A intolerância voltou a assombrar a arte. A exposição Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, em cartaz há quase um mês no Santander Cultural, em Porto Alegre, foi cancelada no domingo (10/09/2017) após diversos protestos nas redes sociais, que pedia o fechamento da mostra e foi articulada principalmente pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e grupos religiosos. A maioria se queixava de que algumas das obras promoviam blasfêmia contra símbolos religiosos e também apologia à zoofilia e pedofilia.
A mostra, com curadoria de Gaudêncio Fidelis, reunia 270 trabalhos de 85 artistas que abordavam a temática LGBT, questões de gênero e de diversidade sexual. As obras – que percorrem o período histórico de meados do século XX até os dias de hoje – são assinadas por grandes nomes como Adriana Varejão, Cândido Portinari, Fernando Baril, Hudinilson Jr., Lygia Clark, Leonilson e Yuri Firmesa.
Diante da forte repercussão repentina, o Santander esclareceu, por meio de nota, em um primeiro momento, que algumas imagens da mostra poderiam provocar um sentimento contrário daquilo que discutem. No entanto, elas tinham sido criadas “justamente para nos fazer refletir sobre os desafios que devemos enfrentar em relação a questões de gênero, diversidade, violência entre outros”. Dois dias depois o acontecimento, entretanto, o banco voltou atrás e cedeu às pressões dos críticos com medo de um forte boicote contra o Santander e de manchar a imagem da instituição financeira.
A Queermuseu abrange 223 obras de 84 artistas, como Adriana Varejão, Volpi, Lygia Clark e Leonilson, datadas dos anos 1950 até os dias de hoje.
É a maior exposição sob a alcunha queer no Brasil. A expressão da língua inglesa significa estranho, excêntrico, e era usada pejorativamente para se referir a homossexuais – mas foi reivindicada por movimentos LGBTI, passando a designar comportamentos que não se encaixam em padrões normativos de gênero.
Segundo o curador, a exposição busca investigar, e não “ilustrar”, a questão – refletindo, por exemplo, sobre como a ideia do estranhamento e do fora da norma pode contribuir para pensar a arte.
“Para tratar do impacto cultural conceitual, artístico e histórico da palavra queer, trago obras que não são queer. Que são formalistas, que não têm nenhuma relação com questões de gênero e sexualidade”, afirma Gaudêncio Fidelis.
Confira abaixo algumas das obras que integravam a mostra:
Parte da matéria originalmente publicada no EL PAÍS no dia 13 de setembro de 2017.
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