Opinião

Arte em papel de Flávia Mesquita


“Nascida em São Paulo capital, Flávia Mesquita não é uma artista que se pode resumir em poucas linhas – apesar de que isso é o que vou tentar fazer agora! Esculpe, pinta, desenha, lida com tapeçaria e tecelagem, entre outras artes que desenvolve com tranquilidade, paciência, paixão e muito talento, sempre.

Diante do mundo digital, é possível dizer que ela recebeu uma nova ferramenta – e portanto também uma nova denominação: é artista digital que reúne a arte da tecelagem aos pixels da telinha do micro e cria a chamada “Trama em Papel”.

Suas “Teceduras” são apenas parte de uma história artística muito rica, que ela vem desenvolvendo mais recentemente, que me cativaram bastante. É arte digital da boa, mas eu também diria que vi toques de Vasarely e de Escher em suas obras – a Arte Contemporânea afinal, caminha de modo rico e a passos largos dentro do digital, apesar do que “mal dizem” por aí… 

Meeting Series, 2016.
Escultura plana – trama em papel.

Este foi um primeiro parágrafo que escrevi sobre o trabalho de Flávia Mesquita em dezembro/2016. Posso dizer a vocês que, lendo-o agora, percebo que consegui, de fato, dizer muito em poucas linhas. Mas o que é afinal esse trabalho que me fascinou há tanto tempo e eu não me dei por satisfeita pois só agora consigo abrir as portas do blog para fazer um ‘real post‘ – isto é, um post de verdade, daquele tamanho a que estou acostumada e que o trabalho de Flávia merece? Bem, quem viver verá, ou melhor, quem ler e analisar (ou “sentir”) direitinho com os olhos e com o coração essas imagens aqui, há de concordar comigo: não é um trabalho qualquer, que se encontra em qualquer canto.

Quando se olha em foto, sem prestar atenção, até parecem simples desenhos, linhas, mas quando você percebe, numa foto melhor ou num pequeno vídeo que se trata de um 3D e que as linhas na verdade são camadas /layers de papel muito bem cortados e montados, aí você percebe que maravilha de arte…

Quer dizer, isso acontece com quem curte arte, quem gosta de boa arte, quem gosta de trabalhos bem feitos, etc. Dá para reparar na dificuldade de se conceber, desenhar e executar algo assim? E depois como é montar, estruturar e manter bonito? Não se trata de uma ‘simples’ pintura onde você pega cavalete, tela e tinta e faz, fica pronto. É uma verdadeira ciência, um design, montagens que dão o que pensar e… o que falar.

Overlay, 2017.
Escultura em papel.

Fico pensando como é seu processo, de conceber, cortar e montar as peças, pensar as cores, os contrastes, ou apenas os encaixes. Me parece mesmo que há dentro de Flávia uma imaginação única para conceber este tipo de forma que se movimente livre e abstrata pelo mundo, sem motivo, sem início, sem meio e sem fim, com uma beleza única e diferente, geométrica, reta ou amorfa, mas num mundo muito particular onde só ela consegue entrar e de lá ‘sacar’ estas peças e trazê-las para nossa realidade.

Ela as chama de escultura plana ou trama em papel. Através dos vídeos que assisti deu para perceber que são tramas mesmo, estão ligados à tapeçaria sim, sua primeira “arte”, mas como são de papel, e é tão difícil mexer com algo molengo e desestruturado como este material – e a velocidade com que ela faz as coisas é impressionante – dá para pensar que se trata de esculturas mesmo, ou seja, algo mais ‘sólido’, bem mais sólido, pelo menos para ela, Flávia, que consegue transformá-lo quase em uma folha de metal – até mesmo visualmente – como se ele fosse bem mais rígido – o papel – e o trabalha com afinco.

Squares in Shape 6, 2017.
Escultura em papel.

Formada pela PUC-Campinas em 1981, desde então desenvolveu diversas atividades artísticas nas áreas de escultura, pinturas a lápis, tapeçaria, tecelagem, entre outras. Conta que o surgimento do mundo digital foi como se uma nova ferramenta lhe fosse concedida para trabalhar, e como ela desenvolveu várias atividades, tais como produtos, logomarcas, apresentações e vídeos, mantendo para isso um site e uma rede social independente.

Foi ainda professora de tapeçaria por mais de 10 anos, e descobriu que tecer não depende somente de fios, mas de ideias.  E daí passou a ‘tecer papeis’, usando os efeitos de sua superposição e entrelaçamento, o que faz de forma apaixonada por quase uma década com esses resultados realmente surpreendentes”.

Fusion, 2017.
Escultura Plana – trama em papel.

Maria Alice Miller

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Os artigos assinados pela equipe editorial representam um conjunto de colaboradores que vão desde os editores da revista até os assessores de imprensa que sugeriram as pautas.

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