Categories: Fotografia

Kome

De quem é o projeto? Roberto Maxwell
O que vai ter na exposição? Fotografias e vídeos (documentários)
Até quando? 25 de agosto

Mostra “Kome” acontece na Japonique

Projeto de fotografia e vídeo de Roberto Maxwell acontece em São Paulo; já passou por Recife e Porto Alegre

Uma reflexão sobre o primeiro ano após a tragédia de 2011 sob o ponto-de-vista da formaçãode novas relações comunitárias. É com este mote que o jornalista carioca Roberto Maxwell, radicado no Japão, apresenta a mostra “Kome – Pós-desastre e reorganização comunitária no Nordeste do Japão” na loja Japonique, na Vila Madalena, em São Paulo. Na abertura, acontece uma demonstração de mochi (bolinho feito de arroz batido) e apresentação de shakuhachi (flauta tradicional feita de bambu) com o músico Danilo Tomic.

As fotos, em preto-e-branco, representam imagens estáticas encontradas em diversas áreas de Tohoku em viagens realizadas durante os meses de março e abril de 2012. Já os vídeos contam histórias de personagens que vivenciaram a tragédia e que se engajaram em ações de formação de novas comunidades. A exposição conta com apoio da Japonique, Associação Cultural e Assistencial da Liberdade (ACAL) e Danilo Tomic. Antes de chegar a São Paulo, a mostra passou por Porto Alegre (Casa de Teatro) e Recife (Espação Peligro).

Design Week 2012

A mostra é uma das atividades da Japonique, que participa da Design Week, que acontece de 23 a 26 de agosto de 2012 em São Paulo. Outras atrações são a venda especial da designer de superfície Rachel Hoshino e o workshop de furoshiki com especialista Jane Aki, que acontece dia 25 de agosto.

Arroz, elemento de união

“Kome” é “arroz”, em japonês. As sociedades asiáticas tem uma forte relação com o arroz que exerce um forte poder aglutinador nessas sociedades. Os japoneses comem o arroz em praticamente todas as refeições. Puro, servido como sushi, em bolinhos — o onigiri — e, até mesmo, como doce. Um dos pratos mais tradicionais do Japão é o mochi, uma espécie de bolinho feito com massa de arroz. O mochi é extremamente versátil. Pode ser comido com acompanhamentos salgados, como o molho de soja shoyu, ou doces como o anko, uma geleia de feijão azuki.

Outro ponto interessante do mochi (lê-se ‘moti’) é a sua preparação caseira. Em geral, as famílias preparam mochi em ocasiões festivas, como o Ano Novo. O mochizuki (a preparação do mochi) é uma atividade que envolve a família como um todo e é vista como um símbolo de união e cooperação. O mochi é preparado em uma espécie de pilão onde o arroz, depois de cozido no vapor, é amassado até se tornar uma massa coesa. Em seguida, a massa é dividida em pequenos bolinhos que são consumidos.

Reestruturando os laços comunitários

Depois do desastre de 11 de março de 2011, milhares de pessoas passaram a viver em residências temporárias. Nestes conjuntos residenciais, o desafio é viver tão próximo dos demais vizinhos, algo incomum na região atingida pelo tsunami que, em boa parte, era uma área periurbana ou rural. A nova situação redesenhou as comunidades, à medida que, devido aos problemas enfrentados, os moradores acabam percebendo a importância de atuar em conjunto nas negociações com os governos, voluntários e demais agentes sociais.

KOME traz fotografias das áreas afetadas um ano depois do tsunami e, ainda, mini- documentários que contam três histórias que mostram o desafio de construir esses laços. “Mochi” é a história de Shoji Yamada, um pescador que perdeu a casa e os instrumentos de trabalho no tsunami. Vivendo num conjunto de residências temporárias em Sendai, a 370 km de Tóquio, ele passa uma tarde de domingo com os vizinhos fazendo o mochi num dia especial, o Hina Matsuri, o dia das meninas.

“A Caldeira” conta a história de Shintaro Suzuki, líder comunitário em Shibitachi, uma pequena vila de pescadores localizada a cerca de 500 km da capital japonesa. A família Suzuki é uma das fundadoras da vila. Após um terremoto, há mais de 100 anos, a família construiu um “kama”, uma enorme caldeira de ferro aquecida a lenha como forma de oferecer água quente para os moradores das áreas afetadas pelo tsunami que se seguiu ao sismo. Seguindo a tradição familiar, o senhor Suzuki abriu as portas de sua casa para servir água quente aos desabrigados.

“Titi Freak – Grafite para Ishinomaki” conta como o artista brasileiro Titi Freak levou sua arte para os moradores de um conjunto de residências temporárias na cidade de Ishinomaki, a 400 km de Tóquio. Seu desafio foi criar uma marca distintiva para cada um dos blocos uniformes do conjunto residencial. Mesclando seu trabalho, de forte influência japonesa mas com cores bem brasileiras, com os interesses dos moradores, ele criou painéis e uma intensa relação com os membros da comunidade.

Sobre o Artista

Roberto Maxwell nasceu no Rio de Janeiro, em 1975, e é graduado em geografia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro e em Cinema pela Universidade Estácio de Sá. Mestre em Ciências Sociais pela Universidade de Shizuoka, está radicado no Japão desde 2005. Atua como repórter freelancer, produtor para diversos veículos e emissoras do Brasil e Japão, além de ser apresentador da Rádio Japão da NHK World, a rádio-televisão pública do Japão.

Dirigiu os curtas “Fome” e “Tá Tudo Dominado”, ambos realizados em 2001. Em 2003, teve seu projeto “A Missa dos Mortos” selecionado pelo edital Curta Criança do Ministério da Educação do Brasil. A série “Curta Criança” recebeu o prêmio regional da América Latina e Caribe de melhor programação para o Dia Internacional da Criança no Rádio e na Televisão em 2004 e concorreu ao Emmy Internacional.

No Japão, produziu os curtas “Dekassegui” (Menção Honrosa no Curta-SE), “Yoyogi Koen de Rock Wo” e “Pátria Amada, Brasil”. Como parte de coletivo The Rabadas Cinema Clube, organizou uma série de eventos e mostras de filmes brasileiros em cidades como Tóquio, Shizuoka, Hamamatsu e Kawasaki.

No ano passado, incluiu a fotografia em seu rol de atividades e apresentou a exposição “Wadaiko – Coração Japonês”, em Tóquio. Para realizar “Kome”, viajou para o nordeste do Japão diversas vezes, sempre conjugado o trabalho jornalístico com a arte.

Abertura: Sábado, dia 11 de agosto às 10h

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Paulo Varella

Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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