Ao tomar a iniciativa de se inscrever em um programa governamental de incentivo à Cultura, você já se perguntou por que existem tantos critérios e exigências para apresentar um projeto cultural?
Nesta matéria irei falar sobre os 10 Erros mais comuns em Gestão de Projetos Culturais para Leis de Incentivo.
Você pode pensar que pelo fato de ser um profissional do setor cultural bem consolidado no mercado, e por colecionar anos e anos de experiência prática, você sabe elaborar um projeto para Leis de Incentivo à Cultura.
Mas, hoje estou aqui para quebrar este mito de que um bom produtor cultural é igual a um bom gestor cultural.
A cada novo segundo está surgindo uma nova ideia de projeto, estamos em torno de muitas mentes brilhantes e criativas, as quais têm o intuito maior de embelezar as cidades, espaços culturais, museus, galerias e deixar a sua marca.
Tudo isso é realmente lindo, mas uma mente criativa não necessariamente é uma executora.
Muitos produtores culturais caem no engano de achar que seu Know How será o suficiente para executar a elaboração de um projeto.
Alguns descobrem isso logo no início do processo e outros de forma tardia, e se decepcionam ao não ter a sua proposta aprovada.
Uma das maiores frustrações no meio artístico é de fato assumir que quem nasceu para criar não necessariamente nasceu para administrar a própria arte.
Quando o assunto é programa governamental de incentivo a Cultura a regra do jogo estará em um único local – na Legislação.
Todos os programas culturais deste perfil possuem instruções normativas, decretos, resoluções, portarias e leis que trazem todas as informações que você precisa saber sobre a estruturação do seu projeto, e lhe permite entender os critérios específicos para a apresentação da proposta.
No entanto, muitos a ignoram ou desistem de ler por ser um conteúdo de linguagem mais densa, pela sua extensão de informação. Grande parte das reprovações estão diretamente ligadas ao não atendimento à Legislação vigente.
Outro erro básico é não ler aquilo que é proibido.
Todos os programas de incentivo à cultura possuem em sua legislação uma parte que fala sobre o que é proibido de se executar, ou sobre quais condutas administrativas dentro do projeto são passíveis de punição legal.
Ignorar este conteúdo é praticamente amarrar uma corda em seu pescoço.
Uma das partes mais importantes do projeto, e muito bem observadas pelas Comissões de Análise, é o Orçamento.
Poucos sabem que os valores apresentados devem estar de acordo com os parâmetros de precificação de serviços e mão de obra praticados no mercado cultural.
Existem tabelas que colaboram com isto, como a dos Indicadores Nacionais de Preços da Cultura, as quais os produtores devem consultá-la para usá-las como base, respeitando sempre as variantes de inflação que ocorrem na economia.
Planilhas que contém valores de serviços fora destes parâmetros estão sujeitas a reprovação.
Falamos no início da matéria sobre o erro de se pensar que um produtor cultural pode ser um excelente gestor cultural. Seguindo esta mesma linha há ainda o pensamento de que qualquer pessoa da equipe técnica do projeto pode cuidar da administração da execução do mesmo, mas não funciona bem assim.
No geral, é previsto um grupo de despesas apenas para função administrativa do projeto, onde inclui não somente controle dos gastos, mas também um cuidado detalhado com todas as documentações, gerenciamento de materiais, execução de pagamentos, tramitações burocráticas com órgão públicos, bancos, e secretaria da fazenda, por exemplo.
É mais adequado contratar administradores, advogados e contadores para compor esta equipe administrativa do projeto, para garantir maior segurança e menos dor de cabeça no futuro.
É certo que o processo de prestação de contas ocorre após o fim da execução do projeto, no entanto, muitos acham que devem se preocupar com esta parte apenas quando a data de execução se encerra de fato, e este é um dos maiores erros que podem ser cometidos.
Quem já passou por isso, vai concordar que deixar a prestação de contas para o fim é como viver um pesadelo terrível.
A regra básica é: a partir do momento em que o projeto começou a ser executado, a prestação de contas começa a ser elaborada, e o profissional ideal para lhe ajudar nesta etapa é um contador, o qual também será incumbido de assinar o relatório de prestação de contas. Exigência esta, encontrada em todos os programas governamentais de incentivo à cultura.
Muitos evitam usar os canais de comunicação com a instituição responsável pelo programa de incentivo.
O que, de acordo com minha experiência, é um grande erro, pois estreitar os laços com a instituição ajudará você a se tornar mais íntimo de todos os processos, permitirá que você se mantenha mais atualizado quanto às alterações das leis, prazos, e outras tramitações.
Você perderá o medo de lidar com um órgão governamental, e por fim perceberá que naturalmente assumirá uma postura de quem domina a gestão do seu projeto.
Um assunto por muitas vezes esquecido, ou literalmente ignorado é o cuidado com a Identidade Visual do projeto aprovado por um programa de Incentivo à Cultura.
Todos os materiais produzidos através do projeto deverão conter a logomarca do programa e do governo. Esta aplicação deve obedecer às exigências de um manual específico de identidade visual que irá conter os modelos de logotipo, variações de logo, paleta de cores, tipologia, regras de comunicação visual, iconografia em redes sociais, entre outros.
É um dever seguir estes critérios, e se destinar esta tarefa para quem trabalho e entende deste ramo, como um profissional de Comunicação Visual, por exemplo.
Outro erro comum é alterar o projeto e comunicar sobre este feito somente no momento de entrega da prestação de contas.
Uma vez aprovada a proposta, você assina um termo de compromisso onde você garante que irá executar a proposta de acordo como foi aprovada pelo programa. Ignorar isto, e alterar o projeto de acordo com os seus desejos pode te prejudicar e muito. Então cuidado.
No geral existem prazo legais, e orientações de como proceder quando o produtor observar que haverá a necessidade de alterar o projeto. Busque atender a estes critérios para não se prejudicar.
Um dos pré – requisitos básicos para se inscrever em programas de incentivo a cultura, é a apresentação de um Currículo Cultural. A partir dele será avaliado se você possui as competências técnicas necessárias para executar a sua proposta de projeto.
Por este motivo é muito importante ter catalogado os registros de seus trabalhos, manter o seu campo de conhecimento bem atualizado, ou seja, se permitir a fazer cursos, ou encontros de trocas de conhecimento, ter um portfólio bem apresentado, e se manter ativo no mercado cultural. Ter experiências profissionais em instituições renomadas e / ou ter participado de grandes projetos de relevância artística garante bons pontos também.
Durante o processo de elaboração e execução de um projeto cultural, é necessário bastante organização. Cada estratégia vai variar conforme a particularidade do projeto/candidato.
Espero que essas dicas possam te ajudar a ser um gestor cultural mais completo e que você consiga ter sucesso em seus empreendimentos artísticos.
A consultoria em projetos culturais é uma ferramenta eficaz que permite a apropriação do Saber de Gestor Cultural. Ela o torna capaz de estruturar um projeto satisfatório, possibilitando usufruir das vantagens oferecidas pelas Leis de Incentivo.
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Estou muito feliz por ter a oportunidade de ler sua matéria sobre os 10 erros ao escrever um projeto cultural e foi justamente na hora em que estou elaborando um projeto. Considero extremamente importante estar atenta a todas as informações principalmente tão pontuais e extremamente claras com as suas, parabéns você fez a diferença neste meu momento muito obrigado ,sei que vou trilhar um longo caminho mais saber que existem pessoas como você que podem nos ajudar me dá mais coragem de seguir em frente.