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Rosana Paulino inaugura, na Argentina, sua maior individual internacional

Por Equipe Editorial - março 21, 2024
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Rosana Paulino inaugura, no Malba (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires), “Amefricana” – sua exposição mais completa realizada fora do Brasil, dando início ao calendário de exposições de 2024 do museu. A mostra reúne um conjunto de obras realizadas ao longo de 30 anos, entre 1994 e 2024, sob a perspectiva que o Atlântico inscreve na América afrodescendente.

Em suas instalações, desenhos, gravuras, bordados e esculturas, Paulino aborda a escravidão e a violência da diáspora africana no Brasil como eixo central de sua prática, que além de artística, também é pedagógica e militante. Criadora versátil, ela explora diversas técnicas, com um especial apego à gráfica e ao desenho. Através de materiais específicos (como a sutura, costura e o uso do arquivo, entre outros), ela atravessa criticamente a história do Brasil, problematizando a construção étnica da nação.

As intervenções poéticas de Paulino reinscrevem os arquivos da diáspora africana na América do Sul. Ela o faz através do diálogo constante entre arquivos pessoais, arquivos históricos, questionamentos às matrizes da ciência ocidental (seus sistemas de classificação, hipóteses, formas de ordenar o mundo) e também através de uma abordagem dos afetos e circunstâncias da mulher negra na sociedade brasileira e latino-americana.

Rosana Paulino
Rosana Paulino, Amefricana, MALBA, 2024, photo by Alejandro Guyot

A exposição propõe um percurso para abordar esses conceitos a partir de uma poética complexa e profundamente afetiva. Inclui cinco grandes instalações, juntamente com desenhos, gravuras e um vídeo. Organiza-se em quatro grandes núcleos (“Memórias atlânticas”, “As estruturas coloniais da ciência”, “As narrativas da arte brasileira” e “Tecidos da subjetividade”) que não são zonas separadas, mas eixos de sentido que atravessam quase todas as obras de Paulino.

Rosana Paulino
Rosana Paulino, Amefricana, MALBA, 2024, photo by Alejandro Guyot

O título “Amefricana” deriva do conceito de “amefricanidade”, cunhado pela filósofa, ativista negra, feminista e socióloga brasileira Lélia Gonzalez (1935-1994). “Amefricanas” são as identidades individuais, estruturadas na vivência coletiva, daqueles que compartilham laços culturais contrários ao domínio colonial. O termo recolhe particularidades da figura da mulher negra e destaca sua participação ativa na história, ao contrário de outras narrativas racistas e sexistas que diminuem ou suprimem sua importância.

Sobre Rosana Paulino

São Paulo, Brasil, 1967.

É doutora em Artes Visuais pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo – Eca/USP, especialista em Gravura pelo London Print Studio na Inglaterra e licenciada em Gravura pela Eca/USP. Foi bolsista da Fundação Ford de 2006 a 2008 e da Capes de 2008 a 2011. Em 2014, obteve uma residência no Centro Bellagio da Fundação Rockefeller, Itália, e em 2017 ganhou os prêmios Bravo e ABCA (Associação Brasileira de Críticos de Arte) na categoria de Arte Contemporânea.

artistas brasileiros contemporâneos
Rosana Paulino

Sua obra foi exposta em importantes museus como o MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo; UNM – University of New Mexico Art Museum, Novo México, Estados Unidos e Museu Afro-Brasil – São Paulo, e na 59ª Bienal de Arte de Veneza. Entre suas exposições individuais destacam-se “O tempo das coisas”, na Mendes Wood DM, Bruxelas (2022); “A costura da memória”, na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2018); “Atlântico Vermelho”, no Padrão dos Descobrimentos, Lisboa (2017); e “Mulheres negras” no Espace Culturel Fort Griffon, Besançon, França (2014).

Rosana Paulino é representada pela Galeria Mendes Wood DM

Leia também: Rosana Paulino: biografia e trajetória

Catálogo

Por ocasião da exposição, o Malba publicará um catálogo com reproduções das obras expostas, além de um corpo de textos que contribuem e ampliam a recepção do trabalho da artista. O livro inclui ensaios ilustrados de cada um dos curadores e uma conversa entre ambos e Paulino, além de uma contribuição especialmente encomendada a Kanitra Fletcher, curadora de arte afro-americana e afro-diaspórica na National Gallery of Art em Washington. O volume é completado com a republicação de um texto da já falecida Lélia Gonzalez, pensadora brasileira autora do conceito de amefricanidade, e um glossário fundamental sobre este conceito elaborado pelo curador Weslei Chagas, especializado em arte e pensamento negro.

Serviço

Rosana Paulino | Amefricana
Data: 22/03 a 10/06/2024
Local: Malba (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires)
Endereço: Av. Figueroa Alcorta 3415. C1425CLA Buenos Aires, Argentina

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