Percorrendo as mostras que se destacam atualmente no campo da fotografia, o apreciador se defronta com imagens reveladoras do ser humano nas suas mais variadas circunstâncias, proporcionando um confronto de comportamentos que diagnosticam uma sociedade extremamente competitiva buscando se expor como forma de conquista de uma fama que se evapora em segundos.
A Casa da Imagem que vem realizando uma série de exposições que focaliza o fator comportamental/costume na dinâmica das transformações temporais, apresenta a extraordinária exposição “Não Oficial” do fotógrafo Paulo D’Alessandro, uma crônica visual das últimas três décadas cobrindo festas, eventos dos mais diversificados, além de viagens de uma sociedade privilegiada.
Um olhar refinado que capta com humor lances marcantes da retro cena dos pomposos acontecimentos sociais. Os trajes, os detalhes, nada passa despercebido pela lente do fotógrafo, compondo um painel intrigante dos costumes em voga dos anos 80 do século passado até o início dos anos 2000 em diante, uma panorâmica magnífica, lembrando um pouco a visão de Fellini, que abordava com sutileza e certa teatralidade o comportamento de uma elite regada a champanhe e caviar.
As 42 obras expostas ganham uma dinâmica pela excelente montagem que realça a agilidade do fotógrafo em registrar momentos únicos em segundos, desenvolvendo uma narrativa que envolve o visitante nas entranhas da pompa e da comicidade. Em cada imagem sente-se o prazer do registro transformado em inúmeras leituras interpretativas da condição humana com toda a magia que uma festa pode proporcionar, da perfeita luz aos devaneios dos encontros e da conversas que surgem nessas ocasiões em que as pessoas se soltam e revelam algo mais que as desmistificam em surpresas mil.
Os flagrantes são sempre espontâneos, dilacerando a postura sisuda, refletindo o fluxo emocional das festas nas suas multifacetadas expressões corporais, faciais, rítmicas e musicais, compondo um resgate precioso da memória de uma época, proporcionando uma experiência singular vivida pelo fotógrafo que se entrosa sutilmente no meio do evento registrando seus personagens no encanto de um clique mágico.
Paralelamente, no piso superior da Casa da Imagem, outra mostra instigante acontece, com o título “Cara, Corpo, Voz”, reunindo trabalhos de Claudia Guimarães, que registra o lado underground dos anos 90, no animado clima dos espaços e das ruas confrontando com o luxo das festas da elite, porém, com alguma sintonia, apesar das diferenças e semelhanças de dois mundos fechados.
Em 25 anos de carreira, a fotógrafa registra o lado decadente da noite com resquícios líricos atingindo uma sensualidade enigmática. A expressão “Cara Corpo Voz”, se originou de um bordão proferido por uma drag queen dos anos 90, numa antevisão das atuais discussões referente à identidade de gênero, tema atualíssimo na qual a mostra realiza uma crônica visual impactante.
Num outro extremo da cidade, mas precisamente no espigão da Paulista, no SESC Avenida Paulista, a grande exposição Gold – Mina de Ouro Serra Pelada de Sebastião Salgado reunindo mais de 50 imagens, documenta dramaticamente o garimpo de Serra Pelada, uma odisseia que marcou os anos 80, um registro dos mais pungentes da condição humana, no labor precário dos garimpeiros que com seus corpos cobertos de lama buscavam ouro, uma aventura sem precedentes na conquista da fortuna que na maioria das vezes não era alcançada. A montagem é impecável, ganhando uma grandiosidade que impressiona, cada imagem carrega uma força expressiva notável.
Seguindo o tema do garimpo, a Galeria Utópica apresenta a exposição A Febre do Ouro com 17 imagens do garimpo de Serra Pelada de autoria de Juca Martins, que foi o primeiro fotógrafo a registrar a desenfreada busca do ouro numa cratera de mais de 25 mil metros quadrados em plena floresta do Pará. As cenas dos garimpeiros carregando sacos de terra são bem representativas daquele momento singular da febre do ouro.
As mostras de fotografia percorridas refletem aspectos do comportamento humano nas mais diversas circunstâncias, propondo em última análise expor a fragilidade de uma sociedade em busca sempre do inatingível.
Conheça a fotografia árabe contemporânea
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