Oscar Wilde (Oscar Fingal O’Flahertie Wills Wilde) nasceu na cidade de Dublin em 16 de outubro de 1854.
O segundo de três filhos, foi criado numa família protestante (depois convertendo-se à Igreja Católica), estudou na Royal School de Enniskillen e no Trinity College de Dublin. Ganhou depois uma bolsa de estudos para o Magdalen College de Oxford.
Wilde saiu de Oxford em 1878. Um pouco antes de ganhar o prêmio “Newdigate” com o poema “Ravenna”.
Ele passou a morar em Londres e começou a ter uma vida social bastante agitada, sendo logo caracterizado pelas atitudes extravagantes.
Oscar foi convidado para ir aos Estados Unidos a fim de dar uma série de palestras sobre o movimento estético por ele fundado, o esteticismo, ou dandismo, que defendia, a partir de fundamentos históricos, o belo como antídoto para os horrores da sociedade industrial, sendo ele mesmo um dândi.
O dândi (em inglês, dandy) é o cavalheiro perfeito, um homem que escolhe viver de maneira intensa. Como uma máscara, ou um símbolo, é uma subespécie de intelectual que dá um enorme valor e atenção ao esteticismo e à beleza dos pormenores. É um pensador, contudo diletante, ocupando o seu tempo com lazer, atividades lúdicas e ociosas. Tem uma obsessão pela classe e é um dissidente do vulgar.
Em 1883, foi para Paris e entrou para o mundo literário local, o que o levou a abandonar seu movimento estético. Voltou para a Inglaterra e casou-se com Constance Lloyd, filha de um rico advogado de Dublin, indo morar em Chelsea, um bairro de artistas londrinos.
Constance teve dois filhos, Cyril, em 1885 e Vyvyan, em 1886.
Em 1892, começa uma série de bem sucedidas histórias, hoje clássicos da dramaturgia britânica:
A importância de ser Prudente (baixe aqui o livro)
Nesta última, o ar cômico começa pelo título ambíguo: Earnest, “fervoroso” em inglês, tem o mesmo som de Ernest, nome próprio.
Publica contos como O Príncipe Feliz, O Gigante Egoísta e O Rouxinol e a Rosa, que escrevera para os seus filhos, e O crime de Lord Artur Saville.
A esfinge sem segredo (baixe aqui)
O seu único romance foi: O Retrato de Dorian Gray (baixe aqui)
A situação financeira de Wilde começou a melhorar, e, com ela, conquistou uma fama ainda maior. O sucesso literário foi acompanhado de uma vida bastante mundana, e suas atitudes tornaram-se cada vez mais excêntricas.
Wilde, após a visita à casa de um amigo conheceu o jovem Alfred Douglas, ou Bosie como era apelidado, o terceiro, e mais problemático, filho de John Douglas, o Marquês de Queensberry.
Todavia, o Marquês abominava o relacionamento do filho com Oscar, chegando a exigir que Alfred cessasse qualquer tipo de relacionamento que possuía com Oscar, ele via de forma suspeita a convivência que o seu filho tinha com o escritor.
O Marquês, sendo motivado mais por sua personalidade litigiosa que o exercício da moral vitoriana, tendo em vista que assim como era um ateu fervoroso, como frequentador habitual de “lugares mal-afamados”, endereçou um bilhete a Oscar, onde havia escrito:
“A Oscar Wilde, que assume atitudes de sodomitas”
Wilde, após receber o bilhete do porteiro do Albermarl Club, foi convencido, em grande parte por influência de Alfred, a tomar providências e se encontrou com o procurador Humphreys. Ele acusou o Marquês de Queensberry de difamação, e exigiu uma intervenção imediata, o procurador acatando o pedido, deteve o Marquês.
Com o início do processo, nenhum dos lados estava disposto a ceder, e após uma falha tentativa de solução amigável, o Marquês, por intermédio de seu advogado, pediu para que fosse provada a ilegalidade da situação.
Com essa jogada os lados se inverteram Wilde, acusador, tinha que provar que as acusações eram falsas, enquanto Queensberry tinha que defender o próprio fundamento e provar a veracidade dos fatos apontados pelo seu bilhete. Uma situação que poderia ter sido ignorada facilmente cresceu sem proporções.
Durante o interrogatório do agora réu, Wilde foi perguntado se conhecia e sabia de Taylor (um intermediário que, supostamente, agenciava jovens para o escritor), e de suas inesperadas “mascaradas”, ou seja, do hábito de se travestir e do ambiente “suspeito” de sua casa, “pouco iluminada e extremamente perfumada”.
