Vislumbrar a força da arte nos seus meandros, descobrir o poder de transformação da linguagem artística nos fluxos renovadores de propostas densamente elaboradas em reflexões oportunas, representa um constante prazer. Desmistificar posicionamentos avessos às incursões arrojadas, ser rebelde no momento certo e percorrer o dinamismo cultural atento a todas as manifestações enriquecedoras do ser humano é uma tarefa essencial num mundo cada vez mais fechado ao espírito humanista.
O ano de 2019 floresce na esperança de tempos melhores, mas o impacto das surpresas e dos confrontos diários é uma realidade que ninguém consegue controlar apesar das mirabolantes tecnologias disponíveis.
Dentre as comemorações que merece destaque é o centenário de criação da Bauhaus. A mais revolucionária escola de arquitetura, fundada em 21 de março de 1919, em Weimar, na Alemanha por Walter Gropius, transferida posteriormente para Dessau de 1925 a 1932, e finalmente para Berlim em 1933, a “Staatliche Bauhaus” representou um sopro de renovação na evolução das ideias e das técnicas modernas.
A escola transformou conceitos estéticos em propostas inovadoras no design, na pintura, nas artes gráficas, na arquitetura, na dança, no teatro compondo um capítulo expressivo da criatividade artística do século XX. Citando os mais conhecidos, foram seus mestres o pintor suíço Johannes Itten (1888-1967), os artistas plásticos Lyonel Feininger (1871-1956), Paul Klee (1879-1940), Oskar Schlemmer (1888-1943), Wassily Kandinsky (1866-1944) Laszlo Moholy-Nagy (1895-1946), o arquiteto suíço Hannes Meyer (1889-1954), Ludwig Mies van der Rohe (1886-1969), os aprendizes depois mestres, Marcel Breuer (1902-1981), Josef Albers (1888-1976) e o artista gráfico Herbert Bayer (1900-1985).
A formação da Bauhaus possibilitou uma notável revitalização das artes, abrangendo toda uma postura artística que influenciou várias gerações de artistas plásticos, designers e arquitetos, refletindo suas proezas numa ampla dimensão que repercute até os dias atuais.
A diversidade de propostas e pensamentos que se amalgamaram na instituição serviu de parâmetro no campo da pesquisa de novas formas funcionais tanto na arquitetura como no design, buscando uma dialética concepção filosófica da arte na harmonia perfeita de requintadas técnicas focalizadas no avanço do futuro.
Durante 14 anos de existência (1919-1933), a Bauhaus se distinguiu como a mais vanguardista escola de design do século XX. Fechada pelos nazistas em 1933 por considerarem sua expressão degenerativa, a instituição permaneceu viva por ter influenciado culturalmente as artes aplicadas no mundo todo. Gropius dizia: “A forma segue a função e todo o ornamento dever ser abolido”.
Atualmente, o Arquivo Bauhaus – Museu do Design, em Berlim, desenhado por Walter Gropius, em 1966, conserva preciosa documentação sobre a atuação da escola que tinha como meta inovar criando uma metodologia na difusão de conceitos com obras que podem ser apreciadas tanto na Europa como nos Estados Unidos, notadamente as construções projetadas por Mies van der Rohe. O belíssimo prédio construído em concreto com todas as superfícies visíveis trabalhadas em jato de areia e janelas de alumínio com cor de bronze abriga uma biblioteca que possui 22.000 volumes, abrangendo as diversas atividades criativas desse centro de pesquisas e estudos sobre arquitetura e design.
Deve ser destacado que a maior concentração de prédios vinculados aos conceitos da Bauhaus se encontra, porém, em Tel Aviv, Israel, o conjunto denominado Cidade Branca, patrimônio mundial da Unesco, representa uma referência notável para arquitetos e estudiosos do tema.
A Escola Bauhaus com as oficinas de escultura, teatro, pintura em vidro (vitrais), fotografia, metal, marcenaria, cerâmica/olaria, tipografia publicidade, design de exposições), pintura mural e tecelagem como os cursos de arquitetura, design, pintura, escultura e gravura proporcionavam uma formação ímpar, um novo olhar com concepções plásticas arrojadas.
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