Este termo da língua inglesa performance designa as apresentações de dança, canto, teatro, mágica, mímica, malabarismo, referindo-se ao seu executante como performista (em inglês: performer).
Na segunda metade do século XX, surge um gênero artístico nos Estados Unidos com características específicas denominado em inglês como performance art, que seria traduzido como “performance arte”, “arte de performance“, ou “arte performática” (não confundir com arte performativa). Alguns teóricos, como o argentino
Jorge Glusberg, porém, interpretam que tal manifestação artística tem sua origem já na Antiguidade.
A palavra tem suas origens no francês antigo: parformance, de parformer — accomplir — (fazer, cumprir, conseguir, concluir) podendo significar ainda levar alguma tarefa ao seu sucesso. Palavra que se origina do latim, formada pelo prefixo latino per mais formáre(formar, dar forma, estabelecer). Em seu significado mais elementar pode significar iniciar, fazer, executar ou desenvolver uma determinada tarefa.
Em 1990 a Enciclopédia Britannica, de língua inglesa, registrava a entrada do termo performance, apenas juridicamente, como o ato de realizar o que está definido num contrato. Uma performance de sucesso seria aquela que desobrigaria os seus assinantes de qualquer outra responsabilidade contratual futura.
A palavra performance é formada pelo prefixo de origem latina per. Segundo o Dicionário Aurélio per pode assumir o significado de movimento através, proximidade, intensidade ou totalidade, como em percorrer, perdurar, perpassar.
O substantivo forma, também de origem latina, significando limites exteriores da matéria de que é constituído um corpo, e que confere a este um feitio ou configuração particular.
Forma de arte que combina elementos do teatro, das artes visuais e da música. Nesse sentido, a performance liga-se ao happening (os dois termos aparecem em diversas ocasiões como sinônimos), sendo que neste o espectador participa da cena proposta pelo artista, enquanto na performance, de modo geral, não há participação do público.
A performance deve ser compreendida a partir dos desenvolvimentos da arte pop, do minimalismo e da arte conceitual, que tomam a cena artística nas décadas de 1960 e 1970.
A arte contemporânea, põe em cheque os enquadramentos sociais e artísticos do modernismo, abrindo-se a experiências culturais díspares.
Nesse contexto, instalações, happenings e performances são amplamente realizados, sinalizando um certo espírito das novas orientações da arte: as tentativas de dirigir a criação artística às coisas do mundo, à natureza e à realidade urbana.
Cada vez mais as obras articulam diferentes modalidades de arte – dança, música, pintura, teatro, escultura, literatura etc. – desafiando as classificações habituais e colocando em questão a própria definição de arte.
As relações entre arte e vida cotidiana, assim como o rompimento das barreiras entre arte e não-arte constituem preocupações centrais para a performance (e para parte considerável das vertentes contemporâneas, por exemplo arte ambiente, arte pública, arte processual, arte conceitual, land art, etc.), o que permite flagrar sua filiação às experiências realizadas pelos surrealistas e sobretudo pelos dadaístas.
As performances conhecem inflexões distintas no interior do grupo Fluxus. As exibições organizadas por Georges Maciunas (1931-1978), entre 1961 e 1963, dão uma projeção inédita a essa nova forma de arte. Os experimentos de Nam June Paik (1932-2006), assim como os de John Cage (1912-1992) – por exemplo, Theather Piece # 1, 1952 -, que associam performance, música, vídeo e televisão, estão comprometidos com a exploração de sons e ruídos tirados do cotidiano, desenhando claramente o projeto do Fluxus de romper as barreiras entre arte/não-arte.
O nome de Joseph Beuys (1921-1986) liga-se também ao grupo e à realização de performances – nome que ele recusava, preferindo o termo “ação” – que se particularizam pelas conexões que estabelecem com um universo mitológico, mágico e espiritual.
Trabalhos muito diferentes entre si, realizados entre 1960 e 1970, aparecem descritos como performances, o que chama a atenção para as dificuldades de delimitar os contornos específicos dessa modalidade de arte.
Por exemplo, em contexto anglo-saxão, Gilbert & George (Gilbert Proesch, 1943, e George Passmore, 1942) conferem novo caráter às performances utilizando-se do conceito de escultura viva e da fotografia que pretende rivalizar com a pintura.
Uma ênfase maior no aspecto ritualístico da performance é o objetivo das intervenções do grupo de Viena, o Actionismus, que reúne:
Um diálogo mais decidido entre performance e a body art pode ser observado em trabalhos de Bruce Nauman (1941), Schwarzkogler e Vito Acconci (1940-2017).
As performances de Acconci são emblemáticas dessa junção: em Trappings (1971), por exemplo, o artista leva horas vestindo o seu pênis com roupas de bonecas e conversando com ele. Em Seedbed (1970), masturba-se ininterruptamente.
De 14 de março a 31 de maio de 2010, o Museu de Arte Moderna realizou uma grande retrospectiva e uma performance recreativa da obra de Abramović, a maior exposição de arte performática da história do MoMA, com curadoria de Klaus Biesenbach que também forneceu o título para a performance, que se referia ao fato de que durante toda a apresentação “a artista estaria bem ali na galeria ou no museu”.
Muitas vezes, em comparação com as pinturas de “ejaculação” de Pollock, Kubota aumentou ainda mais os limites. De fato, ao espalhar tinta vermelha em uma tela branca, sendo o pincel seu órgão sexual, o artista não queria apenas representar o ciclo menstrual feminino, mas questionou todo o significado por trás de ser uma artista feminina. A cena artística da década de 1960, controlada principalmente por homens, o trabalho de Shigeko Kubota explicitamente discutiu os gêneros na arte, redefinindo a “utilidade” do corpo feminino.
O desempenho Schneemann confrontou o público com os tabus que o corpo humano nu representava. A libertação sexual dos anos 60 permitiu que mulheres artistas assumissem o controle de seu corpo, mas quando expostas em sua forma mais crua, o corpo era visto como pornográfico. Carolee Scheenmann, foi muitas vezes o alvo desses críticos, como seu corpo nu era objeto e assunto de sua arte.
Embora ela nunca negasse essas acusações, ela explicou que queria mostrar sua própria percepção de seu corpo. Schneemann manteve cada uma de suas performances gravadas, e empurrou o limite de sua arte no curta-metragem self-made Fuses (1965), representando a si mesma e seu parceiro, realizando o ato de amor.
No Brasil, Flávio de Carvalho (1899-1973), foi um pioneiro nas performances a partir de meados dos anos de 1950 (por exemplo a relatada no livro Experiência nº 2). O Grupo Rex, criado em São Paulo por:
realiza uma série de happenings, por exemplo, o concebido por Wesley Duke Lee, em 1963 no João Sebastião Bar (alguns críticos apontam parentescos entre o Grupo Rex e o movimento Fluxus).
A produção de Hélio Oiticica (1937-1980) dos anos de 1960 – por exemplo os Parangolés – guardam relação com a performance, por sua ênfase na execução e no “comportamento-corpo”, como define o artista. Nos anos 1970, chama a atenção as propostas de Hudinilson Jr. (1957-2013). Na década seguinte, devemos mencionar as Eletro performances, espetáculos multimídia concebidos por Guto Lacaz (1948).
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