Há pouco tempo atrás a cidade de São Paulo recebia Ara Malikian, um excêntrico violinista libanês, de origem armênia, que vem espalhando pelo mundo o seu brilhantismo em demonstrar seu domínio e técnica ao explorar os acordes de um pequeno violino.
Tive o prazer de prestigiá-lo e entender com meus próprios olhinhos o que ele é capaz de fazer em cima de um palco.
Apresentando um repertório composto por canções clássicas como Bach e Vivaldi, artistas contemporâneos como Piazzolla, música cigana, música flamenca e também pelo rock, como David Bowie e Radiohead, e algumas de sua autoria, tudo isso elaborado de uma forma precisa a qual transcorria o diálogo com o público e com sua trajetória de vida que nos era contada com muito carisma e bom humor.
Ara transpassa antigos paradigmas comportamentais daqueles que cultivam a música erudita pelo mundo. Sua inovação vai desde o seu figurino para os shows, até o saltos e piruetas que ele dá em plena performance. Sem exageros, eu poderia dizer que hoje ele seria um dos ícones mais originais do cenário musical no mundo, o que torna sem dúvida, ímpar.
Sua tamanha genialidade foi constata ao desenvolver seu primeiro concerto aos seus 12 anos de idade, e mais ainda quando foi convidado para estudar na Hochschule für Musik com apenas 14 anos. Mais tarde, ele continuou seus estudos na Escola de Música e Teatro de Guildhall, em Londres, recebendo aulas dos professores Franco Gulli, Ruggiero Ricci, Ivry Gitlis, Herman Krebbers e membros do Alban Berg Quartet.
Ao construir seu repertório próprio Ara assimilou música de outras culturas como as do Oriente Médio (árabe e judeu), da Europa Central (gipsy e Klezmer), da Argentina (tango) e da Espanha (flamenco), e tudo isso deu muito “ tempero” para sua criações.
Com um amplo repertório, que inclui a maioria de todas as peças importantes escritas para o violino (concertos com orquestra, sonatas e peças com piano e música de câmara), também estreou peças de compositores modernos como Franco Danatoni, Malcolm Lipkin, Luciano Chailly, Ladislav Kupkovich, Loris Tjeknavorian, Lawrence Roman e Yervand Yernakian.
Vem colecionando ao longo do tempo o reconhecimento de numerosas competições, entre as quais os primeiros prêmios obtidos nas competições internacionais “Felix Mendelssohn” (1987, Berlim, Alemanha) e “Pablo Sarasate” (1995, Pamplona, Espanha), além de outros prêmios como os das competições. “Niccolo Paganini” (Génova, Itália), “Zino Francescatti” (Marselha, França), “Rodolfo Lipizer” (Gorizia, Itália), “Jeunesses Musicales” (Belgrado, Jugoslávia), “Rameau” (Le Mans, Francia), “International Artists Guild” (Nova York, EUA) e “International Music Competition of Japan”. Em 1993, ele recebeu o “Prêmio de Devoção Artística e Realização” do Ministério da Cultura da Alemanha. Não foi sem motivos que Ara Malikian foi indicado duas vezes para o melhor desempenho clássico.
Atualmente vive em Madri, onde foi o mestre de concertos da Orquestra Sinfônica de Madrid (orquestra residente da Real Ópera de Madri). Em Le Boeuf sur le Toit, de D. Milhaud, na versão para violino e orquestra, sob a direção de Gómez Martínez; e no “Concerto para violino e orquestra em ré menor” de Aram Khachaturian sob a batuta de
Ara Malikian é, sem dúvida, um dos mais brilhantes e expressivos violinista do planeta no momento. Suas apresentações, cheias de energia e vigor, conquistam plateias e críticos em todo o mundo.
Dono de um estilo único, forjado a partir de suas origens e ricas vivências musicais, Malikian se tornou, em três décadas de carreira, uma das expressões artísticas mais originais e inovadoras do panorama musical.
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