Quem é o artista? Thiago Bortolozzo
O que vai ter na exposição? Aquarelas, fotografia, entre outros.
É um bom programa? Sim
A galeria é conceituada? Sim
Até quando? 19 de janeiro de 2013
Galeria Transversal realiza a exposição Coordenadas, de Thiago Bortolozzo, de 4 de dezembro a 19 de janeiro, com vernissagem dia 1° (sábado)
Individual do artista brasileiro residente em Berlim apresenta série de aquarelas, fotografias e uma instalação em que construções e estruturas revelam espaços indeterminados e paisagens transitórias
O questionamento das fronteiras do espaço das artes, a sobreposição de contextos, com instalações que se apropriam de estruturas de construção, trailers ou rampas de skate, são algumas das características do trabalho do artista Thiago Bortolozzo. Com uma instalação, aquarelas e fotografias, o artista apresenta a exposição Coordenadas, de 4 de dezembro a 19 de janeiro (abertura para convidados dia 1 de dezembro), na Galeria Transversal.
Thiago Bortolozzo reside em Berlim desde 2007, onde cursa mestrado na Universidade de Arte de Berlim (UDK) e, desde então tem realizado diversas exposições pela Europa. No Brasil, participou da 26° Bienal Internacional de São Paulo (2004); Geração da virada 10+1: os anos recentes da arte brasileira no Instituto Tomie Ohtake; Virada Cultural (2007); MAM 60 na Oca (2008), entre outras exposições.
Para a exposição em São Paulo, Bortolozzo desenvolveu trabalhos em diversas linguagens artísticas que refletem sobre o processo de construção de estruturas, entre eles aquarelas, fotografias e uma instalação que dialoga com o espaço da galeria.
As aquarelas da série “Bausstelle”, que significa canteiro de obras em alemão, convidam a descobrir e decifrar imagens que em um primeiro momento parecem desordenadas, mas que se insinuam por meio de sombras e espaços de janelas, portas e andaimes de prédios em construção. A materialidade dos prédios não aparece pois o que é pintado são somente os suportes e sombras que geram a imagem. “As estruturas se dissolvem em manchas como se retornassem ao seu lugar de origem”, diz Bortolozzo.
“Bausstelle” parte de uma coleção de imagens de prédios em construção na cidade de Berlim, mais especificamente dos prédios da região central da cidade que “alteram e renovam a paisagem urbana e ocupam os espaços vazios que antes eram o charme da cidade”. Hoje os terrenos vazios, muitos deles provenientes do muro de Berlim, vem sendo ocupados por luxuosos prédios e lofts.
Lugares abandonados, paredes e andaimes aparecem nas fotografias de Thiago Bortolozzo, onde linhas e formas desenhadas, escoras de construção, faixas de trânsito, elementos mínimos despercebidos em nosso cotidiano ganham um valor gráfico que saltam de sua condição cotidiana. Neste conjunto de fotos, o artista registra o entorno das construções e canteiros de obra da cidade de Berlim.
O artista
Principais exposições
The Law of the Market, Freies Museum Berlim (2012)
Salão de artes de Vinhedo, Vinhedo Brasil, Premio Aquisição (2012)
Plattaform Festival, Performance Heavy Metal, parceria com Yiannis Pappas, Wilhelmshaven, Alemanha (2011)
La Belle Alliance, Mehringplatz 11, Berlim (2011)
Transition Zone, Gallery Magnus Müller, paintings and intervention, Berlim (2009)
Deslocamentos, Embaixada do Brasil em Berlim (2009)
Around Berlin, Barcelona (2009)
Mam 60, MAM São Paulo (2008)
Indifference is bliss, Berlim (2008)
Vital Brasil: Canteiro de obras Virada Cultural, São Paulo (2007)
MAM na Oca, São Paulo (2006)
Geração da Virada 10+1. Instituto Tomie Ohtake, Sao Paulo (2006)
Exposição dos Prêmios de Aquisição, Centro Cultural Sao Paulo (2005)
Dos anos 60 até os dias de hoje. Centro Cultural São Paulo (2005).
