Obras de arte desaparecidas das igrejas de Itu, no interior de São Paulo, têm sido motivo de uma grande investigação após denúncias de que foram negociadas diversas vezes por colecionadores particulares. Peças tombadas pelo Patrimônio Histórico e Cultural, que deveriam estar em igrejas, foram encontradas expostas em outros lugares, como um hotel de luxo em São Paulo. Uma obra, também desaparecida, foi localizada no acervo do museólogo, artista e curador Emanoel Araújo, e deveria ir a leilão em setembro. O evento foi cancelado até a conclusão das investigações.
No hotel Unique, em São Paulo, foi identificada uma estátua de São Jorge de quase 200 anos. A peça, que antigamente era usada durante procissões, é considerada desaparecida há mais de 50 anos e enfeita o lobby do hotel desde 2005. Os detalhes da armadura são cobertos de ouro, mas atualmente está desmontada e precisa ser restaurada. Ela teria sido derrubada e danificada depois de um turista ter subido no cavalo do santo. No entanto, nem o cavalo ou dragão fazem parte da obra original, que ganhou esses complementos quando passou a ser exposta no lobby há quase 20 anos.
O local original da obra, a Igreja do Carmo, em Itu – SP é conhecida pela quantidade de artigos sacros e igrejas bem conservadas. “Nós temos mais de 178 itens tombados em cada igreja, mas mais de 40 peças foram subtraídas”, conta o museólogo Emerson Ribeiro Castilho. Foi ele quem, no começo do mês, denunciou o paradeiro do São Jorge para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Em nota, o hotel Unique disse que aguarda um posicionamento do Iphan para entender melhor a questão e tomar providências.
No mesmo documento, o museólogo apontou, também, o sumiço do busto de Santo Elias, uma peça raríssima e que apareceu no catálogo de uma exposição nos anos 1980.
Não foi divulgado a quem pertencia o catálogo e nem onde está a obra atualmente.
A pintura “Cristo Escoltado”, que também estava desaparecida há décadas, foi localizada no acervo do artista plástico e colecionador Emanuel Araújo, que morreu em 2022.
O processo do inventário da coleção de Emanoel Araújo que antecedeu do leilão do seu acervo – um dos mais aguardados do ano – fez ressurgir a peça. De acordo com os oficiais, o quadro teria sido comprado e revendido várias vezes antes de ir parar nas mãos do colecionador.
O retrato seria incluído no leilão da coleção, com valor inicial estimado em R$ 40 mil, mas a descoberta levou à suspensão temporária do evento. Ainda não há data para a retomada do leilão e não se sabe qual o destino da obra.
“O processo de inventário do Emanuel Araújo é um processo público e transparente. Se amanhã essa obra for identificada como uma obra necessária para esse acervo, certamente haverá uma facilitação, uma possibilidade dela ser arrematada por quem de interesse”, diz o advogado Rubens Nalves.
Entre tantas obras perdidas, duas boas notícias: o Museu de Arte Sacra de São Paulo recebeu em julho de 2023 duas peças raríssimas, de cerca de 500 anos, desaparecidas há muito tempo.
Agora elas estão no museu e podem ser contempladas pelo público.
Com informações de G1.
Leia também: British Museum divulga fotos dos itens roubados
As férias estão chegando, e São Paulo está cheia de opções culturais imperdíveis! Com uma…
Fizemos um guia prático com dicas para te ajudar a ganhar dinheiro sendo artista. Hoje,…
Da segunda metade do século XVIII ao início do século XIX ocorreram inúmeras discussões no…
A Capela Sistina iniciada no século XV, deve seu nome ao Papa Sixto IV della…
Muitos séculos e fases caracterizaram o período de produção da arte grega. Embora se sobreponham,…
O termo “arte ultracontemporânea” foi adotado pela plataforma Artnet para designar trabalhos feitos por artistas…