A 13ª Bienal do Mercosul tem na sua proposta uma equação de três conceitos que buscam evidenciar o enigma do indizível. Trauma, sonho e fuga são fenômenos daquilo que não se pode ser dito. Diante da latência de um espirito do tempo que se manifesta no inconsciente, nos deparamos às perguntas cujas respostas não têm uma forma verbal. Esse lugar da poética de um nó na garganta, de um grito não expresso, de um segredo guardado é o que buscamos mapear.
A partir desse cenário organiza-se a 13ª Bienal do Mercosul, que apresenta ao público a obra de 99 artistas, de 23 países diferentes, em mais de 10 espaços culturais de Porto Alegre.
As exposições se dividem entre obras que ativam o espaço urbano e mostras coletivas apresentadas em espaços tradicionais e em novos locais da cidade. As ideias de disrupção, de experiência sensorial e reflexiva, e inovação norteiam e embasam a seleção de obras feita pela curadoria, assinada pelo curador-geral Marcello Dantas e curadores adjuntos Tarsila Riso, Laura Cattani, Munir Klamt e Carolina Lauriano. O projeto educativo tem curadoria pedagógica de Germana Konrath e vem acontecendo desde julho, através de ações em diversas plataformas e formatos, a fim de promover a qualificação do ensino da arte e a construção de um pensamento crítico e criativo de modo continuado.
Se você luta para dormir após uma experiência traumática, você não está sozinho.
Quase todos os sobreviventes de trauma experimentam algum tipo de problema de sono, como insônia. Mas, para cerca de metade dos três quartos das pessoas, são os sonhos vívidos que dificultam o sono profundo e abrem as portas da consciência para um caminho a ser inventado.
O trauma é o maior combustível da arte de todos os tempos e os sonhos são um estratagema para a fuga.
A vivência de um trauma coletivo como a pandemia de 2020 impulsiona a criação artística para um território novo. O impacto no imaginário comum, através da ativação do onírico, dos sonhos e delírios, abre portas para o escape de uma condição imposta a todos nós.
A sequência dessas três palavras — trauma, sonho e fuga — formam a linha narrativa que estamos buscando nas obras dos artistas para esta Bienal.
Toda a cidade de Porto Alegre será ocupada pela Bienal. As obras estarão no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), Memorial do Rio Grande do Sul, Farol Santander, Cais do Porto, Casa da Ospa, Casa de Cultura Mario Quintana e Paço Municipal, todos estes na região central, mas também em localidades que rompem com este circuito tradicional da arte na cidade, como a Fundação Iberê Camargo, na Zona Sul, e os institutos Ling e Caldeira, na Zona Norte. Todos os espaços terão visitação gratuita.
Além disso, há um circuito de arte urbana que convida os moradores de Porto Alegre para um contato mais próximo com a arte. São obras como Batimento, de Tulio Pinto, que consiste em um entrelaço de faixas cor de laranja que foram instaladas ainda em agosto entre prédios da Av. Borges de Medeiros, no Centro, reproduzindo nos ares e em grande escala a figura de um eletrocardiograma.
Mais de cem artistas, de mais de 20 países, participam da Bienal. Nomes renomados como o catalão Jaume Plensa, o mexicano-canadense Rafael Lozano-Hemmer, o britânico radicado em Berlim Tino Sehgal e a sérvia Marina Abramovic. Há também artistas em ascensão que participaram de uma chamada aberta inédita que financiou a concepção dos 19 projetos que ocuparão o Instituto Caldeira, selecionados às cegas entre mais de 800 propostas inscritas.
Se 16 de outubro a 20 de novembro, conforme o horário de visitação de cada local expositivo.
Locais:
Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Praça da Alfândega, s/nº)
Memorial do Rio Grande do Sul (Rua Sete de Setembro, 1.020)
Farol Santander (Rua Sete de Setembro, 1.028)
Armazém A6 do Cais do Porto (Av. Mauá, 1.050)
Casa da Ospa (Av. Borges de Medeiros, 1.501)
Casa de Cultura Mario Quintana (Rua dos Andradas, 736)
Fundação Iberê Camargo (Av. Padre Cacique, 2.000 ),
nstituto Ling (Rua João Caetano, 440)
Instituto Caldeira (Travessa São José, 455)
Paço Municipal (Praça Montevideo, 10).
Curadoria de Marcello Dantas, com curadoria-adjunta de Carollina Lauriano, Laura Cattani, Munir Klamt e Tarsila Riso e curadoria pedagógica de Germana Konrath.
Entrada franca. Outras informações aqui.
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