Edith Derdyk apresenta exposição Protolivro na Casa de Cultura do Parque

Por Gabriel Magno - julho 10, 2019
111 0
Pinterest LinkedIn

agosto 3, 2019 @ 11:00 am outubro 13, 2019 @ 6:00 pm

Mostra reflete sobre o imaginário que cerca as origens do livro

Em uma era de crise de discursos, na qual o excesso de informações promove desinformação e desordem, o saber passa por um momento de fragilidade. Os livros, por sua vez, detêm registros importantes da história da humanidade e abrem portas tanto para o passado quanto para o futuro. É neste contexto de ambiguidade que a artista paulistana Edith Derdyk abre suas investigações na mostra Protolivro, em cartaz a partir de 3 de agosto, na Casa de Cultura do Parque.

O neologismo que dá título à exposição evoca a ideia de primeiro, de matriz, do livro que é anterior aos demais. E é este o ponto de partida para os estudos de Derdyk em torno do imaginário que cerca as origens do livro, manuscrito ou impresso, em seu percurso no tempo. “O livro é parte fundante da construção do conhecimento, tanto do imaginário quanto das vontades de futuro. Somos seres de linguagem e remontar as nossas origens, além de ser um fundamento poético, traduz um ato político“, explica a artista.

A mostra, que tem texto de apresentação do artista Fabio Morais, ocupa as duas salas do espaço expositivo da Casa de Cultura do Parque. É um convite de Derdyk a uma experiência imersiva, cuja ideia é oferecer ao visitante a possibilidade de adentrar nas páginas de um grande livro aberto. Através do desmembramento de cada parte – capa, contracapa, orelha, miolo, folha, página, índice, costura, vinco, furo, dobra e cola -, a exposição contempla a sintaxe, a gramática, a arquitetura do livro e suas temporalidades.

“Quando alguém concebe uma obra imaterial cuja materialização é livro – um texto, por exemplo – esse processo funde-se à cadeia de produção […]. Ao desmontar livros e arranjar seus fragmentos em mecanismos sem funcionamento livresco, Edith aciona um funcionamento fabulatório e visual, subvertendo com singularidade a padronizada cadeia de produção gráfica”, comenta Morais.

Protolivro é dividida em dois núcleos, denominados pela artista como Sala Escura e Sala Clara. A primeira é composta de resíduos, fragmentos e componentes que evidenciam as memórias do livro, elementos que evocam a ideia de passado. Aqui, Edith usa livros antigos, objetos marcados pelo tempo, com manchas, vestígios, fungos e mofos, a exemplo da obra Indícios (2019), instalação de nove metros, formada por pedaços de livros desmembrados e estendidos na parede.

Ainda na Sala Escura, em Tábula Rasa (2017/2019), a artista convoca as primeiras narrativas acerca do Mito da Criação. Trata-se de uma obra que reúne, lado a lado, 40 imagens impressas, resultado de sobreposições de registros da primeira página do Gênesis. A artista pesquisou livros em sebos com diferentes edições, línguas e formatos da Bíblia. Manchas escuras tomam as páginas, provocando uma certa ilegibilidade e aludindo a uma espécie de “arqueologia ao avesso”, segundo as palavras da artista.

Sala Clara propõe uma experiência imersiva, reunindo obras construídas in loco com folhas de papel em branco, linha preta, agulhas, pregos enferrujados e carvão. “O papel em branco abre precedente para o desejo de futuro, um chamado por um livro que está por vir”, reflete a artista.

E o futuro vem com um respiro. Em contraposição aos elementos densos da Sala Escura, carregados de vestígios do passado, Edith oferece ao público um momento de leveza. É o que ela faz em Pulmão (2019), instalação em que usa linhas e agulhas para criar uma espécie de escrita suspensa, aérea.

A trajetória de Edith Derdyk está presente sob vários ângulos na exposição Protolivro. E nada é por acaso, uma vez que a artista também é escritora, educadora e ilustradora.

Durante o período expositivo, a Casa de Cultura do Parque irá promover atividades paralelas à mostra. Para iniciar a programação, no dia 14 de agosto às 19h acontece uma conversa entre os artistas Edith Derdik e Fabio Morais com o público.

Sobre A Casa de Cultura do Parque

A Casa de Cultura do Parque oferece uma programação de alta qualidade, com exposições de arte, oficinas, palestras, cursos e ciclos de debates. Idealizada por Regina Pinho de Almeida, o espaço está localizado em frente ao Parque Villa Lobos e propõe em um ambiente acolhedor, fomentar cultura e sustentabilidade.

Serviço:
Protolivro, individual de Edith Derdyk
Abertura: 
03 de agosto às 11h
Visitação: de 03 de agosto a 13 de outubro
Horário: quarta a sexta, das 11h às 19h, sábados e domingos das 11h às 18h
Conversa com Edith Derdyk e Fabio Morais
Data: 14 de agosto às 19h
Local: Casa de Cultura do Parque
Endereço: Av. Prof. Fonseca Rodrigues, 1300 – Alto de Pinheiros
Informações: (11) 3811-9264 | acasadoparque.com

24 anos, ama arte, fez seis anos de teatro, é tecnólogo em canto popular, jornalista e futuro professor de história. Seus hobbys são cozinhar, ler e ouvir música.

Comentários

Please enter your comment!
Please enter your name here