Galeria Hugo França, em Trancoso, anuncia “Sertões”, de Geovana Cléa
Exposição reúne 26 obras inéditas criadas a partir de barros coletados pela artista e inspiradas em suas raízes sertanejas

A Galeria Hugo França, cercada pela Mata Atlântica e imersa na natureza, recebe no dia 28 de fevereiro a exposição Sertões, que traz criações inéditas feitas exclusivamente para Trancoso. Após itinerar por São Paulo, Ilha do Ferro e o Salão do Móvel de Milão, a mostra apresenta 26 obras de Geovana Cléa, produzidas nos últimos três meses. Durante esse período, a artista deixou sua casa na Itália para viver uma experiência de reconexão profunda com suas origens e com a terra que molda sua arte, transformando o solo rachado em um símbolo de resiliência e memória.
Todas as criações carregam a essência do sertão, esculpidas a partir de quatro tipos de barro, colhidos manualmente pela artista em lugares que contam sua história. O barro do sertão da Bahia, extraído da fazenda deixada por seu pai, dá vida à obra The Gift, um tributo às origens. O barro da Ilha do Ferro, ancestral, carrega a energia do tempo. O barro preto de Inhapi, vindo das lagoas da região, remete à tradição da louça de barro. Já o barro vermelho, encontrado à beira da estrada da Promissão, carrega a generosidade da terra e das pessoas—como na obra Mané Ambrósio, que leva o nome do dono da casa onde Geovana coletou a matéria-prima, com a ajuda da própria família local.

A maioria dos trabalhos traz cristais especiais — e alguns vintages — em parceria com a Swarovski, garantindo autenticidade e brilho único, além do uso exclusivo de pós e tintas naturais em colaboração com a Ibratin.
Cada obra tem um nome e uma história. Elas são um elo entre passado e presente, entre a menina que brincava no chão rachado do sertão e a artista que agora traduz em formas o que a terra lhe ensinou. “Dentro de mim, minha arte era minha terra. Ela me trouxe de volta para perto de mim mesma, daquela menina que sonhava e viajava por meio dos seus livros”, disse Geovana Cléa

Entre os destaques, a obra João Bolinha homenageia o pai de uma grande amiga de infância, enquanto Flores do Sertão celebra a força delicada da vida que floresce mesmo em meio à aridez. Essa série reúne diversas obras, cada uma batizada com o nome de uma mulher sertaneja que, para a artista, representa uma verdadeira flor do sertão. Na exposição, esses nomes femininos se espalham pelo espaço, formando um jardim simbólico.
Obras em Destaque
A escolha da Galeria Hugo França como cenário para essa exposição não poderia ser mais simbólica. Instalada em um terreno de 30 mil m², no coração da Mata Atlântica, a galeria promove um encontro sensorial entre arte e natureza. Aqui, a exposição não se limita às paredes: ela se espalha pelo espaço, convidando o público a caminhar entre as obras e a se conectar com a matéria-prima essencial do trabalho de Geovana. Pequenas porções dos quatro tipos de barro utilizados em suas criações estarão disponíveis ao longo da mostra, permitindo que os visitantes vejam e toquem os elementos que dão vida às esculturas.
A curadoria é assinada pela arquiteta alagoana Mariana Moura, especialista em arte contemporânea. Com formação em Milão, foi lá que ela conheceu Geovana e estabeleceu uma conexão que agora se reflete nesta mostra. Mariana também foi responsável por inserir um elemento inédito na exposição: uma poesia da artista, impressa entre as obras, reforçando a fusão entre palavra e matéria. As palavras falam, as obras fazem sentir.
A exposição “Sertões” poderá ser visitada na Galeria Hugo França até 20 de junho de 2025.
Sobre a artista Geovana Cléa
Reconhecida internacionalmente, Geovana Cléa nasceu em Inhapi, no sertão alagoano, e há 28 anos transforma a terra em arte. Iniciou sua trajetória artística na Itália, onde realizou exposições em Milão, Roma, Veneza, Londres, Paris, Nova York e Dubai, com participações na Bienal de Veneza e no Salon National de Beaux Arts no Louvre. Hoje, é a única artista brasileira com obras à venda na icônica Harrods, em Londres.

A trajetória de Geovana Cléa é marcada pela experimentação e pelo respeito às tradições. Foi em 2013 que fez sua primeira criação com barro rachado, transformando a textura da terra seca em linguagem artística. Agora, em Trancoso, essa jornada ganha um novo capítulo, onde cada peça é um testemunho da relação visceral entre a artista e a matéria-prima que dá forma às suas memórias.
Galeria Hugo França
A Galeria Hugo França está sediada em Trancoso no Sul da Bahia, na mesma área onde se encontra o Atelier Hugo França. Na margem da BA 0001 no entroncamento que dá acesso a Trancoso, a 7 Km do centro (quadrado histórico).
Um projeto de espaço pensado para abrigar exposições temporárias de artistas convidados, e intercâmbio com galerias que queiram expandir sua visibilidade em projetos aqui no sul da Bahia. A galeria foi projetada com um pé direito de 10m e área de 300m2, podendo abrigar obras de grandes dimensões, e seu entorno, gramados com áreas expositivas generosas.
Trancoso é um dos principais destinos turísticos brasileiro com um fluxo grande de estrangeiros, e um público frequentador de alto nível cultural. A galeria vem agregar ao turismo local um espaço onde possa ser mostrada a produção artística brasileira assim como receber artistas estrangeiros em residências artísticas.
E nesta área de 30.000 m2 de terreno, cercados de Mata Atlântica, é possível conhecer de perto o Atelier Hugo França em visita guiada pelos galpões que abrigam a produção o parque onde ficam o Residuo Florestal e o espaço com as obras acabadas.
Serviço
Sertões – por Geovana Clea
Galeria Hugo França – Trancoso
rodovia ba 001 s/n, próximo ao trevo trancoso/caraíva
*Abertura: 28 de fevereiro, Visitação até 20 de junho
*seg–sex 10h–17h. sáb, dom e feriados somente com horário marcado
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