Uma breve história do amarelo na arte
A cor do nascer do sol
O amarelo é um dos mais antigos pigmentos da história da arte. Inicialmente, era produzido a partir da argila, e muito utilizado pelos povos paleolíticos, como mostram as figuras contidas nas paredes da caverna de Lascaux, na França. Estima-se que uma das mais famosas figuras da caverna de Lascaux, um cavalo colorido em amarelo ocre, tenha cerca de 17.300 anos [foto acima].
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Para os antigos egípcios e romanos, o amarelo estava, semelhantemente ao azul, associado à riqueza e acreditava-se que as peles e ossos dos deuses eram feitos de ouro. O amarelo é frequente nas tumbas egípcias e nos murais de Pompéia.
A tradição medieval afirma que o discípulo Judas Iscariotes, ao trair seu mestre, Jesus Cristo, vestia uma toga amarela – ainda que a Bíblia não descreva a cor de seu traje. Assim, o amarelo passou a ser associado à heresia e inveja, e servia para distinguir cidadãos não-cristãos (em especial, judeus). Esta associação perdurou ao longo da Renascença e retornou posteriormente, no século 20, quando os judeus da Alemanha nazista teriam a Estrela de Davi amarela como distintivo.
Entre os séculos 18 e 19, o pigmento amarelo passou a ser produzido utilizando arsênio, urina de vaca e outras substâncias. A cor estava entre as favoritas dos pintores românticos como Jean-Honoré Fragonard e William Turner.
Vincent Van Gogh nutria uma particular afeição pela cor amarela. Em 1888, o pintor escreveu a sua irmã: “Agora estamos tendo um belo calor, um tempo sem vento que é benéfico para mim. O sol, uma luz que, por falta de uma palavra melhor, posso chamar de amarelo, amarelo brilhante, ouro pálido. Que lindo é o amarelo!” [1]
Referência:
[1] Stefano Zufti (2012). Color in Art, pp-96-97