A conexão entre o futurismo italiano e o fascismo foi conhecida. Aqui falaremos um pouco da psicologia dos intelectuais italianos no período antes e durante a Primeira Guerra Mundial que deu origem a esse fenômeno singular. É uma lição objetiva sobre como arte e política podem se conectar, e como essa mistura surge de uma base definida de classe e social.
Mas antes, é importante entendermos quem foi um dos principais idealizadores do futurismo e o que ele pensava.
Martinett nasceu no Egito em 1876 e foi um escritor, poeta, editor, ideólogo, jornalista e ativista político italiano. Foi o fundador do movimento futurista, cujo manifesto foi publicado no jornal parisiense Le Figaro, em 20 de fevereiro de 1909.
Suas primeiras obras foram poemas que escreveu para revistas literárias e, mais tarde. para sua própria revista – Poesia.
Publicou no jornal Le Figaro (1909), de Paris, um famoso manifesto em que mostrou sua oposição às fórmulas tradicionais e acadêmicas, expondo a necessidade de abandonar as velhas fórmulas e criar uma arte livre e anárquica, capaz de expressar o dinamismo e a energia da moderna sociedade industrial, que é considerado o texto fundador do movimento futurista. Este não foi o único movimento italiano de vanguarda, tendo sido no entanto o mais radical de todos, por pregar ruidosamente a anti-tradição. Indicava que as artes demolissem o passado e tudo o mais que significasse tradição, e celebrassem a velocidade, a era mecânica, a eletricidade, o dinamismo, a guerra.
Data do primeiro manifesto: 5 de fevereiro de 1909
É da Itália, que nós lançamos pelo mundo este nosso manifesto de violência arrebatadora e incendiária, com o qual fundamos hoje o “futurismo”, porque queremos libertar este país de sua fétida gangrena de professores, de arqueólogos, de cicerones e de antiquários. Já é tempo de a Itália deixar de ser um mercado de belchiores. Nós queremos libertá-la dos inúmeros museus que a cobrem toda de inúmeros cemitérios.
Quando Marinetti pediu “guerra” em seu Manifesto, ele não estava pedindo por uma guerra real, como em confrontos entre nações. O poeta estava exigindo uma rebelião contra o status quo, uma insurreição de classes oprimidas e um reconhecimento de que o passado era passado e morto e uma exigência de que o futuro seria reconhecido. Para Marinetti, o futuro estava presente; estava aqui, mas o futuro precisava ser compreendido.
O “movimento” que exigia um “manifesto” para explicar foi chamado primeiramente de Elettricismo ou Dinamismo, afirmando que o poeta estava exigindo uma “limpeza utópica”, ou um novo modo de vida para o futuro.
A distinção entre “Futurismo” e seus dois nomes anteriores foi significativa, não porque Marinetti acabou decidindo pelo “Futurismo”, mas porque esses nomes iniciais indicam que, para ele, a metáfora do futuro era a máquina, o que não era natural e mecânico e desumano.
O dinamismo (dinamismo) da máquina em movimento rápido, frequentemente alimentado por eletricidade (Elettricismo), que iluminava sistematicamente as grandes cidades e alimentava a indústria, era um significante do futuro, para todas as coisas que viriam.
O Partido Político Futurista (também conhecido como o Partido Futurista Italiano) foi um partido político fundado por Filippo Tommaso Marinetti em 1918, com o objetivo de ampliar e traduzir os ideais do movimento futurista para o campo político. O partido tinha um programa radical que incluía promover a paridade de gênero e abolir o casamento e a herança. A festa aderiu ao Fasci italiani di combattimento.
Mesmo antes da Grande Guerra, os futuristas estavam envolvidos no debate político e em três manifestos políticos: a primeira vez nas eleições gerais de 1909, pela segunda vez em 1911, a favor da guerra da Líbia; e pela terceira vez em 1917.
Somente depois do pós-guerra, pode-se falar de um partido “organizado” verdadeiro e apropriado, com um líder (Marinetti, é claro) e acima de tudo um órgão de imprensa: o jornal Roma Futurista, co-dirigido por Marinetti, Emilio Settimelli e Mario Carli: este último é aquele entre os futuristas e os Arditi, que por sua vez se organizam numa formação política e paramilitar.
Em dezembro de 1914 muitos facistas participaram da fundação do Fascio d’azione rivoluzionaria, que era intervencionista e com inspiração sindicalista revolucionária. Depois que a Itália entrou na guerra, ele foi dissolvido e muitos expoentes em seguida, ingressaram no Partido futurista.
Em 23 de março de 1919 os representantes da “Fasci politici futuristi” e da Associação de Arditi envolvidos foram convidados por Benito Mussolini para a reunião da Piazza San Sepolcro em Milão.
