Separamos algumas curiosidades sobre a Semana de Arte Moderna de 1922, um evento marcante na história da arte e do Brasil. Nela diversos artistas apresentaram o movimento modernista brasileiro, entre eles Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e Heitor Villa-Lobos.
Durante a leitura do poema “Os Sapos”, de Manuel Bandeira, o público presente no Teatro Municipal fez coro e atrapalhou a leitura, mostrando desta forma uma desaprovação.
No dia 17 de fevereiro, Villa-Lobos fez uma apresentação musical. Entrou no palco calçando num pé um sapato e em outro um chinelo. O público vaiou, pois considerou a atitude futurista e desrespeitosa. Depois, foi esclarecido que Villa-Lobos entrou desta forma, pois estava com um calo no pé.
Após as críticas de Monteiro Lobato, Mário de Andrade e Oswald de Andrade, buscaram expor o Modernismo e defendê-lo. Surgiu, então, a ideia de fazer a Semana de Arte Moderna no Teatro Municipal de São Paulo, no mesmo ano em que a declaração de Independência completaria 100 anos. A data escolhida foi simbólica e representaria a “segunda” independência do Brasil – mas, desta vez, no sentido artístico.
Nesse momento, o apoio da elite paulista foi fundamental. Nesse contexto pertencente da República Velha, a oligarquia paulista tinha interesse em tornar São Paulo uma referência em criação cultural, posto que era ocupado pelo Rio de Janeiro.
Além disso, o início da efervescência paulista passou a se contrapor ao conservadorismo carioca, que era bem mais tradicional no ramo das artes. Assim, a Semana de Arte Moderna foi amplamente financiada pela elite cafeeira, que tomou a frente do evento que teria projeção nacional.
Em muitos momentos durante o evento, principalmente em seu primeiro dia, os organizadores surpreenderam o público com os conceitos artísticos e estéticos que apresentavam.
No caso de Oswald de Andrade, a questão foi puramente de extravagância. Os boatos que correm no meio acadêmico, entre os estudiosos da semana, é que ele, um dos idealizadores do evento, pagou para que estudantes do Largo São Francisco, escola de direito da USP, atirassem tomates nele próprio durante a declamação de um poema. Simplesmente pela polêmica.
Talvez porque a intenção fosse, de fato, experimentar e provocar mudanças, a Semana de Arte Moderna, na verdade, durou apenas três dias, alternados.
O evento esteve anunciado e programado para ocorrer entre os dias 11 e 18 de fevereiro, mas o Teatro foi aberto para as exposições nos dias 13, 15 e 17. Em cada dia, as apresentações foram divididas por tema: no dia 13, pintura e escultura; no dia 15, a literatura; e no dia 17, a música.
Ironicamente, alguns dos nomes mais importantes do Modernismo não estiveram presentes na Semana. É o caso de Tarsila do Amaral, provavelmente a pintora mais conhecida do movimento, que estava em Paris, e Manuel Bandeira, que ficou doente e faltou à declamação do seu próprio poema, Os sapos, no segundo dia.
Um dos principais nomes do evento, Anita Malfatti, foi duramente criticada por Monteiro Lobato. Em 1917, ele publicou um artigo no jornal O Estado de S. Paulo criticando a exposição de Anita, que tinha acabado de voltar da Europa e estava repleta de obras modernistas.
Como consequência, muitas das obras dela que tinham sido vendidas foram devolvidas, algumas delas inclusive destruídas.
Toda aquela modernidade não agradou o público. As pinturas e esculturas de formas estranhas, fizeram os visitantes se perguntarem se os quadros estavam pendurados da maneira certa. Os poemas modernistas eram declamados entre vaias e gritos da plateia.
A reação dos visitantes ecoou entre os especialistas, que trataram o movimento como desimportante e retomaram às críticas vorazes de Monteiro Lobato.
De fato, à época, a Semana de Arte Moderna não teve tanta importância. Mas, nos anos seguintes, o evento passou a ser considerado o marco que inaugurou o Modernismo no país e provocou os efeitos sentidos em todos os aspectos da cultura brasileira.
Divulgador das vanguardas europeias no Brasil, Vicente do Rêgo Monteiro (1899-1970) foi um precursor das ideias que nortearam a Semana de 22, com seu interesse nas lendas amazônicas e na produção de cerâmica marajoara desde a década anterior.
Deixou oito obras para serem expostas na Semana de Arte Moderna, mas, na época, vivia em Paris. Foi amigo de modernistas notáveis, como a pintora Anita Malfatti, o escultor Victor Brecheret e o pintor Di Cavalcanti, o que rendeu o convite à Semana.
Durante a Semana de Arte Moderna, Mário de Andrade fez a apresentação do esboço de um texto que seria publicado na íntegra apenas em 1925, chamado A escrava que não era Isaura. No ensaio, ele defende um maior aprofundamento do verso livre, da síntese no uso das palavras e frases e defende uma maior valorização do que há de brasileiro na língua (características centrais que aparecem no movimento modernista).
NASCIMENTO, Evando Batista. A Semana de Arte Moderna de 1922 e o Modernismo Brasileiro: atualização cultural e “primitivismo” artístico. Gragoatá, v. 20, n. 39. Acesso em: https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/33354
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Seria bacana colocar alguma fonte de onde a informações foram tiradas (livros, testemunhos, jornais), pois "curiosidades" - em se tratando de um evento histórico - fica com um tom meio superficial e parcial. O problema de ser parcial é sempre por que estes aspectos da Semana de Arte foram escolhidos e não outros (os que foram omitidos). Enfim... achei simpático, mas, se tivem as fontes de informação eu iria direto nelas para ler e conferir.
Abraços.
ERRATA:
*se a matéria tivesse as fontes de informação etc.
Legal Pedro, vamos trabalhar nisto.
Seria ótimo mesmo ter fontes, trabalho em sala de aula e sempre busco infos aqui, mas quase nunca uso, pois não trata as fontes e fico ressabiada de algum contexto, visto que não acho as infos em outras publicações.