Galeria de Arte André apresenta exposição sobre surrealismo com obras originais de Salvador Dalí
No centenário do Manifesto Surrealista, galeria traz cerca de 100 itens com curadoria de Mario Gioia
A Galeria de Arte André abriu, no dia 28 de setembro, a exposição Surrealismo, 100 – A mão, o olhar e a ideia em movimento. No ano em que se completam 100 anos do Manifesto Surrealista, a mostra conta com a curadoria de Mario Gioia, apresentando cerca 50 obras de arte, entre pinturas, esculturas, desenhos, gravuras, além de 50 itens, entre fotografias e documentação, como livros e catálogos de artistas surrealistas brasileiros e estrangeiros. A exposição fica em cartaz até dia 26 de outubro.
Entre os destaques, estão obras originais de Salvador Dalí, um dos mais representativos artistas do surrealismo. São cinco litografias do artista espanhol, dentre elas, La Divina Commedia: Inferno, da década de 1960, além da escultura Persistência da Memória, de 1981, representando uma de suas obras mais icônicas, com seus famosos relógios ‘derretendo’.
Além dele, há uma obra original de Joan Miró, pintor e escultor espanhol, também representante do surrealismo, com Mujer ante el sol, feita nos anos 1950. Considerado um dos precursores do surrealismo, o italiano Giorgio de Chirico, também integra a exposição com a obra Il Trovatore con la luna, uma das mais importantes dele, dos anos 1970.
Além dos grandes nomes, a exposição lança, segundo o curador Mario Gioia, “um olhar mais aprofundado sobre a própria história da galeria, já que, em mais de seis décadas de atividade, exibiu, trabalhou e mantém produções de artistas ligados à corrente”, afirma o curador Mario Gioia.
“Muitos artistas que tiveram exposições individuais na galeria, no final dos anos 1970 e início dos 1990 não foram prestigiados na história da arte brasileira. Agora estamos vivendo uma retomada do surrealismo, em função deste centenário, e vivendo um novo ciclo dedicado a ele”, afirma o curador.
Obras em Destaque
Artistas que tiveram individuais na história da galeria, como o pintor argentino Eduardo Torassa (1987), Roni Brandão (1983) e Philip Hallawell (1976), poderão ser vistos agora. De Hallawell, a André foi precursora em lançar um convite-catálogo, com reproduções de trabalhos da exposição e textos críticos, uma novidade naqueles tempos e prática que se tornaria usual anos depois.
Pode ser vista também, na exposição, uma série inédita do artista nipo-brasileiro Michinori Inagaki (1943-2022), com um conjunto de telas que ‘passeiam’ pelo fantástico, tema não muito utilizado pelo artista, que já teve obras expostas em três edições da Bienal de São Paulo.
Outros trabalhos pouco vistos de artistas que tiveram participação importante na galeria entre os anos 1970 e 1990, e bastante incensados no circuito internacional, como o pintor brasileiro Octávio Araújo (1926-2015) e o pintor italiano Vito Campanella (1932-2014), podem ser vistos na exposição.
Também serão mostradas peças pertencentes a colecionadores e instituições, assinadas por nomes de peso como Marcello Grassmann (1925-2013) e Fernando Odriozola (1921-1986).
Mulheres e o surrealismo
Artistas mulheres também são destaque na exposição. Nomes expressivos como a escultora gaúcha Sonia Ebling, cujo trabalho escultórico durante o período em que morou em Paris trouxe bastante arrojamento à sua obra, e paulista Sonia Menna Barreto também estão presentes na exposição, representando artistas de longa data do acervo da Galeria André. Dentre as contemporâneas, destaca-se Diana Motta, com a obra “Vaca Vermelha”.
Sobre a Galeria de Arte André
Com 65 anos de atuação no circuito das artes, a Galeria de Arte André foi fundada em 1959 pelo romeno André Blau. É considerada a maior galeria de arte da América Latina, tendo se tornado uma referência no mercado de arte brasileira. Atualmente dirigida por Juliana Blau, a casa ajudou a forjar o mercado de arte no Brasil e passou por diversos endereços até se consolidar na Rua Estados Unidos, entre a Avenida Rebouças e a Alameda Gabriel Monteiro da Silva.
