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Vlavianos, a dimensão da arte

A intensa atividade existente no fluxo da criatividade proporciona reflexões sobre as transformações de uma sociedade que busca valores perdidos no caos das influencias de um mundo onde as distancias se encurtam e a comunicação é direta sem obstáculos.

No panorama artístico brasileiro a escultura se posiciona como uma referência no confronto de novas linguagens acoplando incursões investigativas das formas em tempos conflituosos e espaços desafiadores.

Dentre os escultores que se destacam por representarem expressões de relevância Nicolas Vlavianos, considerado um arrojado mestre com um notável percurso estimula novos olhares. Na Estação Pinacoteca, a excelente mostra Trajetória reunindo 150 obras entre desenhos e esculturas possibilita ao visitante uma oportunidade ímpar, confrontando em épocas diversas o apuro estético de Vlavianos.

Nascido na Grécia, em 1929, se estabeleceu no Brasil em 1961, consolidando uma obra de forte impacto com uma dose de ancestralidade helênica que o diferencia lhe servindo de impulso para incursões sempre reveladoras. Os limites entre a figuração e abstração representam constantes desafios juntamente com a justaposição de resquícios geométricos irregulares.

Na série Personagens solidifica-se a relação do homem com a máquina com suas engrenagens e superfícies lisas, articulações rítmicas num dinamismo que reflete a diversidade de uma obra que se estrutura nas transformações do fluxo tecnológico, social e cultural questionando os valores impostos. Na série Astronautas a dimensão das peças vibra com os complexos detalhes a espelharem absurdas distancias em devaneios fulgurantes.

A formação de Vlavianos no campo da escultura floresceu em Paris no final dos anos 50 na Académie de Grande Chaumière com Ossip Zadkine e na Académie du Feu com Laszlo Szabo, na ocasião utilizava o bronze e o latão. Foi uma época crucial para definir os caminhos a serem percorridos conectando as potencialidades da linguagem escultórica, desenhos a se projetarem em resultados finais surpreendentes.

As formas geométricas com uma carga mitológica enaltece aspectos de sua vivencia cultural, buscando conectar as suas origens com as incursões revigorantes da reflexão sobre a relatividade do tempo. O ser humano em essência é sempre o mesmo com todas as suas fragilidades o que muda são as circunstâncias e as formas de se lidar com as incertezas. A obra de arte tem entre suas inúmeras leituras e interpretações as projeções lançadas pelos artistas nas mais instigantes propostas independendo dos suportes.

Na escultura certas questões são mais exponenciais, no caso de Vlavianos a relação humana com as engrenagens, vão muito além das máquinas, abrange sutilmente a estrutura de uma sociedade extremamente complexa onde nem sempre prevalece a apreciação estética.

Deve-se realçar sempre a sensibilidade e o apuro analítico das revoluções intimistas e universais frente aos conflitos destruidores de civilizações, ideias e sonhos.

A arte tem a capacidade de criar perspectivas envoltas em novos rumos proporcionando vigorosas reflexões e diálogos oportunos rompendo barreiras, uma contribuição essencial para se entender a mente humana.

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José Henrique Fabre Rolim

Jornalista, curador, pesquisador, artista plástico e crítico de arte, formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Unisantos (Universidade Católica de Santos), atuou por 15 anos no jornal A Tribuna de Santos na área das visuais, atualmente é presidente da APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes), colunista do DCI com matérias publicadas em diversos catálogos de arte e publicações como Módulo, Arte Vetrina (Turim-Itália), Arte em São Paulo, Cadernos de Crítica, Nuevas de España, Revista da APCA e Dasartes.

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