A Baró Galeria exibe “Campo Minado”, do artista paulistano No Martins, com curadoria de Hélio Menezes. A individual é composta por 10 trabalhos, entre pinturas, vídeos, instalações e objetos, que propõem diálogo e análise da forma como os símbolos sociais interferem no direito singular de ir e vir em certas áreas das cidades.
A qualidade de seus trabalhos chama a atenção pela poesia, detalhamento e traço de suas criações. Mesmo se dedicando a analisar temas duros do cotidiano das grandes urbes, permite-se uma postura não radical, buscando a conscientização ao invés do ataque, pura e simplesmente. “As peças abordam questões de violência cotidiana que parte da população vivencia diariamente; ora uma violência por falta de acesso a determinados privilégios, ora a própria violência exercida nas ruas”, define o artista.
Nas palavras de Hélio Menezes, “O trabalho de No Martins não busca conciliação, não está à cata de boas maneiras. Antes, escancara o que se pretende velar, carrega ‘um desejo avassalador de ver, um anseio rebelde, um olhar opositor’, para usar o conceito de Bell Hooks, absolutamente extensível à prática deste jovem artista que desponta como um nome singular de sua geração”.
Retornando ao Brasil após um período de residência em Angola, No Martins mantém a temática de sua série anterior, uma vez que sua pesquisa continua focada nos mesmos temas que influenciam diretamente na escolha de suporte para novas obras. Como define o artista, “não há critério: pode ser uma bigorna e um martelo para falar da seletividade penal do judiciário ou uma vídeo-performance para discutir o genocídio da população negra no Brasil”.
“Em Campo Minado, o artista paulistano, nascido e residente à zona leste da cidade, apresenta um conjunto de obras que disseca as camadas de um racismo expressamente urbano, no qual o direito elementar de ir e vir é praticado ou restringido de maneira desigual entre negros e brancos, entre periferia e centro. Com fortes referências autobiográficas e explorando diferentes linguagens, a mostra individual de No Martins resulta de um mergulho profundo na subjetividade do artista”, define o curador.
No Martins teve seus primeiros contatos com as artes visuais nas ruas de São Paulo, através da Pixação e do Grafitti em 2003 aos 16 anos. Por conta da curiosidade em conhecer novas linguagens artísticas passou a frequentar os ateliês de gravura da Oficina Cultural Oswald de Andrade entre 2007 e 2011, onde foi aluno de artistas como Rosana Paulino e Kika Levy, entre outros. Cursou Licenciatura em História e Artes visuais.
Entre as exposições que participou se destaca Histórias Afro-atlânticas no MASP e Instituto Tomie Ohtake, eleita pelo New York Times a principal exposição de 2018.
Sua produção artística transita em meio a pintura, performance e experimentação com objetos, nas quais investiga as relações interpessoais cotidianas, principalmente a convivência do negro(a) no cotidiano urbano, problematizando questões de territorialismo, acesso, racismo, mortalidade e encarceramento da população negra brasileira.
Recentemente realizou residência em Luanda – Angola. Em sua agenda constam os eventos: BIENAL SESC Videobrasil (outubro 2019), exposição individual no Centro Cultural de São Paulo (CCSP) (setembro 2019).
Mestre e doutorando em Antropologia Social pela USP, onde atua como pesquisador do Núcleo de Estudos dos Marcadores Sociais da Diferença (NUMAS) e do núcleo Etno-História. Atualmente, trabalha como curador independente e tem desenvolvido reflexões sobre arte afro-brasileira, relações raciais, juventude negra, antropologia da imagem, museus, arte e ativismo. É também um dos curadores da exposição Histórias Afro-Atlânticas (MASP e Instituto Tomie Othake, 2018)..
Abriu suas portas em 2010 e desde então se estabeleceu como referência em arte internacional no circuito brasileiro. Dirigida pela expatriada espanhola Maria Baró, a galeria está localizada em São Paulo.
Baró Galeria busca realçar o diálogo entre artistas, curadores, colecionadores e instituições culturais. Baró tem como prioridade a exibição de trabalhos site-specific e projetos curatoriais, com grande ênfase nos artistas dos anos 1970 e 1980, como o filipino David Medalla, o mexicano Felipe Ehrenberg e o argentino Roberto Jacoby, possibilitando sua coexistência com um time de jovens talentos.
O constante fluxo de ideias, projetos e trabalhos atribui ao espaço uma atmosfera única. A galeria também hospeda um programa de residência para jovens artistas. A exposição History of Mondrian Fanclub: Hélio Oiticica, Lygia Clark, Lygia Pape é um dos muitos exemplos de excelentes mostras produzidas pela Baró Galeria.
Assim como outras mostras igualmente importantes e inéditas no Brasil como as de Tatiana Trouvé e Roman Signer, Lourival Cuquinha, Pablo Siquier, Daniel Arsham, entre outras. Extremamente ativa no mercado internacional, a galeria também participa de várias feiras como Miami Basel, Armory- NY, ArtBO, ArtBA, SP-Arte, ArtRio, MACO-Mexico, Arco-Madrid, ArtDubai, Pinta London e NY entre outras.
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