Castigo divino segundo a bíblia, dignificante atividade conforme os protestantes, o trabalho – com objetivo de obter rendimentos ou não – sempre acompanhou o homem. Com o advento e o desenvolvimento, do capitalismo transformou-se porém em mais uma mercadoria nas trocas comerciais. A industrialização implicou profundas transformações na sociedade, já plenamente capitalista nasceu o proletariado nas fábricas e chegaram ao fim a escravidão e a servidão no campo. Durante um longo ciclo de transformações no meio de trabalho, surgiu então o desemprego, fenômeno indissoluvelmente ligado ao capitalismo.
Nos últimos tempos, um novo fenômeno – a globalização – transformou o meio panorama trabalhista. Pessoas e empresas são transferidas de um lado a outro do planeta. Os deslocamentos criam indústrias em novos lugares e geram milhões de desempregados em outros locais. Enquanto a globalização debilita algumas das conquistas trabalhistas nos países ocidentais, continuam a existir situações de extrema exploração, discriminação da mulher e emprego e mão-de-obra infantil nas regiões mais desfavorecidas, que repetem com frequência os erros do primeiro mundo.
Os momentos de crise sempre evidenciam as questões latentes nas sociedades, elevando ao absurdo nossos problemas e suas complexidades. Hoje em meio a uma pandemia, não surpreende que uma dessas questões seja exatamente o trabalho: central em relação ao convívio humano e às construções sociais, é sobre o trabalho (e, consequentemente, sobre o não-trabalho) que pesam questões relevantes: quem trabalha para conter a crise? Como trabalha? E qual será a sorte da classe-que-vive-do-trabalho quando não pode trabalhar? Como equacionamos as demandas produtivas diante das restrições ao trabalho vivo? Ficam aí questões para se pensar enquanto analisamos fotografias que definem o homem e o trabalho nos tempos modernos.
O trabalho infantil ainda era corrente na Europa do primeiro terço do século XX. Na imagem, o fotógrafo captou, em primeiro plano, dois adolescentes saindo da mina onde trabalhavam.
Pescadores dedicam-se a suas tarefas cotidianas. Smith visitou o local para mostrar os efeitos do envenenamento por resíduos industriais de mercúrio na região, que causou 3 mil mortes.
Em visita a uma população de mineiros em Gales, Smith teve a chance de conhecer três gerações de mineiros.
Depois de sua estadia em Deleitosa, Smith publicou na Life ensaio “A aldeia espanhola, sobre as duras condições de vida do povoado. Na imagem mulheres batem o trigo depois de separar o grão da palha.
A força dramática deste retrato de um trabalhador, do qual não podemos ver os olhos é característica do fotógrafo norte-americano.
Destacado retratista, Cartier-Bresson captou nesta ocasião um trabalhador de Les Halles, um grande mercado coberto situado no centro da capital francesa e que deixou de funcionar da década de 60.
Durante a pausa do almoço, um operário descansa sobre o seu próprio banco de trabalho. O fotógrafo presenciou esta cena no estaleiro do mar do norte, no estado de Bremen, na ex-Alemanha Ocidental.
O pós foi duro tanto na Alemanha Ocidental quanto na Oriental. Para sobreviver em circunstâncias tão adversas algumas mulheres tiveram que recorrer à prostituição.
Paradigma da foto de abertura dos ensaios da Life, a imagem resume o personagem à perfeição: um médico rural, com sua valise, que atende seus pacientes de casa em casa.
Dr. Ceriani descansa em uma mesa de operações.
Smith visitou o prêmio Nobel em seu hospital para portadores de hanseníase na ex-África Equatorial Francesa. A tarefa humanitária do médico seguia até a madrugada, quando todos já dormiam.
Operários conversam animadamente em uma fábrica engarrafadora, na ex-república soviética da Armênia.
Como se o tempo tivesse parado na cidade de Kandahar, homens reconstroem um forno conforme os modos tradicionais. A elegância dos gestos contrasta com a agreste paisagem afegã.
Durante a Guerra do Golfo, centenas de poços de petróleo foram incendiados. As labaredas atingiam 20 metros de altura. Uma equipe de especialistas verifica a situação do local.
No desolado entorno do ferro-velho naval, toda a atenção está concentrada no intenso olhar de seu protagonista. Trata-se de um soldador protegido por improvidas vestimentas.
Uma tempestade de areia obrigou estas operária a suspender seus trabalhos. McCurry teve que parar seu carro pela mesma razão. Então, fotografou o grupo de mulheres que tentava se proteger.
Um tipo de pesca tradicional do Sri Lanka, praticamente extinto, pôs diante da objetiva de McCurry esta curiosa cena. Os movimentos dos pescadores parecem extraídos de uma coreografia.
‘Formiga’, trabalhador cuja função é carregar saco de até 40 kg, chega ao alto da mina via escada batizada de ‘adeus, mamãe’.
No local foram resgatados 31 trabalhadores em situação de escravidão.
Wesley Francisco Muniz acabou viralizando após enfrentar enchente em BH.
Texto de Matheus Vieira
Fonte
UEL – A Fotografia como instrumento de valorização do trabalho
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