Isso é quando o Partido Futurist adere ao Fasci di combattimento, apesar de manter uma fisionomia própria. Após a derrota eleitoral do Fasci di combattimento, em novembro de 1919, Marinetti perder gosto pela política, e vai se esforçar para transformar o Roma Futurista em um jornal cultural, sem “os artigos políticos monótonos e chatos”.
Marinetti volta ao fascismo político alguns anos mais tarde, após o sucesso da marcha sobre Roma.
O manifesto do Partido futurista italiano centra-se nas coordenadas políticas do movimento futurista. Em primeiro lugar, há a educação patriótica do proletariado, a luta contra o analfabetismo, o ensino luta clássica, educação esportiva, obrigatório o ensino técnico em oficinas, a liberdade de greve, de reunião, organização, “abolição da polícia política, a justiça livre, a transformação da caridade na assistência e segurança social… Mais do que um programa do partido é o espelho do espírito vitalista e estética futurista avant-garde que em muitas maneiras alimentada pelo fascismo. Marinetti justamente citou ” o fascismo nasceu de intervencionismo e futurismo é alimentado princípios de futuristas “.
” para aqueles que têm um sentido de conexões históricas, o ideal de origem do fascismo é encontrado no Futurismo “.
Benedetto Croce (filósofo, historiador e político italiano)
O futurismo com sua ideologia agressiva apoiava a guerra e o fascismo da Itália. O desenvolvimento da ideologia fascista depois da primeira guerra tivera sua origem em alguns aspectos distintos do futurismo, anterior a ela: como a preocupação revolucionária com a reestruturação da sociedade e em seu culto a guerra e sua adoração da máquina. Com tudo isso em comum, os aspectos futuristas poderiam ser facilmente empregados na retórica fascista, mas a guerra havia sido um desastre, destrutivo até mesmo para o futurismo.
O que é tão notável no Futurismo é que, Marinetti e seus companheiros produziram um trabalho que transcende a causa italiana e as glórias da guerra. O trabalho é muito superior às mentes estreitas que o invocaram.
A idéia de uma cultura da máquina passou a ser vista com ceticismo, mas já antes disso, reações contra o futurismo já haviam surgido, primeiro com a filosofia como ciência do espírito, que insistia no domínio exclusivamente formal da arte e depois com a pintura o enigma da hora, uma imagem metafísica para prefigurar a nova tradição italiana.
Influenciadas pelo novecento a vanguarda arquitetônica milanesa começou-se a reinterpretar formas clássicas do mediterrâneo como uma antítese consciente do culto futurista a máquina.
Consciente de que o futurismo não podia representar uma ideologia nacionalista, o poder fascista optou, em 1931 por um estilo clássico simplificado e facilmente reprodutível e pressupunha uma monumentabilidade totalmente distante da realidade social.
Fontes: Futurismo, storia XXI secolo. Wikipedia, The futurista go to war (part 1), Forbes
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Gostaria de saber as referências usadas para este artigo.
Olá Kelvin:
https://defenestrando.wordpress.com/2006/12/19/guerra/
http://www.storiaxxisecolo.it/fascismo/fascismo19a.htm
Geralmente os links com as referências ficam no final da matéria. Fique a vontade para criticar.
Muitos equívocos aqui. Em primeiro lugar, a citação que você faz do manifesto é de uma data muito anterior à primeira guerra mundial, logo a guerra mencionada no manifesto está sendo colocada de forma metafórica. Em segundo lugar o movimento futurista é extremamente amplo e não se reduz apenas a figura de Marinetti. A maioria dos artistas futuristas nunca apoiou a primeira guerra mundial ou o fascismo. Quando o movimento fascista consolidou-se no poder na Itália, o movimento futurista, que é um movimento artístico, já estava estabelecido há muito tempo. O futurismo não é arte oficial de estado do regime fascista.
Acho que o Futurismo teve sim muita influência no Fascismo. Acho que você esquece que não existe só a arte visual em todo o contexto do Futurismo, mas muitos outras como a literatura. O Futurismo com uma das influencias diretas do Fascismo, com suas ideias que foram mal interpretadas em sua maioria, causando todo esse equívoco.
O Futurismo não é só isso, mas faz parte. Sugiro ler o artigo de Susana Ploeg A Recepção do Futurismo no Brasil que fala muito do contexto geral do movimento, suas influências e o que acabou culminando. Marinetti é usado como exemplo porque é o mais conhecido, mas caso você tenha desenvolvido estudos sobre outros autores desse movimento, com visões diferentes eu gostaria de ler!
Muito obrigado Maria Luana