Dia das Bruxas (em inglês: Halloween), é uma celebração que acontece em vários países de origem inglesa no 31 de outubro, na véspera da festa cristã do Dia de Todos os Santos.
Ela começa com a vigília de três dias do Allhallowtide, o tempo do ano litúrgico dedicado a lembrar os mortos, incluindo santos (hallows), mártires e todos os fiéis falecidos.
Acredita-se que muitas das tradições do Halloween originaram-se do antigo festival celta da colheita, o Samhain, e que esta festividade gaélica foi cristianizada pela Igreja primitiva.
A comemoração, a linguagem e o significado do festival de outubro mudava conforme a região. Os galeses celebravam, por exemplo, o “Calan Gaeaf“. Há pontos em comum entre este festival realizado no País de Gales e a celebração do Samhain, predominantemente irlandesa e escocesa, mas há muitas diferenças também.
Em meados do século VIII, o papa Gregório IIIº mudou a data do Dia de Todos os Santos de 13 de maio – a data do festival romano dos mortos – para 1º de novembro, a data do Samhain.
Não se tem certeza se Gregório III ou seu sucessor, Gregório IV, tornaram a celebração do Dia de Todos os Santos obrigatória na tentativa de “cristianizar” o Samhain.
Mas, quaisquer que fossem seus motivos, a nova data para este dia fez com que a celebração cristã dos santos e de Samhain fossem unidos. Assim, tradições pagãs e cristãs acabaram se misturando.
O Dia das Bruxas que conhecemos hoje tomou forma entre 1500 e 1800.
Fogueiras tornaram-se especialmente populares no Halloween. Elas eram usadas na queima do joio (que celebrava o fim da colheita no Samhain), como símbolo do rumo a ser seguido pelas almas cristãs no purgatório ou para repelir bruxaria e a peste-negra.
Outro costume de Halloween era o de prever o futuro – previa-se a data da morte de uma pessoa ou o nome do futuro marido ou mulher.
Em seu poema Halloween, escrito em 1786, o escocês Robert Burns descreve formas com as quais uma pessoa jovem podia descobrir quem seria seu grande amor.
Muitos destes rituais de adivinhação envolviam a agricultura. Por exemplo, uma pessoa puxava uma couve ou um repolho do solo por acreditar que seu formato e sabor forneciam pistas cruciais sobre a profissão e a personalidade do futuro cônjuge.
Outros incluíam pescar com a boca maçãs marcadas com as iniciais de diversos candidatos e a leitura de cascas de noz ou olhar um espelho e pedir ao diabo para revelar a face da pessoa amada.
Comer era um componente importante do Halloween, assim como de muitos outros festivais. Um dos hábitos mais característicos envolvia crianças, que iam de casa em casa cantando rimas ou dizendo orações para as almas dos mortos.
Em troca, eles recebiam bolos de boa sorte que representavam o espírito de uma pessoa que havia sido liberada do purgatório.
Igrejas de paróquias costumavam tocar seus sinos, às vezes por toda a noite. A prática era tão incômoda que o rei Henrique III e a rainha Elizabeth tentaram bani-la, mas não conseguiram. Este ritual prosseguiu, apesar das multas regularmente aplicadas a quem fizesse isso.
Em 1845, durante o período conhecido na Irlanda como a “Grande Fome”.
A Grande fome de 1845–1849 na Irlanda (em irlandês: An Gorta Mór ou A Grande Fome) foi um período de fome, doenças e emigração em massa entre 1845 e uma data variável entre 1849 e 1852 em que a população da Irlanda se reduziu entre 20 e 25 por cento.
A fome provocou a morte de um milhão de pessoas aproximadamente e forçou mais de um milhão a emigrarem da ilha principalmente para os Estados Unidos e Canadá.
A causa mais próxima da fome foi uma doença provocada pelo oomiceto Phytophthora infestans, que contaminou em larguíssima escala as batatas em toda a Europa durante a década de 1840.
Apesar de a Europa inteira ter sido atingida, um terço de toda a população da Irlanda dependia unicamente de batatas para sobreviver, e o problema foi exacerbado por vários fatores ligados à situação política, social e econômica que ainda são matéria de debate na comunidade acadêmica.
Não é coincidência que as primeiras referências ao Halloween apareceram na América pouco depois disso. Em 1870, por exemplo, uma revista feminina americana publicou uma reportagem em que o descrevia como feriado “inglês”.
A princípio, as tradições do Dia das Bruxas nos Estados Unidos uniam brincadeiras comuns no Reino Unido rural com rituais de colheita americanos. As maçãs usadas para prever o futuro pelos britânicos viraram cidra, servida junto com rosquinhas, ou “doughnuts” em inglês.
O milho era uma cultura importante da agricultura americana – e acabou entrando com tudo na simbologia característica do Halloween americano. Tanto que, no início do século XX, espantalhos – típicos de colheitas de milho – eram muito usados em decorações do Dia das Bruxas.