Conhecida pelo seu acervo de esculturas e obras de artistas como Aldemir Martins, Alfredo Volpi, Bruno Giorgi, Carlos Araujo, Carlos Scliar, Cícero Dias, Clóvis Graciano, Di Cavalcanti, Frans Krajcberg, Guignard, Hector Carybé, Orlando Teruz, Roberto Burle Marx, Sonia Ebling e Tomie Ohtake, entre muitos outros, a casa oferece ao público exposições periódicas e projetos educacionais e culturais.
Oferece um calendário de exposições ao longo do ano, tendo diversos projetos curatoriais com artistas da casa e que fizeram parte da história e de seu acervo. Além disso, tem o projeto Multimuros, atualmente com uma obra de arte pública na fachada da galeria, localizada na Avenida Rebouças, assinada pela artista indígena Tamikuã Tixihi. Ainda em 2024, a galeria prepara uma exposição sobre o surrealismo, a ser aberta em setembro.
Sobre o curador Mario Gioia
São Paulo, 1974
Curador independente e crítico de arte, é graduado pela ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo). Foi crítico convidado de 2013 a 2015 do Programa de Exposições do CCSP (Centro Cultural São Paulo) e fez, na mesma instituição, parte do grupo de críticos do Programa de Fotografia 2012. Em 2015, no CCSP, fez a curadoria de Ter Lugar para Ser, coletiva com 12 artistas sobre as relações entre arquitetura e artes visuais. Em 2011, passou a integrar o grupo de críticos do Paço das Artes, instituição na qual fez o acompanhamento crítico de Exercícios Cosmopolíticos (2023), de Gustavo Torrezan, Luz Vermelha (2015), de Fabio Flaks, Black Market (2012), de Paulo Almeida, e A Riscar (2011), de Daniela Seixas, além de Ateliê Fidalga no Paço das Artes (2010). Em 2019, iniciou o projeto Perímetros no Adelina Instituto, em SP, dedicado a artistas ainda sem mostras individuais na cidade, que contou com cinco exposições solo de artistas de BA, DF, RS e interior de SP.
Em 2016, a mostra Topofilias, com sua curadoria, no Margs (Museu de Arte do Rio Grande do Sul), em Porto Alegre, foi contemplada com o 10º Prêmio Açorianos, categoria desenho. Na feira ArtLima 2017 (Peru), assinou a curadoria da seção especial CAP Brasil, intitulada Sul-Sur, e fez o texto crítico de Territórios forjados (Sketch Galería, 2016), em Bogotá (Colômbia). Em 2018, assinou a seção curatorial dedicada ao Brasil na feira Pinta (Miami, EUA) e a curadoria de Esquinas que me atravessam, de Rodrigo Sassi (CCBB-SP). Já fez a curadoria de mostras em cidades como Brasília (Decifrações, Espaço Ecco, 2014), Porto Alegre (Fulgor na Noite, Galeria Mamute, 2022), Rio de Janeiro (Histórias Naturais, Caixa Cultural, 2014) e Salvador (Fragmentos de um discurso pictórico, Roberto Alban Galeria, 2017), entre outras. É colaborador de periódicos de artes como Arte al Día. Na Galeria de Arte André, fez as curadorias de Sonia Ebling – Matéria em metamorfose (2023), Abstração em Fricção (2022), Carlos Scliar – Monográficas 1 (2020), André, 60 – Da Academia ao virtual (2019), Entre Artes e Ofícios, Centros e Arrabaldes (2019) e Cotidiano (2012), além do texto crítico de Brecheret, 1922-2022 – Nos Passos da Modernidade (2022).
Serviço
Exposição “Surrealismo, 100 – A mão, o olhar e a ideia em movimento”
Curadoria: Mario Gioia
Abertura: 28 de setembro, sábado, das 11h às 15h
Período: até 26 de outubro
Local: Galeria de Arte André.
Endereço: Rua Estados Unidos, 2.280 – Jardim Paulistano. São Paulo – SP
Horário de funcionamento: De segunda a sexta, das 9h às 19h; Sábados das 10h às 14h