Wilde não sabia mentir, e a cada novo testemunho mais detalhes comprometedores foram revelando as suas intimidades e seus variados encontros com jovens, enquanto isso a pintura de Wilde como “corruptor da juventude” tomou forma e passou a dar suporte inestimável à acusação. O caso, então, tornou-se irreversível.
Em 5 de abril de 1895, deu-se início a uma das muitas audiências transcorridas durante o mês. Ao meio dia, Wilde saiu em companhia de Alfred Douglas e Robert Ross. Às 15:30 da tarde o inspetor Brockwell perguntou ao juiz Bridge se podia emitir o mandado de captura, tendo a esperança secreta de que Wilde estivesse em território francês. Oscar não pretendia fugir, esperava cautelosamente a sua eventual condenação.
Em maio de 1895, após três julgamentos, ele foi condenado a dois anos de prisão, com trabalhos forçados, por “cometer atos imorais com diversos rapazes”.
Nesse período, Wilde escreveu uma denúncia contra Bosie, publicada no livro:
De Profundis (baixe o livro aqui)
Nessa denúncia, Oscar acusa Bosie de te-lo arruinado. No terrível período da prisão, Wilde redigiu uma longa carta a Douglas, que chamou de De Profundis.
A imaginação como fruto do amor foi uma das armas que Wilde utilizou para conseguir sobreviver nas condições terríveis da prisão. Apesar das críticas severas a Douglas, ele possivelmente alimentava o amor dentro de si como estratégia de sobrevivência. A imaginação, a beleza e a arte estão presentes na obra de Wilde.
Após a condenação, a vida mudou radicalmente e o talentoso escritor viu, no cárcere, serem consumidas a saúde e a reputação. No presídio, o autor de Salomé (1893) produziu, entre outros escritos, De Profundis, o clássico anarquista, A Alma do Homem sob o Socialismo e a célebre Balada do Cárcere de Reading.
Oscar Wilde foi condenado a anos de trabalhos forçados por ser homossexual (um crime punível na Grã-Bretanha até 1966).
Enquanto estava na prisão, Wilde, umas das pessoas mais faladoras que já existiu, foi proibido de falar uma palavra, em qualquer momento, por dois anos. Constantemente faminto e mal alimentado, ele também sofria de disenteria e diarreia crônicas.
As prisões inglesas na época possuíam somente banheiros públicos e que podiam ser usados em períodos determinados. Para as emergências cada prisioneiro recebia uma vasilha e ele foi forçado a dormir em suas próprias fezes.
A cama de Wilde era uma tábua de madeira estreita e inclinada para cima, a poucos centímetros do chão de pedra fria. Ele não tinha colchão ou cobertor e sofria de insônia permanente. Canetas, lápis, tinta e papel não eram permitidos em uma das prisões.
Durante os dois anos em que ele esteve na prisão, uma vez por semana, tinha 15 minutos fora de seu confinamento durante o qual era forçado a andar em círculos dentro de um pátio fechado de tijolos sem vista para o exterior.
Oscar foi libertado em 19 de maio de 1897. Poucos o esperavam na saída, entre eles seu maior amigo Robert Ross.
Passou a morar em Paris e a usar o pseudônimo Sebastian Melmoth. As roupas tornaram-se mais simples e o escritor passou a morar num lugar humilde, de apenas dois quartos. A produtividade literária era pequena.
O fato histórico de seu sucesso ter sido arruinado por Lord Alfred Douglas (Bosie) tornou-o ainda mais culto e filosófico, sempre defendendo o amor que não ousa dizer o nome, definição sobre a homossexualidade, como forma de mais perfeita afeição e amor.
Oscar Wilde morreu de um violento ataque de meningite, agravado pelo álcool e pela sífilis, às 9h50 do dia 30 de novembro de 1900.
Em seu leito de morte foi aceito pela Igreja Católica Romana e Robert Ross, em sua carta para More Adey (datada de 14 de Dezembro de 1900), disse:
Ele estava consciente de que havia pessoas presentes e levantou sua mão quando pedi, mostrando entendimento. Ele apertou nossas mãos. Eu então fui enviado em busca de um padre e, depois de grande dificuldade, encontrei o Padre Cuthbert Dunne, que foi comigo e administrou o Batismo e a Extrema Unção — Oscar não pode tomar a Eucaristia.
Wilde foi enterrado no Cemitério de Bagneux, fora de Paris, porém em 1950 foi movido para o Cemitério de Père Lachaise.
Sua tumba é obra do escultor Sir Jacob Epstein, à pedido de Robert Ross, que também pediu um pequeno compartimento para seus próprios restos.
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