Foi na América que a abóbora passou a ser sinônimo de Halloween. No Reino Unido, o legume mais “entalhado” ou esculpido era o turnip, um tipo de nabo.
Uma lenda sobre um ferreiro chamado Jack que conseguiu ser mais esperto que o diabo e vagava como um morto-vivo deu origem às luminárias feitas com abóboras que se tornaram uma marca do Halloween americano, marcado pelas cores laranja e preta.
A lenda de Jack O’Lantern remonta a centenas de anos na história da Irlanda. Das muitas histórias sobre Stingy Jack. Aqui está a história mais popular:
Stingy Jack era um bêbado miserável e velho que gostava de pregar peças em praticamente todos: família, amigos, sua mãe e até o próprio Diabo.
Um dia, ele enganou o Diabo para que ele subisse em uma macieira. Depois que o Diabo subiu na árvore, Stingy Jack rapidamente colocou cruzes ao redor do tronco da árvore. Incapaz de tocar uma cruz, o diabo ficou preso na árvore. O Stingy Jack fez o Diabo prometer a ele que não levaria sua alma quando ele morresse. Uma vez que o diabo prometeu não levar sua alma, Stingy Jack removeu as cruzes, e o Diabo desceu da macieira.
Muitos anos depois, Jack morreu, ele foi para os portões do Céu e foi informado por São Pedro de que ele era mau e cruel, e levara uma vida miserável e sem valor na terra.
O Stingy Jack não foi autorizado a entrar no céu. Ele então desceu ao inferno e ao diabo. O diabo manteve sua promessa e não permitiu que ele entrasse no inferno. Agora Jack estava com medo. Ele não tinha para onde ir, a não ser vagar eternamente no escuro Netherworld entre o céu e o inferno.
Ele perguntou ao diabo como ele poderia sair, pois não havia luz. O diabo jogou-lhe uma brasa das chamas do Inferno, para ajudar o Stingy Jack a iluminar o caminho. Jack tinha um nabo com ele.
Era uma de suas comidas favoritas, e ele sempre carregava uma com ele. Jack esvaziou o Nabo e colocou a brasa que o Diabo lhe dera dentro do nabo. Daquele dia em diante, Stingy Jack percorria a terra sem um lugar de descanso, iluminando o seu caminho enquanto ele seguia seu “Jack O’Lantern“.
Em toda a véspera de Halloween, os irlandeses escavaram nabos, batatas e beterrabas. Eles colocaram uma luz neles para afastar os maus espíritos e manter Stingy Jack longe.
Estes eram os originais Jack O’Lanterns. Nos anos de 1800, algumas ondas de imigrantes irlandeses chegaram à América. Os imigrantes irlandeses descobriram rapidamente que as abóboras eram maiores e mais fáceis de esculpir. Então eles usaram abóboras para Jack O’Lanterns.
Foi nos Estados Unidos que surgiu a tradição moderna de “doces ou travessuras”. Há indícios disso em brincadeiras medievais que usavam repolhos, mas pregar peças tornou-se um hábito nesta época do ano entre os americanos a partir dos anos 1920.
Hoje, o Halloween é o maior feriado não-cristão dos Estados Unidos. Em 2010, superou tanto o Dia dos Namorados e a Páscoa como a data em que mais se vende chocolates. Ao longo dos anos, foi “exportado” para outros países, entre eles o Brasil.
No Brasil, desde 2003, também se celebra neste mesma data o Dia do Saci, fruto de um projeto de lei que busca resgatar figuras do folclore brasileiro, em contraposição ao Dia das Bruxas.
O Dia do Saci consta do projeto de lei federal nº 2.762, de 2003 (apensado ao projeto de lei federal nº 2.479, de 2003), elaborado pelo deputado federal Chico Alencar, (PSOL – RJ) e pela vereadora de São José dos Campos Ângela Guadagnin (PT – SP), com o objetivo de resgatar figuras do folclore brasileiro, em contraposição ao “Dia das Bruxas“, ou Halloween, de tradição cultural celta. Propõe-se seja celebrado em 31 de Outubro
Em 1964, uma dona de casa de Nova York chamada Helen Pfeil decidiu distribuir palha de aço, biscoito para cachorro e inseticida contra formigas para crianças que ela considerava velhas demais para brincar de “doces ou travessuras”.
Logo, espalharam-se lendas urbanas de maçãs recheadas com lâminas de barbear e doces embebidos em arsênico ou drogas alucinógenas.
Atualmente, o festival tem diferentes finalidades: celebra os mortos ou a época de colheita e marca o fim do verão e o início do outono no hemisfério norte. Ao mesmo tempo, vem ganhando novas formas e dado a oportunidade para que adultos brinquem com seus medos e fantasias de uma forma socialmente aceitável.
Ele permite subverter normais sociais como evitar contato com estranhos ou explorar o lado negro do comportamento humano. Une religião, natureza, morte e romance. Talvez seja este o motivo de sua grande popularidade.
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