Fotografia

A cidade desaparecida de Militão Augusto de Azevedo

Por Equipe Editorial - setembro 21, 2012
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Quem é o artista? Militão Augusto de Azevedo
O que vai ter na exposição? Fotografias
Até quando? 25 de novembro

Casa da Imagem discute a memória fotográfica urbana e seus materiais com mostra de Militão Augusto de Azevedo e instalação de Rochelle Costi

A Casa da Imagem, museu ligado à Secretaria Municipal de Cultura, inaugura no dia 22 de setembro, sábado, às 11 horas, a mostra A cidade desaparecida de Militão Augusto de Azevedo, com 80 imagens do primeiro fotógrafo que registrou a paisagem urbana paulista, e a instalação Tombo: R. Costi da artista Rochelle Costi, realizada a partir de pesquisas com material do acervo da instituição. Na ocasião, a Casa da Imagem também promove o lançamento do livro Militão Augusto de Azevedo, concebido em coedição com a Cosac Naify, com textos de Rubens Fernandes Junior, Heloisa Barbuy e Fraya Frehse. As mostras ficam em exibição até o dia 25 de novembro.

Organizada por Henrique Siqueira e Monica Caldiron, a mostra fotográfica resgata uma cidade desaparecida, da qual sobraram poucas igrejas, o traçado de algumas ruas e as fotografias produzidas por volta de 1862. Esta cidade contabilizava menos de 30 mil habitantes e encontrava-se na iminência de profundas adaptações às necessidades da modernidade e da nova ordem econômica.

A exibição também comemora os 150 anos das primeiras vistas urbanas da cidade, produzidas por Militão na ocasião em que fixou residência na cidade. Soma-se a série de 1862, imagens produzidas em 1887 para o Álbum Comparativo da Cidade de São Paulo 1862-1887, pouco antes do autor encerrar as atividades do seu estudio Photographia Americana. Para esta exposição foram selecionados documentos catalográficos, três negativos de vidro e 80 das 113 fotografias da Coleção Militão Augusto de Azevedo, sob guarda da Casa da Imagem, além da exibição do Álbum Comparativo da Cidade de São Paulo 1862-1887 pertencente à Biblioteca Mário de Andrade.

Para Siqueira, Militão “soube associar o cotidiano das ruas e a perspectiva de transformação presente em seu tempo à possibilidade que a fotografia oferecia para registrar a cidade, produzindo o primeiro inventário visual urbano e social da metade do século XIX”. Ao relacionar imagens capturadas do mesmo local em tempos diferentes, o autor propos uma metodologia de comparação histórica.

Militão Augusto de Azevedo (Rio de Janeiro RJ 18371 – São Paulo SP 1905).

Fotógrafo e ator. Tenta a sorte como ator e cantor lírico no Rio de Janeiro, entre 1858 e 1862, ano em que se muda para São Paulo e começa a fazer retratos e uma série de vistas da capital paulista para o estúdio Carneiro & Smith. É um dos retratistas da fotografia brasileira oitocentista mais produtivos, tendo realizado comprovadamente mais de 12.500 retratos ao longo de seus 25 anos de carreira. É como paisagista, porém, que se notabiliza, em virtude do “Álbum Comparativo da Cidade de São Paulo: 1862-1887. Efetua ainda importante documentação sobre a cidade portuária de Santos SP na década de 1870.

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Tombo:

A convite da Casa da Imagem, a artista Rochelle Costi exibe uma instalação com trabalhos inéditos realizados a partir de pesquisa com material do acervo da instituição, muitos dos quais estão no limiar na obsolescência ou mesmo em desuso. Seis arquivos de metal têm suas gavetas superiores convertidas em espaços expositivos, que podem ser observados por olhos mágicos.  Complementando o diálogo com o acervo e os fotógrafos que registraram a transformação da cidade, a artista também se apropria de imagens de negativos de vidro e fichas catalográficas criadas desde 1938 por Benedito Junqueira Duarte.

Em seus procedimentos, a artista se deixa contaminar pelo ambiente onde realiza sua pesquisa, aliando o espaço e seus objetos para a criação de suas obras. Nessa mostra fica clara a sua preocupação em não deixar cair no esquecimento objetos que encontram-se em fase de tombamento. Ironicamente, a artista resistiu a tecnologia digital até este ano e Tombo: marca a sua transição para a nova tecnologia.

Segundo Henrique Siqueira, Rochelle Costi “criou dispositivos para observar a transição da tecnologia fotográfica, articulando objetos que até uma década atrás pertenciam ao nosso dia-a-dia mas que, na atualidade, perderam seu uso e função na fotografia e estão sendo guardado nas prateleiras mais altas das instituições. Tombo:, o título da instalação, também remete ao recente inventário dos equipamentos analógicos elaborado pela Casa da Imagem e seu tombamento, e a retirada de circulação das fichas catalográficas em papel que, substituídas pelo banco de dados, estão sendo guardadas como objeto de acervo. Ao criar dispositivos óticos que focam estes objetos, Costi sugere ao observador um olhar mais crítico as iminências de desaparecimento.”  

Rochelle Costi (Caxias do Sul – RS, 1961)

Vive e trabalha em São Paulo. Fotógrafa e artista multímidia. Forma-se em comunicação social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUC/RS, Porto Alegre, em 1981. Freqüenta ateliês de arte na Escola Guignard e um curso de extensão sobre processos fotográficos do século XIX na Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG . De volta a Porto Alegre, faz instalações com fotografias e objetos que coleciona, tais como cinzeiros, malas, vidros e lâmpadas. Em 1983, realiza a mostra individual Tentativa de Vôo, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli – Margs e, a partir de então, expõe em outros Estados do Brasil. Nessa época, atua como fotógrafa de teatro e música. Vive em Londres, entre 1991 e 1992, período em que estuda na Saint Martin School of Art [Escola de Arte San Martin] e na Camera Work. Participa da 24ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1998, e das 6ª e 7ª Bienais de Havana, em 1997 e 1999, entre outras mostras internacionais. Em 1997, recebe o Prêmio Marc Ferrez de Fotografia da Fundação Nacional de Arte – Funarte e, três anos depois, a Bolsa de Artes da Fundação Vitae. Realizou exposições individuais em importantes espaços instituições como Museu de Arte do Rio Grande do Sul – Margs, Museu da Imagem e do Som – MIS SP, Instituto Tomie Ohtake, Centro Universitário Maria Antonia – Ceuma, CCBB São Paulo e Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM SP, entre outros.

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