A Bienal das Amazônias abre as portas de sua primeira edição com um corpo curatorial coletivo e constituído apenas por mulheres – intitulado “Sapukai”, palavra da língua Tupi que pode ser traduzida para o Português como “grito”, “clamor” ou “canto”. A mostra, cujo tema é “Bubuia: Águas como Fonte de Imaginações e Desejos” vai reunir 121 artistas dos oito países da Pan Amazônia e da Guiana Francesa a partir de 08 de agosto de 2023.
A temática desta primeira edição é inspirada na obra do poeta abaetetubense. João de Jesus Paes Loureiro, que defende o conceito do “dibubuísmo” amazônico, uma referência à relação estética e cultural entre as águas e os corpos que habitam este território.
Os artistas que irão compor a mostra foram cuidadosamente selecionados por Sapukai com o intuito de assegurar a representatividade de todos os povos formadores da Pan-Amazônia, conforme explica a curadora Vânia Leal. “A lista foi construída olhando para uma Amazônia profunda, que tem a perspectiva de que não existe uma produção amazônica e sim um rizoma de multifacetadas individualidades. Olhar por este caminho traz um projeto de discussão sobre a Amazônia, que leva em conta atores geopolíticos e suas pluralidades culturais. Meu olhar sobre os percursos curatoriais superou fronteiras legais com um compromisso com o contexto Amazônico”, ressalta.
Já a curadora Keyna Eleison destaca o fato de as obras escolhidas refletirem histórias individuais e coletivas dos artistas, assim como percursos artísticos bastante diversos, o que, por si só, pode representar um convite interessante para o público. “Vai ser possível observar como as particularidades das obras conversam entre si. Essa lista de artistas constrói vários movimentos nesse sentido, várias personalidades nesse lugar, então, ela não tem uma definição fixa, está no movimento em si. É uma forma complexa e muito sofisticada de imaginar uma coletividade de trabalhos a serem apresentados num espaço. Não só num espaço como numa cidade, como em todo um território, que não é só um simples território, mas um território marcado pela água”, analisa.
Segundo Vânia, a Bienal vai apontar caminhos produtivos de artistas que têm experiências não apenas com lugares diferentes, como campos, rios, florestas, mas também com povos diversos e vivências distintas, que envolvem experiências particulares aos povos que habitam as Amazônias. “As características são diversas e ora se aproximam, ora se distanciam, porque os trabalhos dos artistas acontecem no plano individual, mas desdobram-se em visões diversas da cidade, narrativas e culturas populares urbanas que atravessam múltiplas produções identitárias, que são fortalecidas a partir de um olhar de dentro para fora, numa produção simbólica através de linguagens diversas”, detalha.
Para Keyna, a Bienal busca romper com algumas ideias convencionais, embora seja, em essência, uma exposição de arte. “As cosmo-percepções, as soluções e as cosmovisões dos artistas conversam entre si. No entanto, esta é uma exposição que deseja trazer uma não conformidade em relação ao que a gente vê no encontro com a arte, mas, mesmo assim, não deixa de ser uma exposição de arte”, aponta.
Adriana Varejão, Alvaro Barrington, Anna Bella Geiger, Andreza Aguida, Amanda Leite, Antonieta Feio, Armando Queiroz, Auá – Awá Arã Mura, Aycoobo, Bonikta, Carlos Cruz-Díez, Soemi Amiemba, Victor Kilinan, Marcel Kakaï, Centre d’Art et de Recherche de Mana (CARMA), Carmézia Emiliano, Christian Bendayán, Genoveva Orirepia e Aida Chiqueno, Ana Picanere, Claudia Andujar, Claudia Coca, Cristiana Nogueira, Christie Neptune, Debá Tacana, Denilson Baniwa, Dirceu Maués, Duhigó, Éder Oliveira, Francisco Vera Paz, Elaine Arruda e Mestre João Aires, Elieni Tenório, Elisa Arruda, Elvira Espejo Ayca, Elza Lima, Emanuel Franco, Emmanuel Nassar, Evna Moura, Francelino Mesquita, Francisco da Silva, Theatro Fúria, Gabriel Bicho, Gê Viana, Gervane de Paula, Gerardo Petsaín, Glicéria Tupinambá, Graciela Arias, Gustavo Caboco, Hal Wildson, Hélio Melo, Heldilene Reale, Iwiri-Ki, Jairon Barbosa Gomes, Faísca, Joelington Rios, John Lie-A-Fo, Stéphanie Moreira, Lilly Baniwa, Sereia Caranguejo, Lúcia Gomes, Ti’iwan Couchili, Keyla Sobral, Keila Sankofa, Kenneth Flijders, Kit-Ling Tjon Pian Gi, Lastenia Canayo, Liça Pataxoop, Lise Lobato, Lua Cavalvante, Lova Lova, Manauara Clandestina, Marcel Pinas, Marcela Cantuária, Marcone Moreira, Maria José Batista, Mariano Klautau Filho, Marcos Zacariades, Mary Rodríguez, Miguel Keerveld, Miguel Chikaoka, Miguel Penha, Moara Tupinambá, Nay Jinknss, Nancy La Rosa, Nina Matos, Noara Quintana, Noemí Pérez, NouN e T2i, Pablo Mufarrej, Panmela Castro, Paola Torres Núñes del Prado, Paula Sampaio, Paulo Desana, Pituko Waiãpi, PP Condurú, PV Dias, Rafa Bqueer, Rafael Matheus Moreira, Ramon Reis, Rafael Prado, René Tosari, Roberta Carvalho, Roseman Robinot, Sandra Nanayna, Sãnipã, Sofia Salazar Rosales, Sofía Acosta Varea, Sandra Brewster, Tabita Rezaire, Thiago Martins de Melo, Ueliton Santana, Uýra Sodoma, Gilbertto Prado e Grupo Poéticas, Val Sampaio, Venuca Evanán, Véronique Isabelle e Débora Flor, Walda Marques, Waleff Dias, Xadalu Tupã Jekupé, Xomatok.
1ª Bienal das Amazônias
Rua Senador Manoel Barata, 400. Comércio – Belém, Pará, Amazônia.
04 de agosto a 05 de novembro
Aberto ao público, de terça à sexta, das 9h30 às 19h; aos sábados, de 11h às 20h, e aos domingo de 11h às 18h.
Realização: Bienal das Amazônias, Apneia Cultural, Ministério da Cultura, Governo Federal.
Você sabia que a rainha Elizabeth II já visitou o Brasil? E não foi uma visita em…
O hiper-realismo é derivado do fotorrealismo, e teve sua origem na segunda metade do século XX. A…
A cultura africana gerou grande influência na cultura mundial. No entanto, até os dias atuais,…
O MASP - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand realiza, com o apoio…
A Casagaleria recebe a exposição coletiva dos artistas ’uma pedrinha, uma nuvem, uma semente’, que…
Forever Is Now é uma exposição de arte contemporânea que reúne artistas de toda a…