“Marc Chagall: sonho de amor” no CCBB SP
A exposição entra em cartaz em 8 de fevereiro com 191 obras e entrada gratuita
O CCBB SP (Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo) abre as portas em 8 de fevereiro para a exposição “Marc Chagall: sonho de amor”. Serão 191 obras do artista franco russo de origem judaica que marcou o século XX pelo uso revolucionário das formas e das cores, criando um universo único em suas pinturas – fazendo delas verdadeiras obras poéticas. Não à toa, a mostra apresentará alguns de seus poemas e contará a trajetória de Chagall, pautada pelo amor que devotava à vida e às artes.
Considerada sucesso pela crítica brasileira, “Marc Chagall: sonho de amor” recebeu mais de 560 mil visitantes em sua temporada nos CCBBs Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte. A exposição contará ainda com a presença de obras do pintor que não haviam sido expostas nas itinerâncias anteriores. Desta vez, serão 12 obras oriundas de instituições brasileiras, cedidas especialmente para a exposição.
Na passagem por São Paulo, “Marc Chagall: sonho de amor” oferecerá também ao público performances de dança na obra Air Fountain, de Daniel Wurtzel, e a intervenção cênico-musical Bella e o violinista, entre outras novidades. É previsto ainda um ciclo de debates e uma palestra com a curadora da mostra, Lola Durán Úcar. Será uma oportunidade para o público compreender, a partir de diversas linguagens artísticas, a vida de Chagall e seu legado artístico. Os ingressos para a palestra poderão ser retirados gratuitamente em bb.com.br/cultura ou na bilheteria física do CCBB SP.
Assim como o amor, a poesia de Chagall, versada em paixão, espiritualidade e melancolia, orienta a mostra. Em seus escritos, o artista afirma a influência dos versos na sua concepção de mundo: “Assim que aprendi a me expressar em russo, comecei a escrever poesia. De forma tão natural quanto respirar. Que diferença faz se é uma palavra ou um suspiro?”.
Sobre o artista
Nascido em 7 de julho de 1887, no bairro judaico da cidade de Vitebsk, na antiga Rússia, Marc Chagall viveu uma vida quase centenária, chegando aos 97 anos de idade. Faleceu na França, em 1985, após atravessar a Revolução Russa e a 1a e 2a Guerras Mundiais, assistir à criação e consolidação do Estado de Israel e ser reconhecido como um dos nomes mais importantes da arte moderna, sobretudo pela criação de uma linguagem artística única.
Obras em Destaque
Com biografia marcada pela origem humilde e pelos inúmeros obstáculos à sobrevivência, mudou-se inúmeras vezes: viveu na França, nos Estados Unidos e na própria União Soviética, onde, após a Revolução Russa, ocupou o posto de Comissário de Belas Artes de Vitebsk, sendo responsável pela vida artística da cidade. Após breve atuação no cargo, Chagall mudou-se para Moscou, onde trabalhou, em 1920, nos painéis e no mural do Teatro Judeu, com grande repercussão naquele contexto. Em seguida, mudou-se para Berlim, onde havia sido reconhecido artisticamente desde 1914, partindo em 1922 para a cidade à qual dirigiu inúmeras declarações de amor e onde viveu a maior parte de sua vida: Paris, cidade em que atingiu sua plenitude artística.
Em sua trajetória única, Chagall fundiu diferentes culturas: a judaica, sua cultura de origem familiar; a russa, de nascimento; e a ocidental, por escolha. Em uma combinação especial de domínio técnico, respeito pelas tradições ancestrais e extrema sensibilidade na orquestração de formas e cores, abriu caminhos para o surrealismo, estabeleceu diálogo com o cubismo e fauvismo, criando um universo próprio, vibrante e imaginativo. Não menos importante é sua contribuição para as artes gráficas, em que alcançou pleno domínio das técnicas de água-forte e de litografia, produzindo séries gráficas de excepcional beleza e apuro técnico, à altura das obras literárias que as inspiraram. E para Chagall, a Bíblia ainda era a maior fonte de poesia de todos os tempos.
Módulos da exposição
São quatro seções. A primeira intitula-se “Origens e tradições russas” e nela está presente a marcante obra Aldeia Russa (Russian village), de 1929 e a obra Vendedor de gado (Le Marchand de Bestiaux), de 1922, cedida pelo MASP, que raramente é exposta. Também faz parte dessa primeira seção da mostra um dos mais importantes projetos de Chagall, no qual sua ideia de tradição está intimamente ligada à vida campesina da infância e adolescência no vilarejo de Vitebsk, na companhia de animais e cercado pela natureza. Destaca-se a série gráfica completa das Fábulas – inspirada na obra de La Fontaine, escritor francês do século XVII –, na qual dialoga com a cultura popular e penetra no comportamento humano, metaforizado nos textos do escritor francês.
Os trabalhos relacionados aos textos sagrados e ao universo espiritual de Chagall compõem o segundo bloco da exposição, intitulado Mundo Sagrado, que se subdivide em “Bíblia” e “A história do Êxodo”. Nele se destacam as pinturas No caminho, o asno vermelho (En route, l’âne rouge), de 1978, e Davi e Golias (David et Goliath), de 1981, além de gravuras coloridas à mão, que representam alguns dos capítulos mais importantes do Velho Testamento, como Moisés e Arão diante do Faraó (Moïse et Aaron devant Pharaon), Travessia do Mar Vermelho (Passage de la Mer Rouge) e Morte de Moisés (Mort de Moïse), estas com impressão realizada em Paris em 1956.
O terceiro segmento da exposição, intitulado Um poeta com asas de pintor, reúne trabalhos ligados ao regresso de Chagall do exílio nos Estados Unidos.
Por fim, o quarto e último módulo da mostra é intitulado “O amor desafia a força da gravidade”, em que o sentimento de amor, a sensação de estar apaixonado, o enlace dos enamorados são os temas das pinturas, reforçando sempre o fato de o amor ter sido a força motriz do artista, frente aos inúmeros obstáculos da vida. Ao seu lado, a musa e primeira esposa, Bella Rosenfeld, com quem partilhava uma visão muito particular de perceber e habitar o mundo. Apesar de sua morte prematura, Bella continuou a inspirar trabalhos de Chagall.
Consta dessa parte da exposição uma seleção de obras em que Chagall trata do tema ao longo de sua vida: Buquê de rosas (Bouquet de roses), de 1930, Os amantes com buquê de flores (Les amoureux au bouquet de fleurs), de 1935-1938, Grande nu (Grand nu), de 1952, O buquê da Lua ou Os lírios brancos (Le bouquet de la lune ou Les arums blancs), de 1946, Os amantes com asno azul (Les amoureux à l’anê bleu), de ca. 1955.
Serviço
Exposição: Marc Chagall: sonho de amor
Local: Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
Data de abertura: 8 de fevereiro
Funcionamento: todos os dias, das 9h às 20h, exceto às terças-feiras
Ingressos gratuitos: disponíveis em bb.com.br/cultura e na bilheteria física do CCBB SP.
Entrada acessível: Pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e outras pessoas que necessitem da rampa de acesso podem utilizar a porta lateral localizada à esquerda da entrada principal.
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