Categories: Gente de Arte

As Desbravadoras da Alma

A escultura, a palavra, a dança. Formas da expressão humana que em raras vezes explodem através de uma potência criativa transformadora, como para essas três mulheres: Louise, Clarice e Pina, as artistas desbravadoras

Louise Bourgeois

A mais velha e mais longeva delas, Louise Bourgeois, encontrou na Arte o caminho para a própria salvação. Sua famosa frase,

“ Art is a guarantee of sanity. That is the most important thing I have said.”

Louise Bourgeois

Arte é uma garantia de sanidade. Isto é a coisa mais importante que eu disse, pode de forma absoluta sintetizar toda a sua obra.

Seus escritos pessoais escancaram seu processo criativo, que buscava no seu mais profundo âmago o material necessário para desenvolver seu trabalho. Seus traumas, experiências, conquistas e questões constituíram a matéria prima de sua obra, sempre permeada de uma intensa intimidade.

Para Louise não havia distinção entre a criação e o ser criador, sendo que suas esculturas e pinturas eram extensões dela própria.

Essa coragem de expor-se ao máximo, trazendo à tona e ao público toda sua essência e pessoalidade, fez com que seu trabalho fosse absolutamente independente de qualquer classificação em estilos ou escolas.

Clarice Lispector

Contemporânea à Louise, e assim como ela, uma imigrante que fez sua vida em território americano, nossa querida e “brasileira” Clarice Lispector também usou de sua arte literária como um canal poderoso para questões inomináveis que preenchiam sua alma e sua vida pessoal.

Apesar de se mostrar sempre em volta de uma aura de mistério, tomando o absoluto cuidado de não expor sua intimidade, os textos de Lispector revelam de forma intensa tudo aquilo que a movia, e que fazia parte da sua experiência de vida. As dores da feminilidade, os conflitos com o outro, os limites e as intersecções entre o ser feminino e o ser masculino, a maternidade, o casamento e as relações de forma em geral, são os combustíveis para a excepcional obra dessas duas mulheres.

Pina Bausch

Pina Bausch, alemã nascida em meio à Segunda Guerra Mundial, vem também para integrar o time dessas mulheres espetaculares. Seu meio de expressão, a dança, extrapolava os limites do corpo físico e em suas coreografias o espectador pode ver muito mais do que técnica e controle corporal, ao contrário, ele é arrebatado por pessoas que dançando revelam toda a sua humanidade.

Os gestos traduzem a beleza, as dores, alegrias, vícios e virtudes da existência, e nas palavras da própria Pina, o que interessa não são os movimentos, mas sim o que nos movimenta.

Sua famosa frase: Dança, dança sem isso estamos perdidos

“Dança, dança sem isso estamos perdidos”

Pina Bausch

Dança, dança sem isso estamos perdidos, ecoa com o pensamento motriz de Louise, na qual a arte é o caminho absoluto para a compreensão de toda complexidade que é a vida humana.

A própria Clarice reconhece a incapacidade de traduzir em palavras tudo aquilo que nos move, e consegue expressar isso em geniais construções na língua portuguesa. Também através de seus textos, ela explicita as entranhas capazes de dar movimento e vazão a todas as profundezas da alma.

Para quem perdeu a magnífica exposição de Louise Bourgeois no ano passado no MAM/RJ e no Instituto Tomie Ohtake em SP, ainda há tempo de vasculhar a internet e todas as publicações que permitem um contato com sua obra.

Wim Wenders, cineasta alemão, presenteia todos os amantes das artes com uma obra belísssima filmada em 3D em homenagem à Pina Bausch. Ainda em cartaz no circuito paulistano, considero imperdível para aqueles que se interessam pelo processo criativo e revolucionário dessa grande artista.

E para quem ainda não entrou em contato com Clarice, uma dica! Procure hoje mesmo um de seus magníficos trabalhos disponíveis em todas as bibliotecas e livrarias do país, e vejam que dança, artes plásticas e literatura convergem sim para um único ponto: a exploração máxima de toda a potencialidade humana!

Não foi possível salvar sua inscrição. Por favor, tente novamente.
Sua inscrição foi bem sucedida.
Gabriela Albuquerque

Com formação em Letras e Crítica e Curadoria de Artes, Gabriela é daquelas pessoas que caminha pelo mundo prestando atenção em linhas, formas, cores e sons. Atualmente mora na capital dos EUA , Washington DC, de onde irá compartilhar impressões e descobertas dentro desse universo incrível que só a arte proporciona.

Recent Posts

Artivismo: A Arte como Ferramenta de Transformação Social e Ambiental

No entrelaçamento entre estética e resistência, o artivismo surge como uma linguagem disruptiva que transforma…

3 horas ago

Entendendo a Arte Contemporânea: Um Guia para Artistas em Ascensão

Neste artigo, exploramos o que define a arte contemporânea, como ela é interpretada e quais…

4 horas ago

Sesc Ver-o-Peso, no Pará, exibe exposição do fotojornalista Ary Souza

O Sesc Ver-o-Peso segue, neste mês de abril, comemorando o seu aniversário de 15 anos.…

21 horas ago

Como Artistas Plásticos Podem Aumentar sua Influência nas Redes Sociais em Pouco Tempo

Este artigo apresenta estratégias práticas para artistas plásticos ampliarem sua influência nas redes sociais, com…

1 dia ago

7 estratégias para um artista conquistar o mercado de arte

Aumentando a Importância Social de Artistas por meio de Engajamento Estratégico Online e Offline Resumo…

2 dias ago

Sinais Sociais Influenciam Mais os Preços da Arte do que a Estética.

O mercado de arte é uma fascinante combinação de estética, prestígio e especulação, onde uma…

2 dias ago