26 Bienal International de São Paulo (2004)
A imagem de Sao Paulo, MAM São Paulo (2004)
MAM Sao Paulo (2004)
Rock Rampa, Temporada de projetos, Paço das Artes, São Paulo (2004)
Paço das Artes, São Paulo BR (2003)
Rumos Visuais Itau Cultural; Recife, Sao Paulo, Belo Horizonte (2003)
Vital Brasil, Programa de Exposições, Centro Cutural São Paulo, São Paulo (2002)
Obras em coleções públicas
Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM
Pinacoteca do Estado de São Paulo
Coleção Finstral, Italia
Prêmios
Premio Aquisição Salão de Artes de Vinhedo, 2012 “Aquarela Baustelle” (2011-2012)
Premio de estudante estrangeiro na Alemanha do Daad (2011)
Premio Aquisição “Vital Brasil”, Centro Cutural São Paulo (2002)
Instalações
Vital Brasil, Centro Cultural São Paulo, São Paulo (2002)
Vital Brasil, 26° Bienal Internacional de São Paulo (2004)
Geração da virada 10+1: os anos recentes da arte brasileira, Instituto Tomie Ohtake (2005)
Virada Cultural, Anhangabaú, (2007)
Plano de Saúde e Casa Própria, Galeria Rosa Barbosa, São Paulo (2004)
Deslocamentos, Embaixada do Brasil na Alemanha (2009)
Bazar, Freies Museum Berlin, Berlim (2012)
Espaços Intermediários (2009)
Por Hugo Fortes (Artista e professor doutor na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo)
Os trabalhos de Thiago Bortolozzo constituem-se em espaços intermediários entre a arquitetura, a escultura, a instalação e a pintura na sociedade contemporânea. Seus experimentos escultóricos tendem a ser prolongamentos da arquitetura do local expositivo, criando fricções com o espaço institucional. Em trabalhos mais antigos, Bortolozzo criava estruturas precárias realizadas com materiais baratos da construção civil, quebrando assim com a assepsia do cubo branco da galeria e deixando à mostra os procedimentos construtivos que a arquitetura insistia em esconder. De certa forma, ele expunha o esqueleto da construção como se virasse do avesso o corpo do edifício. Ao invés de falar da pureza da forma e de sua autonomia, seus trabalhos exibiam uma certa fragilidade, que lembrava o equilíbrio instável de favelas e palafitas.
Em outra série de trabalhos, seu interesse desloca-se para a investigação do espaço da institucional não apenas em suas características arquitetônicas, mas enquanto local de legitimização da arte. O museu e a galeria são percebidos como espaços voltados para o entretenimento e assumidos como tal, e o artista passa a usá-los propositalmente para oferecer uma irônica diversão a seu público. Rampas e pistas de skate e carrinhos de tromba-tromba são expostos como arte, trazendo o parque de diversões para o interior do museu e da galeria. Em uma época em que as fronteiras entre o popular e o culto, entre arte e o entretenimento, entre o espaço público e o privado são borradas, o trabalho de Bortolozzo oferece uma reflexão crítica a respeito destas dinâmicas.
Na exposição desenvolvida para a galeria Magnus Muller em Berlim, o artista utiliza-se da pintura e da instalação lado a lado para questionar ainda mais estas fronteiras. Suas pinturas de toboáguas coloridos, criadas a partir de fotografias de parques aquáticos encontradas na internet, exibem estruturas construtivas vazias e solitárias, que parecem ter perdido sua utilidade original. Ninguém escorrega alegremente por seus toboáguas. Suas formas escultóricas parecem monstros abandonados e inúteis, pura artificialidade construída para a diversão humana. A técnica hiperrealista destas pinturas acentua a sensação de distanciamento do observador, levando-o a enxergar como foto, o que na verdade é pintura.
Como complementação da exposição, Thiago Bortollozo constrói um deck que se inicia no espaço externo da galeria e avança para o seu interior, onde ele insere uma pequena piscina. Com um certo humor, o artista rompe com a formalidade original da galeria, oferecendo ao espectador uma possibilidade de diversão real. O freqüentador da galeria, entretanto, não pode escorregar descontraído nos toboáguas de suas pinturas e terá que vencer os limites das convenções sociais para mergulhar em sua piscina. O artista solicita ao observador que vá além dos limites da superfície e perceba as tensões existentes nos espaços intermediários e fluidos da sociedade contemporânea.
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