba