Depois de analisar mais de 260 propostas enviadas, o júri da segunda edição da RESIDÊNCIA ADELINA escolheu os quatro nomes que farão parte do programa, com uma dupla de artistas em cada um dos dois períodos. Na primeira etapa, que se inicia em julho, a equatoriana Ana Vela se junta ao brasileiro de Minas Gerais Raylander Mártins. As argentinas Emília Estrada e María Sabato fazem parte do segundo período, que tem início em setembro.
Julia Lima, que é a curadora dessa edição da Residência, afirma que foi uma seleção bem complicada e que os projetos que vieram possuíam muita potência. “Essa tarefa nunca é fácil. Ainda mais com propostas precisas e potentes. Estabelecer critérios para essa seleção também é um desafio, considerando que entram em jogo questões de gênero, etnia, formação, geografia, entre muitas outras. Porém, acredito que, ao lado de Lívia Aquino, Roberta Tassinari e Felippe Moraes, conseguimos escolher um grupo que traz diversidades e promete um intercâmbio rico”.
Os quatro nomes selecionados terão direito a hospedagem, ajuda de custo e verba de produção para a realização do projeto de pesquisa inscritos. Os artistas irão ocupar a área expositiva do Instituto e contarão com uma programação para troca com o público, como momentos de ateliê aberto, para exibição de seus processos e obras.
Sobre os artistas
Ana Vela (Cuenca, 1986) Vive e Trabalha em Cuenca – Equador. Formada em Artes Plásticas, sua obra aborda temáticas relacionadas às construções identitárias da América Latina buscando representar e questionar as tensões que se experimentam nas subjetividades que emergem na hegemonia cultural de matriz eurocentrista. A artista trabalha com as linguagens da performance, centrando a obra em seu corpo, seu ver, seu estar e sua extensão para/na sociedade latino-americana. Tem feito incursões no campo da gestão cultural, com redes de homens e mulheres que manejam os saberes ancestrais do Equador, dessa abordagem desenvolve um trabalho que incorpora conhecimento da ancestralidade andina e o enfoque de gênero a sua produção artística.
Tem realizado estudos de pós-graduação em Buenos Aires – Argentina, participado de exposições coletivas e individuais tanto em seu país natal, como na Argentina. Dentro de sua experimentação artística tem trabalhado com técnicas como ilustração, cerâmica, vídeo, arte objeto e outros. Atualmente pretende estender seu trabalho a cenários internacionais
Raylander Mártis (João Monlevade, MG, 1995.) Atualmente vivendo em deslocamento. Em sua prática artística Raylander procura estabelecer um diálogo entre a história coletiva e a sua própria história, o que tem chamado de prática em coralidade, envolvendo grupos de pessoas para colaborações e experiências de aquilombamentos. Com formação em palhaçaria clássica, bacharelado em Artes Visuais pela UFMG e Arte e Multimédia pela Escola Superior Gallaecia, entende sua atuação como um fazer interdisciplinar. Vem recorrendo com frequência aos saberes da escrita, performance e palhaçaria como forma de compor um maquinário verbal, corporal e ético para discutir as urgências de raça, classe e identidade que o fundam. A história do choro e suas implicações de gênero; a cultura popular e tradicional no Brasil, como o carnaval e o circo; a vida e morte de artistas, bem como sua precária experiência de existir dentro do aparelho cultural e projeto neoliberal são alguns dos de seus interesses mais específicos, derivados dessas urgências maiores. Apresentou projetos em instituições como o CCSP, Instituto Tomie Ohtake, Galeria Aura, Centro Cultural UFMG, Fundação Bienal de Cerveira, Fundação Museu do Futuro, Galeria Quartoamado, Centro Cultural Salgado Filho e Área Panorâmica de Tui.
Emília Estrada (Córdoba, 1989) é artista e pesquisadora. Estudou Artes Visuais na Faculdade de Artes da Universidade Nacional de Córdoba. Em 2015 foi bolsista do programa de Práticas Artísticas Contemporâneas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde em 2016 atuou como curadora assistente e artista convidada no projeto/exposição “Depois do Futuro”, com curadoria de Daniela Labra. Em 2017 recebeu a bolsa do programa de Residências Internacionais para Investigação e Produção (RIP), para realizar um relevamento arqueológico na península de Zorrozaurre, um dos últimos vestígios industriais da cidade de Bilbao (Euskadi). Seu trabalho se desenvolve a partir do resultado de escavações, tanto nas camadas históricas do tecido urbano presente, quanto na busca de imagens referentes à produção carto e iconográfica da expansão marítima europeia do século XVI em diante. Estas ações poético-arqueológicas indagam como se constrói e divulga a narrativa histórica, e de que forma o relato hegemônico ocidental tem condicionado a nossa noção de identidade. Trabalha em espaços em obras propondo plataformas de encontro com otrxs profissionais e promovendo convergências entre a arte e diferentes campos das ciências sociais.
María Sabato (Cidade de Bueno Aires, 1984) Fotógrafa profissional pela Escuela de Fotografía Creativa de Andy Goldstein. Atualmente, em Madri, cursa o mestrado em Prática Cênica e Cultura Visual da Universidade de Castilla La Mancha no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía. Em 2015, como bolsista, finalizou o Programa Anual “Práticas Artísticas Contemporâneas II” na Escola De Artes Visuais do Parque Lage. Em 2018, na cidade de Buenos Aires, participou do Programa de Agentes de CIA (Centro de Investigaciones Artísticas). María tem participado de exposições coletivas e individual em cidades como Buenos Aires, Rio de Janeiro e Tóquio. Participou das residências da FAAP e Despina, no Rio de Janeiro, Brasil, e MARCO Arte Foco na cidade de Buenos Aires. O curso da investigação prática de María tem sido guiado ultimamente pelos deslocamentos físicos e simbólicos inerentes à condição de mulher branca estrangeira. Sua pesquisa apresenta-se em forma de fotografias, vídeos, instalações e ações participativas em diferentes espaços público-estéticos, nas quais seu corpo costuma ser o principal suporte e objeto de trabalho. Através de diferentes práticas do campo da arte, investiga e problematiza sobre a sua trajetória nômade, a relação intercultural, o consumo, a mídia, a desterritorialização e a possibilidade de sociabilizar ou criar comunidades efêmeras aleatoriamente a partir de uma ação determinada.
SOBRE A ADELINA INSTITUTO
Em abril de 2017, o empresário Fabio Luchetti criou o projeto Adelina, no Bairro Perdizes. Com ampla atuação no circuito de arte e educação contemporânea, o projeto promove a difusão, produção e compartilhamento de conhecimento, por meio de encontros, debates, oficinas, publicações, além de cursos interdisciplinares, exposições de artistas contemporâneos e ações extramuros. O objetivo do projeto é firmar-se como um espaço para a concepção, formação e difusão da arte. Em suas muitas ações, a ideia é atingir os mais diversos perfis, favorecendo o intercâmbios entre artistas, curadores e amantes da arte. Desde a sua fundação, a Adelina pretende aproximar a arte e educação, participando ativamente da formação livre de públicos variados, entre os quais estão professores da rede de ensino público, estudantes, crianças, adolescentes e idosos.
ADELINA INSTITUTO
Horário de visitação: de terça a sexta-feira, das 10h às 19h; e, aos sábados, das 10h às 16h.
Endereço: Rua Cardoso de Almeida, 1285, Perdizes. CEP: 05013-001 – São Paulo.
Estacionamento conveniado: 25% de desconto para visitantes (Rua Caiubi, 308).
Telefone: +55 (11) 3868-0050.
E-mail: [email protected] | Site: www.adelina.org.br