Quanto custa sua felicidade?
” O conceito para este editorial foi de representar um mundo futurista, a materialização de uma atmosfera cibernética em um espaço físico, combinando referências de estética tumblr e dos anos 2000. Os modelos interagem entre si de modo a fazer uma crítica ao consumismo em que vivemos, conhecido como capitalismo. Todos os sentimentos foram deletados. A felicidade das pessoas se baseia em coisas e produtos, e pode ser comprada em qualquer loja de conveniência. “
Bem-vindo ao futuro do hiper capitalismo.
Enjoy!
Max Rocha.
Obras em Destaque
Conversei com o idealizador desse editorial. Max Rocha é fotógrafo e Designer de Moda em Brasilia.
1 . Nós sabemos que a arte tem, por uma de suas metas, refletir o contexto social de sua época. Como ela se caracteriza nos tempos atuais na sua concepção?
Acredito que a arte está presente na diversidade de suas formas nos dias atuais. Aos poucos as pessoas estão se tornando mais conscientes de sua liberdade, tanto criativa quanto em outros sentidos, se empoderando e se libertando de rótulos e dogmas do passado. A moda sem gênero, os vários movimentos e expressões artísticas na atualidade e uma série de outros exemplos na minha opinião comprovam isso. No caso do meu editorial especificamente eu procurei misturar diferentes referências afim de criar uma atmosfera específica. Acredito que a atualidade nos dá essa liberdade, um leque de possibilidades e diferentes escolhas e referências que estão à disposição e que podem ser combinados e usados de diversas formas.
2 . Como sobreviver de arte num país como o Brasil?
Sobreviver de sua própria arte é realmente algo bem complicado, na maioria dos casos porque as pessoas simplesmente não a valorizam. Tenho a impressão de que tudo aquilo que vem de fora é valorizado e se esquece de olhar para o que temos aqui dentro, isso acontece muito aqui em Brasília por exemplo, sinto muitas vezes meu trabalho sendo reconhecido por pessoas de fora, mas sempre por pessoas daqui. Mas apesar de tudo acho que o que se deve fazer é continuar e persistir, encontrar pessoas que pensem como você de modo que se apoiem uns aos outros e a partir daí produzir sua arte, pois uma hora ou outra você vai conseguir atingir as pessoas que realmente almeja e assim ter o reconhecimento que espera.
3 . A fotografia é uma produção intelectual primorosa, onde as emoções estão inseridas no contexto da criação. No que você pensa quando está fotografando? Você tem algum tipo de ritual na hora de fotografar?
Na maioria dos casos eu busco sempre uma narrativa onde eu possa amarrar todas as referências que pretendo usar, tento buscar um significado e sempre que possível criar um personagem para que essa história possa ser contada. Eu não tenho necessariamente um ritual, mas procuro sempre me inserir no universo que pretendo criar, através de músicas, filmes e coisas do tipo, assim assimilo tudo em minha cabeça e consigo direcionar os modelos e produção naquilo que pretendo criar.
4 . Me conte mais sobre conceito do seu editorial S S T M R E L0 A D. De onde surgiu essa visão sobre o consumismo desacerbado? Você se considera uma pessoa consumista?
O conceito do editorial é uma vertente dos conceitos usados para a criação da coleção da minha marca (@aka.brand), o nome S S T M R E L0 A D (system reload) foi escolhido por se tratar de um relançamento das peças e por trazer uma crítica ao sistema, sugerindo que talvez seja a hora de repensar algumas coisas. O tema da coleção é vaporwave, que tem como uma de suas bases a crítica ao consumo excessivo e ao capitalismo. No novo editorial eu quis trazer uma visão um pouco mais futurista dessa ideologia/estética agregando algumas outras referências. Acredito que todo mundo é consumista em algum aspecto, eu tento praticar um certo consumo consciente, mas estou longe ainda de ser um grande exemplo, porém acho que o propósito do editorial é justamente de trazer essa reflexão de “até onde vamos chegar com esse consumo excessivo?”, não só para as outras pessoas, como para mim mesmo.
https://soundcloud.com/paisan91/vhs