“A fotografia, que tem tantos usos narcisistas, é também um poderoso instrumento para despersonalizar nossa relação com o mundo”. A frase de Susan Sontag, crítica de arte e ativista política, aponta para a perda de uma referência estética positiva para as mulheres se reconhecerem, e assim, desenvolverem uma autoimagem otimista.
Na mídia e na propaganda, a fotografia ainda é utilizada para veicular imagens de um ideal de beleza irreal, causando a não identificação pela mulher com aquele corpo magro, aquele cabelo liso e, principalmente, consigo mesma como sujeito constituído de desejos e de poder. O que ocorre, de fato, nas imagens da mídia é essa despersonalização a que Sontag se referia.
Para resgatar a autoconfiança das mulheres com a sua própria imagem, surgem fotógrafas cujo foco é retratar toda essa pluralidade de corpos, cabelos e vontades. Conheça o trabalho de algumas delas.
O projeto “I love myself”, de Marina Bitten, tem por finalidade elevar a autoestima das mulheres retratadas e representar “aquele momento de harmonia consigo mesma que parece que passa em câmera lenta”.
Com o intuito de conectar a mulher com a natureza e consigo mesma, os ensaios fotográficos “Empreendedoras Criativas” e “Feminino – In Natura” de Fernanda de Oliveira registram momentos puros de escuta interna do corpo e expressam a energia criativa dos trabalhos autorais das retratadas.
Preta Ribeiro – Bailarina Coletivo O12
Um tanto instigantes, provocativas e até mesmo perturbadoras, as fotografias da artista visual e performer Luiza Prado revelam, de modo muito peculiar, o empoderamento feminino. Para ela, o seu trabalho fotográfico, que iniciou com autorretratos, foi a forma que a artista encontrou de exprimir em imagens os seus traumas psicológicos, com os quais outras mulheres se identificaram e quiseram, por meio da fotografia, expo-los como processo catártico.
Com o seu projeto “Nós, Madalenas”, Maria Ribeiro utiliza o feminismo para questionar os padrões de beleza. As mulheres fotografadas escolhem uma palavra, que representa o significado do feminismo para elas, e uma parte do corpo onde tal termo é escrito com batom vermelho. Sem o uso do photoshop, as imagens registram corpos reais, com suas estrias, celulites, cicatrizes e marcas.
Baseada em São Francisco, a americana Kacy Johnson fotografou 150 brasileiras por dois anos para o seu projeto “Corium”. As mulheres retratadas estão sempre de costas e o objetivo da fotógrafa é convidar cada uma delas a compartilhar em forma de texto seus pensamentos sobre pele, corpo, sexualidade e feminilidade.
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